terça-feira, 26 de abril de 2022

GRANDE RIO VENCE CARNAVAL 2022

Grande Rio leva título pela primeira vez e é campeã no Rio de Janeiro
Seis primeiras escolas classificadas retornarão à Marquês de Sapucaí no sábado (30/4), no desfile das campeãs


O grito de “é campeão” das arquibancadas se concretizou. A Grande Rio, de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, conquistou o título inédito de campeã do Carnaval do Rio de Janeiro. O enredo “Fala, Majeté! As Sete chaves de Exu!” desmitificou o senso comum sobre Exu, uma das entidades mais louvadas das religiões de matriz africana.

A agremiação já quase conquistou o posto em 2020, 2010, 2007 e 2006, ficando em segundo lugar. A disputa foi com a Beija-Flor, de Nilópolis, por décimos.

A Viradouro, campeã do último carnaval (2020, antes da pandemia), ficou em terceiro. Em quarto apareceu a Vila Isabel, seguida de Portela, Salgueiro e Mangueira que ficou em sétimo e não participará do desfile das campeãs.

A São Clemente foi a escola rebaixada para a série ouro no próximo ano.

A  cerimônia de apuração, que teve início com aproximadamente 30 minutos de atraso na Praça da Apoteose, foi comandada pelo presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Perlingeiro, que anuncia as notas há pelo menos 30 edições do carnaval carioca.

GRANDE RIO CAMPEÃ PELA PRIMEIRA VEZ

A Grande Rio é a grande campeã do carnaval 2022. A escola foi a penúltima escola a passar pela Sapucaí, nas primeiras horas do domingo 24, com um desfile para apresentar e desmistificar o orixá Exu, o mensageiro entre o mundo espiritual e os seres humanos.

Os trajes e outros elementos mostraram um visual mais rústico, com retalhos, materiais recicláveis e alternativos como o papelão. A comissão de frente apresentou um ator escalando um enorme globo e alcançando o "topo do mundo".


A escola, como sempre, trouxe celebridades como Monique Alfradique (representando uma faísca), Bianca Andrade (Joãozinho Trinta), Pocah, David Brasil, Gil do Vigor e a rainha da bateria, a espetacular Paolla Oliveira (Pombagira, a representação feminina de Exu).

Além de desmistificar o orixá, a escola demonstrou que ele está ligado à transformação. Para isso, contou a história de figuras excluídas, como Bispo do Rosário, Estamira e Stela do Patrocínio. Eles transformaram o lixo em arte e em uma forma de sobrevivência.


Exu também esteve representado nos grupos bate-bolas, nos afoxés, nas folias de reis e no bloco Seu Sete da Lira, que desfilou pelas ruas do Rio. Para isso, não faltaram os desempenhos em todas as alegorias e alas.

Entre os carros alegóricos do Grande Rio, um foi uma reencenação do que era visto com frequência nos carnavais dos anos 60 e 70: uma ala de pandeiros, com músicos tocando e fazendo malabarismos rodeados de dançarinos.

O terceiro carro mostrou cabarés, cassinos, boates e outros lugares marcados por paixões intensas. O quinto e último carro percorreu a avenida deixando clara a importância da reciclagem, todo seu visual era composto por sobras de materiais utilizados no desfile.


Confira o samba e abaixo, o desfile completo da campeã:

"Fala Majeté! Sete Chaves de Exú" (Sete Chaves de Exú)
Autores: Gustavo Clarão, Arlindinho Cruz, Jr. Fragga, Claudio Mattos, Thiago Meiners e Igor Leal
Interprete: Evandro Mallandro

Boa noite, moça, boa noite, moço...
Aqui na terra é o nosso templo de fe
"Fala, Majeté!
Faísca da cabaça de Igbá
Na gira... Bombogira, aluvaiá!
Num mar de dendê...caboclo, andarilho, mensageiro
Das mãos que riscam pemba no terreiro
Renasce Palmares, Zumbi Agbá!
Exu! O Ifá nas entrelinhas dos Odus preceitos, fundamentos, Olobé
prepara o padê pro meu axé
Exu Caveira, Sete Saias, Catacumba
É no toque da macumba, saravá, alafiá!
Seu Zé, malandro da encruzilhada
Padilha da saia rodada... ê Mojubá!
Sou Capa Preta, Tiriri, sou Tranca Rua
Amei o sol, amei a lua, Marabô, Alafiá!
Eu sou do carteado e da quebrada
Sou do fogo e gargalhada... ê Mojubá!
Ô, luar, ô, ô, luar... catiço reinando na segunda-feira
Ô, luar... dobra o surdo de terceira
Pra saudar os guardiões da favela
Eu sou da Lira e meu bloco é sentinela
Laroyê, laroyê, laroyê!
É poesia na escola e no sertão
A voz do povo, profeta das ruas
Tantos estames daquele garoto
laroyê, laroyê, laroyê!
As sete chaves vêm abrir meu caminhar
À meia-noite ou no sol do alvorecer... Pra confirmar:
Adakê Exu, Exu, ê, Odará!
Ê bará ô, Elegbará!
Lá na encruza, a esperança acendeu
Firmei o ponto, Grande Rio sou eu!
Adakê Exu, Exu, ê, Odará!
Ê bará ô, Elegbará!
Lá na encruza, onde a flor nasceu raiz
Eu levo fé nesse povo que diz: