A DOR DE PERDER UM FILHO AINDA BEBÊ
É escutar a pior notícia da vida:
- Não encontramos batimentos!
- Sinto muito, seu filho não resistiu.
É acordar e perceber que não é um sonho, é mesmo um pesadelo.
É chorar a cada chuva, imaginando seu bebê em baixo da terra.
É ter raiva dos coveiros.
É recomeçar mesmo sem saber qual caminho seguir.
É sentir-se inferior à outras mães por não ter conseguido manter vivo o milagre da existência.
É todo dia tomar um remédio chamado tempo.
É alimentar-se de lágrimas.
É saber que isso acontece com muitas pessoas, mas não sentir alívio por não estar sozinha.
É lembrar do nosso anjo em cada situação vivida.
É imaginar como ele estaria hoje.
É chorar ao ver uma mãe com um bebê no colo.
É viver construindo infinitos.
É viver com a sensação de estar faltando um pedaço de nós.
É precisar do consolo, e ter ódio dele.
É sentir solidão, porque já havíamos nos acostumado com a certeza da companhia.
É descobrir sentimentos que não imaginávamos que existiam.
É procurar a causa da perda mesmo quando não há como encontrar.
É viver alternando fases de não desejar mais ter filhos com outras de querer conceber imediatamente.
É ter acreditado que com nós não aconteceria esse imprevisto e perceber que essa sensação de proteção é falsa.
É lembrar eternamente quem não foi ao enterro e julgar essa pessoa como sem coração.
É não aceitar que ninguém sorria no período que perdemos, mesmo quem nem nos conhece pela rua! pois não entendemos que o inferno está só em nosso mundo.
É conhecer mulheres que engravidaram na mesma época e observar seus bebês no colo e ficar triste porque o seu não está ali.
É conviver com o sofrimento solitário, apesar do apoio da família e dos amigos.
É viver com metade do coração na terra e outro no céu.
É não suportar ouvir que "ELE É UM ANJO", "JÁ COMPLETOU A MISSÃO DELE", ELE TINHA UM PROPÓSITO POR VOCÊ"... Não quero que meu filho sofra ou morra por mim nem por ninguém!
É ter que encarar de frente a sensação de incompetência, mesmo que não tenhamos culpa.
É exercitar a paciência e a fé para esperar o que Deus tem reservado para nós.
É descobrir que somos mais fortes do imaginávamos.
É conviver com palavras de conforto e palpites.
É Morrer estando viva!