Quanto mais alguém se conhece de verdade
Mais à vontade se sente para mudar
E não significa ir com a Maré
É sobre se tornar o próprio mar
E reparar que a previsão deste mesmo mar
Nunca igual
Por isso é preciso ver além de água e sal
Para enxergar como transparência
E quanto maior a profundidade é menos aparente
Mas como a gente também não é feito de aparência às mudanças que acontecem vem intermitentemente
Vem para manter a nossa essência
“Eu levo um mar dentro de mim”
Assim tendo tantas possibilidades que carregam
Uma só mulher
Eu tenho meus instantes de Fúria
Eu tenho uns dias que recuo
Outros tantos em que transbordam
Oscilo com a Lua
Tenho noites em que não durmo
Amanhã vem e não acordo
Às vezes decido que não quero ver ninguém
Mas quando a solidão começa a ficar imprevisível
Um vento invisível marca presença
E devolve uma força intensa
Mesmo quando brinco no raso
E por natureza sou profunda
Por ser imensa
Quanto mais o tempo passa, mais entendo
Mesmo se tornando cada vez mais diferente
Eu faço as pazes com o relógio de Areia
E é justamente essa paz que me faz tão bonita
Quando me perguntam a minha idade
EU falo a verdade
EU levo um mar dentro de mim
EU sou infinita
Em que momento a gente para de aprender
E começa apenas a envelhecer?
Talvez quando insiste em permanecer igual
Por medo de não se reconhecer
Por isso não confunda
Ser a mesma pessoa como se repetir
Para não perder sua essência
Leve um mar dentro de si
Michele Sório