quinta-feira, 30 de junho de 2022

“Eu levo um mar dentro de mim” por Michele Sório


 Quanto mais alguém se conhece de verdade

Mais à vontade se sente para mudar

E não significa ir com a Maré 

É sobre se tornar o próprio mar

E reparar que a previsão deste mesmo mar

Nunca igual 

Por isso é preciso ver além de água e sal

Para enxergar como transparência

E quanto maior a profundidade é menos aparente

Mas como a gente também não é feito de aparência às mudanças que acontecem vem intermitentemente

Vem para manter a nossa essência

“Eu levo um mar dentro de mim”

Assim tendo tantas possibilidades que carregam

Uma só mulher

Eu tenho meus instantes de Fúria

Eu tenho uns dias que recuo

Outros tantos em que transbordam

Oscilo com a Lua

Tenho noites em que não durmo

Amanhã vem e não acordo

Às vezes decido que não quero ver ninguém

Mas quando a solidão começa a ficar imprevisível

Um vento invisível marca presença

E devolve uma força intensa

Mesmo quando brinco no raso

E por natureza sou profunda

Por ser imensa

Quanto mais o tempo passa, mais entendo

Mesmo se tornando cada vez mais diferente

Eu faço as pazes com o relógio de Areia

E é justamente essa paz que me faz tão bonita

Quando me perguntam a minha idade

EU falo a verdade

EU levo um mar dentro de mim

EU sou infinita

Em que momento a gente para de aprender

E começa apenas a envelhecer?

Talvez quando insiste em permanecer igual

Por medo de não se reconhecer

Por isso não confunda

Ser a mesma pessoa como se repetir

Para não perder sua essência

Leve um mar dentro de si

Michele Sório