Falar o que desta mulher? Assim como tantas outras que passam pelas agruras desta doença que mata e mutila tantas pessoas e mulheres principalmente, Kalinny Salgado (45) que está encarando um tratamento agressivo mas já com bons resultados, vem passar sua experiência (nada agradável) e contar um pouco de sua história.
Nascida em São Gonçalo, está em Maricá há 40 anos. Com ensino médio completo, Kalinny é cuidadora de idosos, há 8 anos, é casada e tem dois filhos, um com 24 anos e o mais novo com 16.
Kalinny confessa ao jornalista Pery Salgado, que nunca havia feito uma mamografia, embora todos os anos venha exames preventivos, além do exame de auto toque em sua residência, normalmente durante o banho. E foi justamente este simples exame (que todas as mulheres, independente de idade deveriam fazer diariamente) que ajudou a salvar a vida de Kalinny, como ela explica a seguir:
KALINNY: Primeiro, muito grata por estar falando sobre meu problema e poder de alguma ajudar outras mulheres a amenizar esta enorme dor. Bom, em setembro de 2021 eu senti uma dorzinha na axila e pensei que fosse por fazer força nos exercícios da academia. Apalpei e senti um caroço no seio direito. Eu estava de férias e planejando viajar com minha família. Parece que eu estava adivinhando o que vinha pela frente e me concentrei na viagem, me diverti e estava em paz.
Como eu tinha médico marcado pra início de outubro eu esperei, mas quando fui ao médico eu já estava desesperada. A médica tentando me acalmar, me passou mamografia, que eu fiz no dia seguinte. Cheguei para fazer a mamografia desesperada e chorando e para me deixar mais ansiosa, o resultado foi inconclusivo, mas sugeria um caso suspeito e precisaria fazer uma ultra e uma biópsia.
Fiz tudo e a espera em novembro, foram uns dos piores dias que eu passei, mês do meu aniversário de 45 anos, eu estava cheia de planos para o meu aniversário, mas louca enquanto o resultado não saia.
KALINNY: Nossa, o primeiro impacto é de medo, de não saber sobre nosso futuro, de não pode mais programar a vida com as coisas mais básicas... eu pensei logo nos meus filhos!!! No dia 12 de novembro saiu o resultado: POSITIVO. Confesso que eu já sentia que ia ser positivo, mas foi um choque, eu desabei e fiquei mal por alguns dias, me desesperava escondida da minha família e dos meus amigos. Eu não queria preocupar ninguém e comemorei meu aniversário mesmo com essa tormenta na minha vida, tentei ir lavando a vida normal na medida do possível!!!
Eu nunca tive medo da morte e não tenho. Tenho medo sim de sofrer e ter que depender dos outros. Minha preocupação é o sofrimento das pessoas que eu amo.
Então do diagnóstico até iniciar o tratamento, foi tudo muito rápido. Em 25 de novembro eu já estava em consulta e já encaminhada para fazer mais exames e com a quimioterapia já marcada.
Muita preocupação mas a gente vai se familiarizando com a situação, conversa com os médicos, faz inúmeros pesquisas e acaba se acalmando de alguma forma.
Meu tipo de câncer é um mais agressivo e que pode criar metástase, mas graças a Deus meus exames estavam ótimos e o câncer não foi para outros órgãos. Eu tenho muita fé e entendi que poderia ser muito pior, mas não é. Eu vejo caso de pessoas totalmente destruídas por esta doença e eu não estou assim. Vejo muitos casos de cura também.
A primeira quimioterapia foi em 21 de dezembro, não pude fazer antes por que estava gripada. Os efeitos colaterais até que não foram muitos, graças a Deus.
KALINNY: Com certeza é isso, é uma provação, quase como um teste de limites, mas que sim, é possível passar por tudo isso. Não é nada fácil, mas não é impossível e também não é o pior dos diagnósticos.
Uma coisa muito difícil de lidar nisso tudo, é a questão do cabelo, foi muito difícil e ainda é, mas como não tem jeito "né?"... Eu tenho que levar da melhor maneira que eu consigo. Uso lenços e já estou indo a alguns lugares careca mesmo, logo logo não vou mais usar o lenço!!!
KALINNY: Dentro do quadro, até que não. Continuo fazendo meus exercícios na academia e na hidroginástica. Além de ajudar meu corpo, é bom para amente também. Já que eu não posso mais ficar saindo com tanta frequência, pois tenho que evitar ficar perto das pessoas, por causa da minha imunidade, tento me distrair do jeito que dá, tento ir vivendo o mais normal possível, dentro dos meus limites, mas estou indo bem, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Estou tranquila, calma e com uma fé inabalável.
KALINNY: Sou católica. Sempre tive muita fé, mas não sabia o quão grande era minha fé. Claro que os problemas nos aproximam muito mais de Deus e me sinto em paz, tranquila.
KALINNY: Não, comecei a engordar depois da segunda gestação e depois que minha faleceu. Foi uma baque, mexeu muito comigo. Isso já faz uns 15 anos, meu filho mais novo tem 16.
Outra coisa muito importante, é o apoio, o carinho e o amor das pessoas. Isso é um dos motivos fundamentais para dar força e não deixar se afundar em pensamentos negativos e no medo. Graças a Deus, minha família e meus amigos estão muito presentes, mesmo de longe. É um incentivo gigantesco a gente saber que é amado e que muitas pessoas se importam com a minha dor. Eu tive surpresas maravilhosas, pessoas que eu nem imaginava me apoiando, orando por mim, assim como vocês, que estão aqui me dando voz.
Sou muito grata a Deus, minha família, meus amigos, meus médicos e enfermeiras e à vocês. Torçam por mim, grata pela oportunidade e quero em breve estar voltando aqui para uma nova matéria, falando da minha cura. Um beijo à todos!
CULT: Nós que agradecemos o exemplo de força e vida. Torcemos muito por você!