"Eu poderia começar esta carta, tempos depois de tudo que o vivemos, dizendo que aprendi coisas com a nossa história que escola nenhuma ensina.
Aprendi a desconfiar, a não me entregar com tudo porque o amor machuca, aprendi que pessoas mentem sem a menor culpa, e também que mesmo depois de anos, não conhecemos alguém de verdade.
Mas, não foi só isso que eu aprendi. As mentiras, e a falta de lealdade - que para mim, doem muito mais do que a falta de fidelidade -, me fizeram ver o quanto eu não confiava em mim.
Hoje consigo perceber que não foi você quem me ensinou sobre não acreditar, confiar e a ser desleal. Fui eu mesma. Percebo que fui desleal a mim quando insisti em algo que me fazia mal. Que não confiei em mim quando minha intuição berrava que aquilo tudo que eu estava vivendo não era para mim.
Eu poderia sim te culpar por tudo. Mas eu escolhi estar ali. Assim como também escolhi sair, pedir ajuda, e aprender, tanto quanto se aprende inglês, a me amar, cuidar e confiar.
Não foi culpa sua. Muito menos minha. Eu estava sem afeto pela minha vida. Eu me rejeitei. Eu me maltratei. E aí, eu atrai você.
Então, sinto muito por tudo. E eu também digo que te perdoo por tudo. Porque hoje eu me perdoo, me amo, confio, e sou leal a mim.
Doeu. Mas passou. E agora não vai mais doer porque antes de amar alguém, eu tenho muito, mas muito amor por mim.”