Abaixo trazemos um relato detalhado de uma leitora do CulturarTEEN (CULTURARTE), pela traição pela qual passou, mostrando que o sofrimento normalmente é muito grande, mas que ela soube superar, se amou, se respeitou e venceu. Se reconstruiu!
- Meu marido me deu a amante dele de "presente" no dia da Mulher.
No dia 8 de Março de 2018 recebi um telefonema no meu fixo.
"Alô, a Anne se encontra?"
Respondi: Oi, é ela mesma.
E do outro lado: "Sou a Marly, e ganhei de presente do seu marido uma máquina Electrolux inox de 15 quilos. Gratificação pelo boquete delicioso que faço nele, todas as noites que ele fala para você, que vai visitar um cliente depois do trabalho."
Minhas pernas amoleceram na hora, porque eu já tinha uma suspeita que ele estava me traindo, mas não achei que saberia dessa forma.
Diante da dor, mantive a classe e falei “Marly, isso foi um ótimo presente, você vai usá-la muito, porque hoje mesmo vou te mandar uma trouxa de roupa suja dele para você lavar”.
Desliguei o telefone e caí no choro. Fiquei uns 30 minutos deitada no chão da sala, vendo minha vida passar em um filme.
Pensei... E agora? Ou eu aceito essa situação para sempre ou eu dou um basta nela.
Levantei do chão, encarei o chuveiro de roupa e tudo para "refrescar a cabeça".
Lembrei do sofrimento da minha mãe contando, quando a amante do meu pai chegou na porta da nossa casa dizendo "Cadê o Airton? Vim trazer a filha dele pra conhecer."
Meu pai engravidou a amante e sumiu. Ela descobriu e para se vingar contou tudo para minha mãe. Ou seja, a diferença da minha irmã para mim é de apenas 4 meses. Nascemos no mesmo ano.
Minha mãe sempre foi muito submissa. Perdoou meu pai e aceitou a vida dupla que ele levava. Meu pai dormia dia sim e dia não em casa e toda vez que ele não voltava do serviço minha mãe sabia que ele estava na casa da outra. Eu vi minha mãe adoecendo até morrer amargurada.
Na hora veio a imagem da minha mãe, fechando o portão tarde da noite e dizendo pra mim e para meus irmãos "Seu pai precisou ficar no serviço”. Eu a via engolindo o choro para não demonstrar a sua profunda tristeza.
Saí do banheiro decidida, fui na dispensa passei a mão numa embalagem de saco de lixo, fui até o quarto, abri o guarda roupa na parte dele e comecei a colocar tudo dentro dos sacos. Fui na lavanderia e toda roupa suja que eu achei, coloquei dentro também.
Liguei pra minha irmã comunicando "Descobri uma traição e estou me separando hoje." Ela ficou assustada e disse "estou indo aí". Eu falei "Agora não, eu tô bem, vou precisar do seu colo depois." Ela respeitou minha vontade e disse que ficaria no aguarde da minha ligação.
Liguei pra ele "Jonathas sua amante me ligou pra agradecer o presente do dia da Mulher que você deu pra ela. Nada mais justo ela estrear a lavadora, lavando suas roupas imundas igual você. Vem buscar suas coisas porque tenho compromisso daqui a pouco."
Ele começou a gaguejar, dizendo que poderia me explicar tudo. Que ele estava indeciso, estressado com o trabalho e confuso, por isso acabou se envolvendo. Mas, que a tal não significava nada para ele e blá blá blá...
Eu repeti mais uma vez "Vem buscar suas roupas" e desliguei.
Em menos de 30 minutos ele chegou, chorando com a mão na cabeça, ajoelhando nos meus pés, pedindo perdão. Nessa hora eu tive que ser uma fortaleza e mais fria que um iceberg. Pensar com a razão.
"Levanta-se daí, você escolheu jogar 6 anos de casamento fora. E eu escolhi dar uma força para você. Suas coisas estão nos fundos, pega agora e saia da minha casa. Sobre o divórcio, meu advogado vai entrar em contato."
Mantive meu auto controle. Não gritei e nem fiz drama. E muito menos fiquei questionando sobre a vida dela. Ela era uma desconhecida, e eu preferi que ela permanecesse assim.
Ele começou a surtar, falou que morreria sem mim. Que ele foi um idiota. Que ela era apenas um caso de 3 meses e nada mais. Eu virei as costas entrei no quarto e me tranquei. Ele ficou batendo na porta. Falando que não iria embora. Gritava pela casa toda que me amava. Pegou o álbum de casamento, sentou no chão e começou a passar as fotos por debaixo da porta. Uma forma de afetar meu psicológico.
Liguei para o meu irmão, contei o que havia acontecido e pedi ajuda. Meu irmão foi junto com o cunhado dele, bateu na porta e eu saí do quarto para abrir a porta. Quando ele me viu saindo agarrou minhas pernas chorando e pedindo perdão.
Com muito custo me livrei e abri a porta para meu irmão entrar.
Meu irmão me fez uma única pergunta "Não quero me intrometer no seu casamento. É isso mesmo que você quer?"
Eu respondi: "Sim, é isso mesmo. Ajude-o a colocar as coisas dele para fora."
Meu irmão disse pra ele: "Jonathas, por favor, respeite a decisão dela."
Ele então, foi até aos fundos e pegou as coisas dele.
Quando ele saiu, eu desabei... Chorei igual criança nos braços do meu irmão.
Mas, mantive minha decisão até ao fim.
Nesse mesmo dia, minha irmã dormiu em casa. E no outro me ajudou a trocar as fechaduras das portas, desvincular as contas conjuntas e a queimar todas as fotos dele que estava na casa. Enfim, ela foi me ajudando a recomeçar o meu emocional do zero.
Um ano se passou e nesse intervalo ele tentou por várias vezes reatar o casamento. Todas em vão. A amante não aguentou 2 meses. Ele acabou voltando para a casa da mãe e depois acho que alugou um apartamento com um amigo.
E eu? Estou muito bem, obrigada!
Me reconstruí!
Eu tive escolha, entre sofrer e ser feliz.
Eu optei por ser feliz, graças a Deus!
Traição pra mim não tem perdão, porque você tem escolha de trair ou não.
Se optou trair, fique preparado também para consequências irreversíveis.
Sei que para alguns, falar de sofrimento fica parecendo vitimização, mas achei que seria de grande motivação e encorajamento para muitas mulheres que sofrem ou já sofreram o que eu passei.
Não aceite migalhas ou menos que você merece. Não incentive a coleguinha a rastrear os passos do namorado, marido ou seja lá o que ele for. Isso não é EXERCITAR amor próprio. Sabe o que é isso? Entrar em um buraco negro, que não tem fim e você só se desgasta emocionalmente porque fica esperando sempre que ele cometa um erro, vigiando seus passos, sem ter certeza se está ou não errando.
A paranoia começa a fazer parte do seu dia a dia. Confie no SEU potencial, se algo não está certo mais cedo ou mais tarde as coisas ficarão transparentes e caberá a você aceitar ou seguir.
Seja dona de si, se ame e ame! Ame sim. Mas ame com consciência que você está em primeiro lugar, SEMPRE!!!
Produção e edição: Pery Salgado