Uma vez, ouvi de uma pessoa querida, que sofria ao me ver penando por não me encaixar em determinados grupos e padrões, "Flavia, vai procurar a sua turma!"
Assim, parece uma frase grosseira. Mas foi um tratamento de choque. Na verdade, um "start" na minha vida. Eu compreendi e assim fiz.
Fechei ciclos, afastei-me de pessoas, tudo delicadamente. Rompi relacionamentos. Mudei de religião e de emprego. Deixei de ir a lugares onde eu não podia ser eu e que, por isso, eram tóxicos e me faziam muito mal.
Abracei sinceros amigos, aqueles que me amam como sou. Assumi meus defeitos e minhas virtudes, porém, entendi, sobretudo, o que, de fato, me emocionava. Trabalho, bons filmes, boa música, bons livros, papo cabeça ou besteirol com quem eu me sentia à vontade, bons vinhos e muita terapia me salvaram da obrigatoriedade do ecletismo sem identidade e do encaixe em modelos de comportamento e de pensamento nos quais eu não acreditava.
Não perdi amigos. Pelo contrário. Fortaleceram-se os laços sinceros. Para quem acha ruim viver na própria "bolha", acredite, eu adoro. Experimente a dor da clausura de corresponder a expectativas alheias.
A vida é muito curta para ser tão dolorida.
(Texto meu. Real. Verdadeiro. Não é ficção)
Flávia Gomes - Colunista na empresa Jornal Daki, Proprietária na empresa Acessorizza e no Colégio Municipal Ernani Faria