A síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune grave em que o próprio sistema imunológico passa a atacar as células nervosas, levando à inflamação nos nervos e, consequentemente, fraqueza e paralisia muscular, podendo ser fatal.
A síndrome tem progressão rápida e a maioria dos pacientes recebe alta após 4 semanas, no entanto o tempo de recuperação total pode demorar meses ou anos. A maioria dos pacientes se recupera e volta a andar após 6 meses a 1 ano de tratamento, mas existem alguns que tem maior dificuldade e que precisam de cerca de 3 anos para se recuperar.
Principais sintomas
Os sinais e sintomas da síndrome de Guillain-Barré podem se desenvolver rapidamente e pioram ao longo do tempo, podendo deixar a pessoa paralisada em menos de 3 dias, em alguns casos. No entanto, nem todas as pessoas desenvolvem sintomas graves, podendo apresentar fraqueza nos braços e nas pernas. De forma geral, os sintomas da síndrome de Guillain-Barré são:
Fraqueza muscular, que geralmente começa nas pernas, mas depois atinge os braços, diafragma e também os músculos da face e da boca, prejudicando a fala e a alimentação;
- Dor nas pernas, quadril e nas costas;
- Palpitações no peito, coração acelerado;
- Alterações da pressão, podendo haver pressão alta ou baixa;
- Dificuldade para respirar e para engolir, devido à paralisia dos músculos respiratórios e digestivos;
- Dificuldade em controlar a urina e as fezes;
- Medo, ansiedade, desmaio e vertigem.
Quando o diafragma é atingido, a pessoa pode começar a sentir dificuldade para respirar, e neste caso é recomendado que a pessoa seja ligada a aparelhos que ajudem a respirar, já que os músculos respiratórios não funcionam corretamente, podendo resultar em asfixia.
O que causa a síndrome de Guillain-Barré
A síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune que acontece principalmente devido a infecção, sendo muitas vezes consequência da infecção pelo Zika vírus. Esse vírus pode comprometer o funcionamento do sistema imune e do sistema nervoso, resultando no aparecimento dos sinais e sintomas característicos da doença.
Devido às alterações no sistema imune, o organismo passa atacar o próprio sistema nervoso periférico, destruindo a bainha de mielina, que é a membrana que recobre os nervos e acelera a condução do impulso nervoso, originando os sintomas.
Ao perder a bainha de mielina, os nervos ficam inflamados e isto impede que o sinal nervoso seja transmitido para os músculos, levando a fraqueza muscular e a sensação de formigamento nas pernas e nos braços, por exemplo.
Vacina da COVID-19 pode causar a síndrome?
De acordo com documentos publicados pela FDA nos Estados Unidos [1], a vacina produzida pelo laboratório Janssen, da Johnson & Johnson, parece aumentar o risco de desenvolver a síndrome de Guillain-Barré nos primeiros 42 dias após a vacinação. Porém, esta complicação continua sendo muito rara e não é considerada uma contraindicação para a vacinação.
O aumento do risco de desenvolver Guilain-Barré não acontece em outras vacinas como a da Moderna ou da Pfizer.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico da síndrome de Guillain-Barré nos estágios iniciais é difícil, pois os sintomas são semelhantes a diversas outras doenças em que há comprometimento neurológico.
Assim, o diagnóstico deve ser confirmado por meio da análise dos sintomas, exame físico completo e realização de exames como punção lombar, ressonância magnética e eletroneuromiografia, que é um exame feito com o objetivo de avaliar a condução do impulso nervoso. Saiba como é feito o exame de eletroneuromiografia.
Todos os pacientes diagnosticados com síndrome de Guillain-Barré devem permanecer internados no hospital para serem devidamente acompanhados e tratados, porque quando esta doença não é tratada, pode levar à morte devido à paralisia dos músculos.
Como é feito o tratamento
O tratamento para a Síndrome de Guillain-Barré tem como objetivo aliviar os sintomas e acelerar a recuperação, devendo o tratamento inicial ser feito no hospital e continuado após a alta com sessões de fisioterapia.
Normalmente, o tratamento hospitalar é feito com:
1. Plasmaférese terapêutica
A plasmaférese é um tipo de tratamento que consiste na filtração do sangue com o objetivo de remover o excesso de substâncias que podem estar causando a doença. No caso da Síndrome de Guillain-Barré, a plasmaférese é feita com o objetivo de remover o excesso de anticorpos que estão atuando contra o sistema nervoso periférico e causando os sintomas da doença.
O sangue filtrado é, então, devolvido ao organismo, que é estimulado a produzir anticorpos saudáveis, aliviando, portanto, os sintomas da doença. Entenda melhor como é feita a plasmaférese.
2. Injeção de imunoglobulina
O tratamento com imunoglobulina consiste na injeção diretamente na veia de anticorpos saudáveis que atuam contra os anticorpos que estão causando a doença. Dessa forma, o tratamento com imunoglobulina se torna eficaz porque promove a destruição dos anticorpos que estão atacando o sistema nervoso, aliviando os sintomas.
Tratamento com fisioterapia
A fisioterapia é importante na síndrome de Guillain-Barré porque promove a recuperação das funções musculares e respiratórias, melhorando a qualidade de vida. É importante que a fisioterapia seja mantida por 1 ano ou mais após a alta, até que se recupere o máximo de capacidades.
O acompanhamento de um fisioterapeuta com exercícios diários realizados com o paciente é necessário para estimular a movimentação das articulações, melhorar amplitude de movimento, manter a força muscular e prevenir complicações respiratórias e circulatórias. Sendo que, para a maioria dos pacientes, o principal objetivo é voltar a andar sozinho.
Sinais de melhora e piora
Os sinais de melhora da Síndrome de Guillain-Barré começam a surgir cerca de 3 semanas após o início do tratamento, no entanto a maioria dos pacientes só recupera o controle de seus movimentos após 6 meses.
Já os sinais de piora acontecem quando o tratamento não é iniciado e podem demorar até 2 semanas para aparecer após o surgimento dos primeiros sintomas. Incluem dificuldade para respirar, alterações repentinas da pressão arterial e incontinência, por exemplo.