Ela é linda, curvas perfeitas, a começar pelo sorriso. Modelo já bastante reuisitada por várias marcas, agora tem a sua própria. Alexia Lorena (23) carioca, modelo fotográfica, estudante de marketing e dona de uma marca de moda intima chamada Lorena Martins, foi convidada pelo CulturarTEEN para contar um pouquinho sobre como iniciou a sua marca e falar de sua vida e carreira. Com vocês, a top ALEXIA LORENA:
ALEXIA: Nossa que honra e quanta alegria ao receber este convite do produtor e jornalista Pery Salgado. Fui convidada para contar um pouquinho sobre como iniciei minha marca e falar um pouquinho de minha vida e carreira, e já vou dando um spoiler, eu cometi muitos erros até encontrar o caminho certo que ainda estou percorrendo, então vamos lá do início.
Desde nova sempre gostei de lingerie, mas a paixão mesmo, veio logo após eu participar de uns trabalhos como modelo numas feiras eróticas, em especial à Sexy Fair, há mais ou menos três anos.
Trabalhando em shopping eu percebi que estava sem estudar, e trabalhando para sobreviver, não me sobrava tempo para mais nada, eu já estava inconformada de ver a minha vida parada e o tempo passando, e nessa feira (Sexy Fair) eu estava ali apenas para panfletar, tirar fotos e ficar desfilando de um lado para o outro, mas do nada eu comecei a atender as clientes, e ali tive um estalo: “é isso, eu quero isso!”
Sai dali decidida a ter a minha própria loja de lingerie, voltei para casa, contei toda a minha ideia para o meu noivo que me apoiou e disse — "vamos fazer!"
Começamos a comprar tudo no cartão de crédito para montar uma loja (nosso primeiro erro), abrimos uma empresa, procuramos um local e depois que já tínhamos tudo para uma inauguração, pedi demissão do meu trabalho no shopping, e assim abri a minha primeira loja, no 2° andar de um mini shopping perto da minha casa na zona norte do Rio de Janeiro (nosso segundo erro).
O primeiro dia foi uma festa, mas o resto dos dias o movimento foi horrível, ninguém subia as escadas para ver o que tinha no 2°andar do mini shopping e já no final do primeiro mês não conseguimos nem o dinheiro para o aluguel. Sorte que tinha o dinheiro da rescisão para pagar as primeiras dívidas, e em apenas um mês de loja eu já fechei as portas.
Fiquei três meses com tudo em casa, e procurando um outro local que fosse de frente para a rua, mas só tinha lojas enormes e caras, e nesses 3 meses sem fazer vendas não conseguimos pagar as faturas do cartão de crédito e assim acumulamos muitas dividas.
Passando por uma rua no Méier, vimos uma loja com a placa "aluga-se", pegamos o telefone e marcamos para ir ver. A loja tinha um preço bom, tamanho bom e num local bom, o que não estava bom mesmo era a loja, que estava destruída por dentro. Chamei o meu pai que trabalha com construção civil para ele ver o que podia ser feito para melhorar já que eu não podia gastar com reformas, e então ele começou.
Todo dia após o trabalho ele vinha para a minha loja arrumar ela. Pintamos, colocamos gesso e deixamos ela com o mínimo de conforto possível, e então ela estava pronta para ser inaugurada. Novamente eu estava com a minha loja aberta (nosso terceiro erro).
As vendas estavam acontecendo, porém, ainda muito fracas. Tinham dias que eu ficava ali o dia todo e não fazia uma venda, eu chorava muito quando chegava em casa, e ouvia de pessoas muito próximas que eu tinha que desistir, que não ia da certo, que eu estava me perdendo sentada atrás de um balcão.
Além das vendas serem poucas e eu estar ouvindo tudo isso, ainda tinha as minhas batalhas diárias. Era verão, não tinha ar condicionado na loja, apenas um único ventilador que quando entrava cliente eu tirava de mim e virava para elas. Não tinha geladeira, todo dia eu fazia gelo em casa e levava em um isopor com água para eu beber. O banheiro de lá foi uma das coisas que eu não pude reformar, então eu ficava de 9:00 horas da manhã até as 19:00 da noite sem poder ir ao banheiro (nosso quarto erro). Quando estava muito apertada eu fechava a loja, atravessava a rua e ia no banheiro da pastelaria que tinha do outro lado.
Na hora do almoço eu comia escondida atrás de uma parede e se entrasse cliente eu parava de comer e ia atender. Eu suava muito, era muito quente, sentia cede, mas evitava beber muita água para não sentir vontade de ir ao banheiro, o que me deu um princípio de infecção urinaria. Novamente eu estava perdendo todo o meu dia, sentada atrás de um balcão, sem estudar, e só pagando as dívidas acumuladas.
Então, decidi fazer um curso de moda, eu queria eu mesma produzir minhas peças. O curso era 3 vezes por semana das 8 às 12:00 h. Mesmo sendo apenas 3 vezes na semana, precisava que alguém ficasse na loja para mim nesse período. Tentei família, amigos, mas não consegui, ninguém ia passar calor, beber água e não poder ir no banheiro sem ganhar nada, e eu não podia pagar ninguém, ou eu continuava presa na loja, ou eu estudava, então em uma noite que passei em claro sem conseguir dormir tomei a decisão de fechar a minha segunda loja. Chamei meu noivo e já comecei dizendo o que eu ia fazer, entregamos a loja, e com o dinheiro que pagávamos o aluguel, a luz, água e internet, compramos um bom computador, pagamos um curso de e-commerce, impulsionamos nossas publicações e começamos a trabalhar de casa, e ainda gastaríamos menos.
E assim fizemos, vendemos tudo que tínhamos, balcão, arara, cabides, tudo, e investimos em um curso de e-commerce que mudou minha forma de trabalhar. As vendas começaram a acontecer regularmente, e estava tudo se encaminhando. Depois de um tempo, recebi uma proposta de sociedade com uma amiga contadora, achei uma ótima ideia, pois ela poderia me ajudar nas questões financeiras e ainda incluímos um sexy shop no nosso catalogo. Ela me ajudou, ensinou como cuidar das finanças e organizou muitas coisas para mim, aprendi muito, mas a sociedade durou apenas um mês, e aprendi que por mais vantajosa que a sociedade pareça ser, ninguém vai se sacrificar pelos seus sonhos, apenas você mesma.
Eu já tinha a loja há um ano e nunca tirei um centavo dela, e eu trabalharia mais um ano sem salário só para ver a loja crescer, isso são sacrifícios que só quem ama e acredita no que faz vai estar disposto a fazer, e confesso que ter uma segunda pessoa mandando tanto quanto eu em um sonho que eu já sofri tanto para fazer acontecer, me deixava desconfortável, então a sociedade foi boa enquanto durou, e ótima quando acabou.
Tirei o sexy shop do meu catalogo, minha paixão era somente a moda íntima, arrumei um espaço em casa para trabalhar tranquila, comecei a acertar minhas dívidas, e após concluir todo meu curso de e-commerce resolvi iniciar a faculdade de marketing que ainda estou cursando e concluindo.
Hoje, dona e plena da LORENA MARTINS LINGERIE, vendo somente por Instagram, Facebook, Whatssap e Mercado Livre, vibro com cada venda feita, cada feedback recebido, cada reposta e a cada novo seguidor que ganho. Estamos vendendo bem, regularmente, fazendo entregas todos os dias, enviando para outros estados, e empoderando todos os dias diversas mulheres a serem donas de si, usando e abusando das lingeries, mostrando que elas não precisam de um padrão ou um parceiro para ter lingeries sofisticadas no seu guarda roupa.
Trabalho todos os dias, finais de semana, feriados até madrugadas se for preciso, só para fazer a loja crescer cada vez mais, eu sou o financeiro, o marketing, a gerencia, a vendedora e dona do meu próprio negócio, e eu sei aonde eu quero chegar, sei que posso chegar, e sei que vou chegar, por que nada pode parar uma mulher que não desiste nunca.
Hoje eu não fotografo mais de lingerie para nenhuma outra marca, apenas para a minha, acordo e durmo pensando no meu negócio, agradeço a Deus por cada conquista mesmo que pequena, hoje meus erros me ajudam a ter mais orgulho de onde eu estou mesmo ainda sendo pequena, ser grata por pouco te faz conquistar muito, e eu ainda tenho muito o que conquistar.
Eu sou a modelo e empresária Alexia Lorena. Agradeço à Deus por tudo, ao meu noivo, minha família e à vocês pela oportunidade de poder estar contando um pouco da minha história. Estou vencendo, vença você também!
