terça-feira, 11 de maio de 2021

ANA LUIZA CAETANO EM BUSCA DA VAGA OLÍMPICA NO TIRO COM ARCO

 


São poucos os atletas que podem se orgulhar de chegar ao nível de representar a seleção brasileira. Mais raro ainda, quem consegue representar o país numa edição de Jogos Pan-Americanos. Soma-se ainda a essa trajetória uma carreira na literatura com dois livros publicados. Como se tudo isso já não bastasse, Ana Luiza Caetano já realizou todos esses feitos com apenas 17 anos idade.

Atleta do tiro com arco, Ana Luiza Caetano começou cedo nas disputas esportivas. Nascida em Maricá, no Rio de Janeiro, “Lulu” iniciou no mundo do esporte aos 7 anos, quando acompanhou o irmão nas aulas de vela.

Apesar desse acabar não sendo a modalidade que seguiria para o restante da vida, os barcos foram fundamentais na vida da atleta. Integrante da seleção brasileira de base da modalidade por dois anos, Ana Luiza ficava tanto tempo no mar que começou a perder os almoços da família e festas no final de semana para ficar velejando.

Diário de bordo

Para tentar explicar todo o seu amor pelo barco, a jovem começou a escrever um diário de bordo, com as suas aventuras do mar. Não demorou muito para que as suas histórias se expandissem além dos laços familiares.



“Eu não pretendia escrever um livro pra ser publicado. Era meio que o meu diário de bordo onde eu escrevia as melhores ‘aventuras’ que passava velejando. Imaginei que com o meu diário eu conseguiria explicar para meus avós e país porquê era tão bom praticar esporte e a razão para não querer sair do mar nunca. Porém, meu avô conhecia uma editora e essa versão do livro foi parar na mão do pessoal de lá, daí entraram em contanto comigo me oferecendo a publicação. Foi bem inesperado, mas lembro que na época era só mais uma aventura pra mim e como eu sempre gostei de ler e tinha como ídolos alguns autores pensei: por que não?”, declarou a autora do livro “Bons Ventos: Diário de Aventuras Iradas”, publicado em 2013.

Convite para palestras

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Após o primeiro livro publicado, Ana Luiza começou a receber convites para palestrar em escolas visando incentivar outras crianças a se envolver no mundo da literatura. Assim surgiu a ideia para o seu segundo livro: “Eureka”, publicado em 2017.

“O segundo livro é paradidático pois a escola sentia muita falta de um livro que envolvesse os alunos na cultura brasileira, no nosso folclore e nos nossos valores. Assim surgiu o segundo livro”, explicou Ana Luiza.

Em 2014, seu irmão mais velho completou 15 anos, o que o impedia de disputar competições na classe em que estava acostumado. Com isso, João decidiu conhecer uma nova modalidade e iniciou as aulas de tiro com arco, cujo centro de treinamento da seleção brasileira está localizado em Maricá, cidade onde viviam. Não demorou para que, assim como ocorreu na vela, Ana Luiza Caetano seguisse novamente os passos do irmão e começasse as aulas da nova modalidade.

Transição para o arco

“Quando eu vi algumas pessoas atirando foi meio que amor à primeira vista! Eu só pensei “eu preciso atirar também” e comecei a treinar o tiro com um complemento ao meu treino da vela. Porém, quando eu quebrei o recorde nacional da minha categoria de tiro com arco e classifiquei para o mundial na Argentina eu vi que já não tinha mais volta, eu estava completamente apaixonada pelo novo esporte e desde então só fui aumentando os treinos de tiro e diminuindo os da vela”, explicou a jovem atleta.

Desde então, a atleta tem vivido uma franca evolução no esporte. Obtendo grandes resultados na carreira, como o título por equipes nos Jogos Sul-americanos de Cochabamba (Bolívia) e terceira colocação no campeonato pan-americano de Medellín (Colômbia), a atleta já representou o país em grandes competições, como os Jogos Olímpicos da Juventude e os Jogos Pan-Americanos de Lima, no ano passado.

“O Pan de Lima foi a realização de um sonho. O primeiro grande evento esportivo que eu assisti foi o Pan do Rio e foi fascinante para mim, mas nunca imaginei participar dos jogos tão cedo. Admito que muitas vezes eu não sabia o que fazer, andar na vila passando por vários dos meus ídolos e saber que de certa forma eu estava no nível deles ainda com 17 anos era bom demais! O nível do campeonato foi altíssimo, bateram o recorde mundial masculino e o Pan americano feminino”, garantiu a atleta, que ficou bem próxima de uma medalha ao encerrar a disputa por equipe na quarta colocação.

O resultado respeitável obtido no Pan criou expectativas para que Ana Luiza Caetano e a equipe brasileira almeje um objetivo maior para este ano: uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Sonho pela vaga olímpica

O Brasil ainda não possui nenhuma atleta feminina confirmada na disputa do tiro com arco na capital japonesa. Antes da pandemia do coronavírus, as atletas tinham duas oportunidades para obter uma vaga: o pan americano com disputa de classificações individuais e uma das etapas da copa do mundo com disputa de vagas por equipe.

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“Temos a chance de classificar 3 atletas para os jogos olímpicos através da competição por equipe e esse é o maior objetivo da seleção por isso a chance de nos reunirmos tornou nosso objetivo mais possível”, explicou a atleta.

Nova rotina de treinos e Ensino Médio

Com a vaga olímpica na mira, Ana Luzia e o restante da equipe brasileira do tiro com arco já estava com as malas prontas para a competição que definiria mais países classificados para Tóquio. No entanto, a pandemia acabou mudando todos os planos da atleta, que mantém uma rotina de treinos em casa de maneira simultânea aos seus estudos da escola.

“O início da quarentena foi bastante complicado, porém consegui conciliar uma rotina de treino com as aulas on line, já que estou no último ano da escola. Tenho muita sorte em conseguir um espaço com 70 metros para manter meus treinos na distância oficial. Estou até conseguindo competir virtualmente com alguns amigos pelo mundo, o que mantém as coisas um pouco mais animadas”, explicou a atleta.


Apesar da rotina pesada de treinos, Ana Luiza admite que ainda não tem ideia quando poderá voltar a competir. Mesmo assim, a jovem atleta sabe que não pode parar com as atividades se quiser conquistar a tão sonhada vaga olímpica.

“Sigo treinando intensamente em casa, eu estive em todos os jogos possíveis nesse ciclo olímpico o que me traz boas expectativas para Tokyo. Teremos mais uma oportunidade para disputar as vagas olímpicas, agora em Paris e o Brasil tanto individualmente quanto por equipe possui grandes chances de classificação”, completou a atleta de 17 anos.