E se o mal que acabou de nascer?
Aprendi a olhar para o mal de outra forma, pra ficar de pé... para não me sentir nem vítima nem culpada pelas reações que eu recebo como se fossem respostas às minhas ações.
A religião mal direcionada fode a gente... por alguns anos eu escutei que toda ação tinha uma reação... há salas cheias por aí que fazem a pessoa se resignar perante todo sofrimento que encara, como se ele fosse um merecimento, uma resposta dada aos nossos próprios erros.
O tempo passou, e na lógica o que eu concluo é que o mal um dia nasce... com a mesma simplicidade com que nascem os bebês... do nada... considerando a obviedade da falta de avisos prévios ou a comprovação de "carmas" pregressos... pois tudo começa em algum ponto do infinito...
Se eu tomei um tapa na minha cara, não necessariamente o recebi como resposta pelo que eu dei ontem... é mais justo pensar que o mal acabou de nascer, pra gente combater ele sem se dar desculpa alguma!
O mal pode ter acabado de nascer... e ele não veio para mim ou para você por que EU e VOCÊ merecemos, exatamente, nós definitivamente não merecemos sofrer.... basta não pensarmos no começo dessa linha, para economizar forças apenas prosseguindo até findar.
Seja lá o que tem por trás dessa vida, não nos foram dadas respostas concretas sobre origens, mas há entre todos nós, ferramentas para o destino, quem diz que não, é extremamente materialista.
Tá... vai que também existe o espírito... vamos comparar ele à qualquer matéria que um dia se formou:
Na medida que eu aceito a possiblidade da minha NÃO existência, antes do ponto inicial de uma linha e seu ponto final, eu entendo a minha responsabilidade de anular os seus efeitos, enquanto estou nessa linha, entre o tudo e o nada.
De certeza, o que temos é que o nascimento é o começo, na pior hipótese, que é a completa aceitação da nossa ignorância sobre a existência em si, nos cabe melhorar o mundo, nessa corda bamba a qual cambaleamos até chegar ao único destino que temos a capacidade de comprovar.
Tantos e tantos de nós já andamos nessa corda bamba, cambaleantes entre a ideia de ser vítimas ou culpadas da violência, que esquecemos do simples ato de apenas nos amparar.
Em minhas preces, eu gostaria de substituir todo e qualquer tipo de amparo que a vida possa me dar, pelo poder de amparar.
Erika Pessanha - artista plástica e produtora cultural