VIII Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro - 2022
Reunindo milhares de mulheres (em sua grande maioria negras) e simpatizantes, aconteceu no dia 31 de julho no Rio de Janeiro na Praia de Copacabana, a VIII Marcha das Mulheres Negras, tendo como tema "Pela vida, direitos, dignidade e por uma sociedade justa e antirracista. Mais mulheres negras no poder!", em comemoração da SEMANA DA MULHER NEGRA.
A marcha partiu do Posto 3 em direção ao Leme reunindo milhares de mulheres negras de 40 municípios do estado do Rio de Janeiro representando diversos movimentos e entidades sociais e assistenciais. As Mulheres Super Poderosas de Inoã (Maricá), presidida por Solange Henrique dos Santos (48):
"Para mim é um prazer imenso estar participando desta marcha, e para nós mulheres negras é muito importante e precisamos vir para marcha para gritar, para as mortes que estão acontecendo em Maricá e pedir um basta, basta de nos matar, chega de nos matar, chega de nos forçar a coisas que não queremos, então estou aqui em nome das Mulheres Super Poderosas de Inoã", disse Sol presidente da Associação de Mulheres Super Poderosas de Inoã.
"Mulher preta tem o seu espaço, tem o seu lugar, deve ser empoderada, deve ser reconhecida, nós já saímos da cozinha, nós estamos bem lá em cima, respeitem, respeito é bom é bom e nós gostamos", concluiu Fátima Moura, secretária da associação. Assista ao final da matéria, o vídeo da marcha no Rio de Janeiro.
QUEM É SOL?
Solange Henrique dos Santos (48), nascida em Pernambuco, está há 36 anos em Maricá, morando no bairro de Inoã. É mãe de Fernando Rauberto da Silva Santos, PCD, acompanhante de idosos.
Demitida do serviço e separada do marido, ficou sem meios de alimentar o filho e resolveu fundar a creche comunitária "Cantinho da Sol", há 17 anos.
A cantora Jô Borges era uma grande doadora, assim como o mercado, peixaria, pessoas que mantinham os filhos na creche e mesmo os voluntários.
Seu filho Fernando precisou operar suas pernas e a dedicação integral ao filho não deu mais espaço para que Solange desse continuidade a creche, encerrando as atividades após 13 anos de excelentes serviços a comunidade de Inoã, em especial do Risca Faca.
Mesmo com a operação, se filho continuava com dificuldades para andar e Sol deu início a tentativa de mais uma conquista: a de conseguir uma cadeira de rodas para Fernando. Foi quando pensou: "quantas mães não passam pelo mesmo problema?"
Em função deste seu problema pessoal, surgiu a ideia da criação da Associação Mulheres Superpoderosas, que arrecadava cadeiras de rodas, muletas, cestas básicas, pegue e leve, roupas para doações, cama hospitalar, além de visitas nas casas das pessoas para levar cuidado pessoal.
Com a chegada da pandemia em 2020, as atividades da associação foram paralisadas.
VIOLÊNCIA E MAUS TRATOS
Devido a constantes maus tratos e agressões, Solange se separou do marido para se livrar de um possível feminicídio.
Ingressou em diversos movimentos de mulheres negras estabelecidos em Maricá (MOVIDADE, FEMNEGRAS, LEVANTE FEMINISTA e AMGIP), onde obteve o devido acolhimento e esclarecimentos sobre cuidados com a sua própria vida.
Com a volta das atividades pós pandemia, Sol e seu grupo começaram a retornar em seus trabalhos e participações em encontros, marchas, movimentos, para a busca do bem estar das pessoas, em especial das mulheres e com destaque para as mulheres negras.