sexta-feira, 19 de novembro de 2021

PCDs - AUTISMO NÃO TEM CARA: Diagnosticada aos 30 anos, filha de Solange Couto celebra: "Enfim fui ouvida"


 Em seu perfil no Instagram, a escritora Morena Mariah, filha da atriz Solange Couto, revelou recentemente algo que pode soar inusitado para muitos. Aos 30 anos de idade, ela foi diagnosticada como autista – e, em um desabafo, ela relembrou não apenas a forma como foi tratada na infância e na adolescência devido às características geradas pelo autismo como também a dificuldade em ter o diagnóstico na vida adulta.

Filha de Solange Couto celebra laudo de autista

Após anos se sentindo deslocada sem grandes explicações para as características sociais que apresentava, Morena Mariah, escritora e filha de Solange Couto, usou o Instagram para afirmar que foi diagnosticada como autista recentemente. Geralmente descoberto na infância, o autismo pode, dependendo da abordagem dos especialistas consultados, ser confundido com outras coisas – e, em seu post, Mariah desabafou sobre isso.

“30 anos de idade, 11 anos de tratamento psiquiátrico, 20 anos desde a primeira vez que vi um psicólogo. Foi esse o tempo que demorou pra eu dar nome ao que era a sensação de me sentir diferente das pessoas, sozinha, meio que um ET. Sensível demais, teimosa, inflexível, agressiva, lerda, burra: ouvir isso a vida toda até concordar porque devia ter algo de errado comigo... 30 anos tentando encontrar o motivo de me sentir tão desajustada”, escreveu.

Na postagem, ela caracterizou o laudo de autista como uma conquista, e explicou. “Eu passei por não ser ouvida a vida inteira, por sofrer racismo durante uma avaliação neuropsicológica caríssima que comecei recentemente. Foi muito sofrimento, mas hoje o que importa é comemorar que enfim fui ouvida, enfim encontrei a paz de nomear o que sinto e descobrir que não tem nada de errado em ser quem eu sou”, disse.

Nos comentários, internautas vibraram com a fala dela que, orgulhosa do laudo, passa a servir de exemplo para outras pessoas autistas. “Que lindeza! Fui diagnosticada com autismo semana passada, aos 26 anos. É realmente uma realização”, escreveu uma seguidora dela. “Me emocionei aqui. Muito. Um grande abraço pra você e que viva sempre plenamente do jeitinho que você é”, disse outra.

Confira na integra a postagem de Morena Mariah:

"30 anos de idade, 11 anos de tratamento psiquiátrico, 20 anos desde a primeira vez que vi um psicólogo.

Foi esse o tempo que demorou pra eu dar nome ao que era a sensação de me sentir diferente das pessoas, sozinha, meio que um ET. Sensível demais, teimosa, inflexível, agressiva, lerda, burra: ouvir isso a vida toda e até concordar porque devia ter algo de errado comigo… 30 anos tentando encontrar o motivo de me sentir tão desajustada.

Nós, que somos autistas de diagnóstico descoberto na vida adulta, comemoramos a conquista do laudo porque é uma verdadeira via crúcis conseguir ser laudado depois de adulto, especialmente se o nível de suporte é um e se for uma pessoa AFAB (designada mulher ao nascer). Eu passei por não ser ouvida a vida inteira, por sofrer racismo durante uma avaliação neuropsicológica caríssima que comecei recentemente. Foi muito sofrimento mas hoje o que importa é comemorar que enfim fui ouvida, enfim encontrei a paz de nomear o que eu sinto e descobrir que não tem nada de errado em ser quem eu sou.

Obrigada a dra. Rachel @saudeparaneurodiversos que além de excelente profissional é uma médica autista que fez pela primeira vez eu me sentir em casa numa conversa, me fez sentir completamente compreendida pela primeira vez na minha vida.

Agradeço especialmente @oeduardovictor que foi uma das únicas pessoas ao meu redor que me encorajou a seguir em frente na busca pelo diagnóstico, que me ensinou que ser uma pessoa com deficiência é motivo de orgulho, jamais de vergonha. Por ser meu amigo e compreender minhas limitações.

Então é isso: sou uma pessoa com deficiência. Sou autista/TDAH e tenho orgulho de ser a pessoa que eu sou."