sábado, 19 de junho de 2021

Universo In[can]decente por Erika Pessanha


 Enquanto no silêncio ela caminha desapercebida de pretensões, ignora fazer parte da trama que estimula o mundo, um gêiser interno libera sua fumaça despercebida.

Feromônios que deslizam até as pontas dos seus cabelos em linhas, curvam o corpo como a luz curva o espaço e aponta suas ancas.

Há uma energia fabricada nas profundezas da placidez de seu aparente lago, que é oceano disfarçado de rio parado, sob ele queima o fogo que tanto atrai a vida que afasta os homens da morte.

Nesse caos tranquilo que forma o universo, ela anda tranquila em planícies de areia desértica em costas continentes, quilômetros atrás desse silêncio, a formação voraz de um misto de vulcões, tsunamis, eclipses estouram como nebulosas e dentro do nada.

Nela reside um vórtex que transporta prazeres pra outros tempos, seu grito que ninguém ouve expande o universo, na imensidão silenciosa da noite suas estrelas piscam mostrando a vida, ela pulsa como os átomos, promove atritos entre prótons e nêutrons inexplicavelmente tesos.

Nessa placidez de mulher comum, ela gira em torno apenas de si, nessa aparente inércia, pouquíssimos astros compreendem seu anonimato como o reflexo da velocidade da luz ardente de seus desejos.

Erika Pessanha