Uma das ilustres moradoras que a cidade já acolheu, a cantora e compositora Maysa completaria, no domingo (06/06), 85 anos de idade se fosse viva. Vítima de um trágico acidente de carro na Ponte Rio-Niterói, em 22 de janeiro de 1977, vinha em direção a Maricá após a cerimônia de casamento do único filho, Jayme Monjardim, naquela mesma tarde. Tinha, então, 40 anos. Deixou para familiares, amigos e fãs, além da saudade, 14 discos – 12 de estúdio e dois ao vivo – interpretações elogiadas em duas novelas e uma peça de teatro.
Ironicamente, Maysa morreu se dirigindo ao lugar onde encontrou a paz que tanto buscou em sua intensa vida regada a turnês de sucesso, viagens, bebidas e amores. “Só fui feliz em Maricá”, escreve no diário. Sua casa na Rua 89, em Cordeirinho, em que passou a morar a partir de 1972, irá se tornar uma Casa Museu, onde as pessoas terão acesso aos pertences e documentos da cantora. A descoberta do local, aliás, onde adquiriu um terreno e construiu seu refúgio, se deu através do ator Carlos Alberto, com quem se relacionou.
Ali viveu um dos melhores momentos de sua trajetória pessoal, de frente ao mar, se dedicando a novos hobbies, como a pintura, e ao lado de um amor que lhe trouxe certa tranquilidade financeira e emocional. Mas também lutando há anos contra uma depressão, se agravando após o término do relacionamento. A cantora de voz melancólica, de músicas como "Ne Me Quitte Pas", "Meu Mundo Caiu" e "Fim de Caso", foi homenageada pela Acadêmicos da Grande Rio, em 2014, com o enredo "Verdes olhos sobre o mar, no caminho: Maricá".
Maricá que foi seu remanso, sua calmaria, seu silêncio, seu sossego e onde, em um dia de novembro de 1976, se perguntou dois meses antes de morrer: ...”sou viúva, tenho 40 anos de idade e sou uma mulher só. O que dirá o futuro?” O futuro, Maysa, dirá: eterna, eterna Maysa.
(Valéria Vianna)