segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Papa incentiva mães a amamentar em público e pede tolerância zero contra pedofilia na igreja

Francisco disse às mães que poderiam alimentar filhos durante missa


O papa Francisco celebrou no domingo (8/01) o batismo de 28 bebês, 13 meninas e 15 meninos no Vaticano e incentivou que a mães que estivessem na Capela Sistina amamentassem seus filhos durante a missa.
"Vocês sabem que a cerimônia é um pouco mais longa e alguns deles podem chorar de fome. Se isso acontecer, vocês mamães podem alimentá-los sem medo, com normalidade, como Nossa Senhora", disse durante a homilia. Essa não é a primeira vez que o pontífice fala sobre o "tabu" da amamentação em público. Na cerimônia de batismo do ano passado, ele fez um discurso semelhante em defesa da amamentação durante a missa.
Ainda durante sua fala, Francisco brincou com o choro dos bebês, arrancando risadas ao dizer que "começou o concerto" das crianças, e fez uma comparação com a infância de Jesus.
"Começou o concerto, né? Porque as crianças estão em um lugar que não conhecem... acordaram muito cedo, talvez. Começa um, dá a nota, e depois os outros o seguem e todos choram.. e alguns apenas choram porque o outro chorou. Jesus fez a mesma coisa, né? Eu gosto de pensar que a primeira prédica de Jesus na manjedoura foi um choro", disse aos pais, mães e demais convidados da celebração.
Aos genitores, o papa fez um apelo para que eles sejam um exemplo para a vida das crianças. "Caros pais, vocês pediram para os seus filhos a fé. A fé que será datada no batismo. A fé. A fé não é recitar o Creio aos domingos quando vamos à missa, não é só isso. A fé é acreditar naquilo que é verdade: Deus Pai que deu seu Filho e o Espírito que tornou-se vivo. A fé é luz", ressaltou.
Essa é a quarta vez que o pontífice realiza o batismo na Capela Sistina, em tradição iniciada por João Paulo II e mantida por Bento XVI. 

Papa pede tolerância zero a acusados de pedofilia

Francisco disse que pecado envergonha a Igreja


O papa Francisco enviou uma carta aos bispos de todo o mundo em que pede para que "o sofrimento, a história e a dor dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes" não sejam esquecidos.  Ele ainda pediu "tolerância zero" aos religiosos.

A carta foi enviada no dia 28 de dezembro de 2016, quando a Igreja Católica comemora o Dia dos Santos Inocentes.

"Escutar o choro das crianças significa também escutar o choro e o lamento de nossa mãe Igreja, que chora não só pela dor causada em seus filhos menores, mas também porque conhece o pecado de alguns de seus membros. Pecado que nos causa vergonha.”

Jorge Mario Bergoglio estimulou os colegas a terem "coragem para proteger a infância dos novos 'Herodes' dos nossos dias, que roubam a inocência de nossas crianças", em referência ao rei que mandou matar todos os primogênitos de Belém após o nascimento de Jesus Cristo.

“Pessoas que tinham a responsabilidade de cuidar destas crianças, destruíram a dignidade delas", desabafou o papa.

Trabalho infantil e crise dos refugiados

Além de citar os casos de pedofilia envolvendo o clero da Igreja, ele ressaltou outras situações que corrompem a infância, citando o trabalho e a prostituição infantil, além da crise dos refugiados.

"Uma inocência destruída pelas guerras e pela imigração forçada com a perda de tudo que isso possa significar. Milhares de nossas crianças caíram nas mãos de bandidos, de máfias, de mercadores da morte, que fazem como única coisa ganhar e explorar as suas necessidades.”

Dados da Unicef

O Pontífice ainda acrescentou alguns dados divulgados por entidades internacionais, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês).

"Segundo o último relatório do Unicef, se a situação mundial não mudar até 2030 serão 167 milhões de crianças que viverão em extrema pobreza, 69 milhões de crianças com menos de cinco anos que morrerão entre 2016 e 2030 e 60 milhões de crianças que não frequentarão a escola primária", concluiu.

Combate à pedofilia

O papa Francisco confirmou seu empenho em combater a pratica do crime na instituição.

"Hoje, na lembrança do dia dos santos inocentes, quero que renovemos todo o nosso empenho para que essas atrocidades não ocorram mais entre nós. Que encontremos a coragem necessária para promover todos os meios necessários para proteger de todas as formas as vidas de nossas crianças porque tais crimes não podem mais se repetir", disse.

Desde que assumiu o comando da Igreja Católica, em 2013, Francisco instituiu um comitê para avaliar as denúncias contra religiosos e permitiu o andamento de um processo religioso contra o ex-núncio Jozef Wesolowski acusado de pedofilia. No entanto, o polonês de 66 anos morreu antes das audiências finais.