Nunca entendi a expressão “a vida começa aos 40”, e não há como alguém compreendê-la de fato até atingir as fatídicas quatro décadas, ou até ser atingido por elas, como é mais provável. O corpo não acompanha mais a vontade, e as noitadas nos cobram, em dose dupla de ressaca, o preço da farra, nos privando da boemia costumeira que nos permitia cumprir com maestria a árdua missão de sair dois dias seguidos.
Uma simples caminhada é agora um exercício físico diário recomendado pelo médico, e mesmo assim difícil de pôr em prática; palavras e expressões nunca antes mencionadas, como “reeducação alimentar”, “pilates” e até “geriatria” passam a fazer parte do seu vocabulário; emagrecer, não pela estética, mas para equilibrar as taxas, já é um dos maiores e mais dolorosos desafios da humanidade.
Até sua agenda passa a ter mais contatos de profissionais de saúde do que de amigos; visitas à farmácia são, afinal, a mais nova forma de encontrar a sua galera, lugar que também passa a oferecer uma variedade imensa de produtos quase bélicos contra o envelhecimento natural, com suas rugas e linhas de expressão, sem falar nas invisíveis “ites”, cada vez mais frequentes e resistentes.
E de repente, aquela verdade incontestável, de que passei 40 anos fugindo, estava ali no espelho, no aparelho de pressão, e nos “trocentos” complexos exames que o médico passou.
Foi-se a época de se contentar com um hemograma completo, exame de fezes e de urina. Chegou a hora e a vez de vasculhar cada célula do meu organismo, com precisão milimétrica, e exigências preparatórias que vão muito além do simples jejum de 12 horas.
Em alguns casos, nem café ou chocolate, certas frutas, e até nozes, ora bolas, coitadas das nozes que em 39 anos deixei de comer e agora mesmo é que não posso. Lembro que comi chocolate, pequeno pedaço, motivo de adiamento de metade dos exames marcados. Ainda assim, a coleta de sangue enche um, dois, três, até oito tubos, mesmo eu imaginando não ter sangue suficiente em meu braço para tanto.
Corre na esteira, dorme monitorada por um aparelho que espreme seu braço de 15 em 15 minutos, instante em que você precisa estar completamente relax, foda-se o que estiver fazendo, apesar de ter que ser realizado em um dia normal de sua rotina, que, é claro, nunca incluiu uma porra de um aparelho de pressão espremendo seu braço, até então.
Faz um eco, um eletro, compra metade da farmácia, tira o sal, tira o álcool, tira o dia pra pesquisar na internet uma possível análise do resultado dos exames, o que, certamente, só vai piorar o estado de saúde.
Mesmo sem pedir qualquer opinião, ouve especialistas de botequim que chutam diagnósticos variados, como se estivessem num bolão da mega-sena ou da Copa, indo desde “menopausa precoce” até a “síndrome do jaleco branco”, e é quando você percebe que não está só, porque eles também consultaram Dr. Google para chegarem a conclusões tão brilhantes.
E ainda que o médico desminta todos os diagnósticos que a internet, seus amigos, e até você própria se deu, e seja claro ao falar que “você não vai morrer disso; tem que arranjar outra coisa pra morrer”, está aceso o alerta. Até então, era como se o mundo pudesse acabar amanhã, mas você sobreviveria ileso. A finitude bate à porta e você se dá conta que precisa fazer um certo esforço pra que ela não entre com violência, para que chegue de mansinho, passe um longo tempo na varanda, apreciando a paisagem.
E da janela você vê, em letreiro luminoso, o aviso que reforça, a cada novo dia, aquela verdade incontestável, que deve ter dado origem à expressão “a vida começa aos 40”: a certeza da morte, talvez, seja o grande estímulo pra vida. Então pare de ler essa besteira, meu amigo, e viva, por que na verdade, A VIDA COMEÇA QUANDO A GENTE QUER!
Ela já passou por muitas adversidades, mas conseguiu superar todas elas e hoje, com uma vida mais tranquila, mais regrada e com o apoio do maridão, vive um novo momento em sua vida, na verdade como ela mesmo diz, VIVE UMA NOVA VIDA.
MARI SOUZA COMPLETA 42
Ela já apareceu por diversas vezes nas páginas do CULTURARTE, desde os seus 39 anos. Sim, são três anos passando por aqui, contando suas histórias, problemas, superações, dando dicas de auto-estima e de como cuidar da melhor forma dos filhos.
Mas na sesta feira 31 de maio, Mari completou 42 maravilhosos anos. Mas não pensem que tudo foram flores em sua vida. Os problemas foram muitos, mas ela soube vencer, superar. É uma guerreira.
Adaptando uma das primeiras matérias que fizemos há 3 anos atrás, vamos contar um pouco da história de Mari Souza.
O nome dela é Mariana Ribeiro de Souza Machado (42). Nascida em Maricá, tem segundo grau completo, é dona de casa, casada há 13 anos embora esteja junto com seu marido há 20 anos, tem dois filhos (um rapaz e uma bonequinha) e mora em Bambuí. Já é vovó de um menino lindo.
Desde bem jovem, seus problemas começaram a surgir. Mariana (ou Mari como prefere ser chamada) engravidou do seu primeiro namorado que infelizmente como acontecesse com muitas jovens, não assumiu a paternidade. Só depois que seu filho fez um ano ele foi procurar Mari. Até então era mãe solteira e assumiu seu filho sozinha. Mari tem muitas histórias para contar, alguns sofrimentos, depressões, angústias, medos e foi justamente em destes momentos que o jornalista Pery Salgado conheceu Mari, quando viu uma postagem de Mari em sua rede social dizendo querer desistir da vida.
Foram alguns dias de papo, de injeção de animo, mostrando o quanto ela era bela, que deveria se valorizar e se respeitar, acreditando que ela é um ser divinal. E o resultado da conversa foi bom e ajudou Mari a se descobrir. Até o relacionamento com o marido que não andava bem, melhorou e hoje vivem um novo momento. E é com ela que vamos conversar hoje:
CULT: Oi Mari, que bom que aquele nosso papo rendeu bons resultados, Uma alegria ter você aqui nas páginas do CULTURARTE. Você estava falando de um dos seus primeiros problemas, que foi a aceitação do pai do seu primeiro filho. Ele nunca te ajudou?
MARI: Nossa, a alegria é minha em estar passando um pouco das minhas histórias de vida e superação para outras mulheres e agradecendo muito aquele nosso primeiro papo. Foi fundamental, uma injeção de ânimo no momento certo, onde eu estava a ponto de fazer uma besteira.
Sobre sua pergunta o pai do meu primeiro filho quando apareceu fez questão de mudar o registro só para ter o nome dele. Mas ajudar só depois que resolvi colocar na justiça. Meus pais me ajudaram a criar ele. E quando conheci o meu esposo ele foi e é o pai do meu filho.
Mas no início me vi perdida, com 16 anos e grávida. Meu pai revoltado não aceitava. Foram nove meses bem difíceis. Minha vida era normal. Depois que conheci o pai do meu filho mudou completamente. Por ele ser mais velho, já tinha um filho. Me traia muito e eu nova, encantada aceitava.
CULT: Chegou a sofrer algum tipo de violência?
MARI: Não física. Mas as palavras que ouvi doem até hoje. Nossa fui muito humilhada. Parecia que eu estava com alguma doença contagiosa. Só tinha, minha mãe, minha irmã e minha madrinha que me apoiaram. Meu pai foi aceitando com o tempo, entendo o lado dele.
Eu era a garotinha do papai e de repente estava grávida com 16 anos. De um homem que não queria nada com a vida.
Mas tudo vem para ter um lado bom, depois que meu filho nasceu meu pai parou de beber. E meu filho era e é tudo para ele. Mas isso ficou marcado em mim. Tipo uma cicatriz. Ouvi muitas palavras duras. Por isso tenho meu jeito fechado.
CULT: Você na época já trabalhava ou apenas cuidava do seu filho?
MARI: Trabalhei em supermercado, loja de material de construção, casa de família. E em alguns casos , quando as pessoas ficavam sabendo quem era o pai do meu filho, eles tipo perdiam o respeito por mim e começavam a me assediar de uma maneira tão nojenta... que nossa, só Deus sabe o que eu passei.
CULT: Ai você conheceu seu atual marido se casou e sua vida entrou nos eixos?
MARI: Sim. Porque parei de trabalhar. Meu marido e eu achamos que seria melhor eu parar de trabalhar. Até porque nossos horários nunca batiam. Eu antes de me casar trabalhava na empresa Nossa Senhora do Amparo à noite, limpando ônibus. E ele recém formado na PM. Eu só folgava uma vez na semana e a gente quase não se via.
CULT: Quando nos conhecemos você me disse que o que ajudava muito você era sua academia. Você continua lá?
MARI: Eu no momento estou viciada em treinar. Minha terapia diária. Claro, AMO minha família, mas preciso desse momento pra mim. O que tem me feito muito bem, mentalmente e principalmente fisicamente.
CULT: Há quanto tempo entrou para a academia?
MARI: Olha eu treino desde que minha filha tinha 07 meses, mas focar mesmo foi só em janeiro desse ano (2021). Minhas roupas não entravam entrando e meu marido com suas pérolas soltou um "você está muito barriguda". Aí eu resolvi acordar e me dar um pouco mais de prioridade para mim. Porque antes era cuidar de tudo, casa, filhos e marido e se desse, ia na academia. Acabei engordando muito, realmente não cuidava de mim. Hoje não. Faço sim meus afazeres domésticos mas não me mato mais como antes.
CULT: Você falou que engordou muito. Chegou a pesar quanto e hoje qual o seu peso?
MARI: Cheguei a 80 quilos, hoje estou com cerca de 60, mas com o corpo torneado, delineado, com massa muscular definida.
CULT: Além da academia, pratica algum esporte? Vi você em sua rede social praticando circuitos.
MARI: Foi a primeira vez que fiz trilha. E AMEI! Sempre quis fazer, mas nunca dava para eu ir. Foi no costão de Itacoatiara em "Itaipu"!
CULT: Quando nos conhecemos você chegou a falar em tirar sua vida. Como foi o processo entre esse momento e o que você está vivendo hoje?
MARI: Estava me sentindo um lixo, como mulher, como mãe, como pessoa. Estava totalmente sem chão. Nessas horas eu só pensava no que passei, no que ouvi, no meu passado. E isso me fazia ficar pior. De vez em quando, acordo pra baixo. Mas não me deixo abater mais não.
CULT: Outro dia disse que acordou muito mal, teve insônia, estava muito para baixo?
MARI: Sim, tenho altos e baixos ainda, mas ainda assim, me mantive firme. Eu mantive minha rotina. O que me ajuda muito. Não estava passando por nenhum problema. Só acordei me sentindo mal.
CULT: Seu relacionamento com o maridão melhorou?
MARI: Sim (sorrisos), agora está sempre me elogiando. Faz de tudo para me agradar, mudou completamente.
CULT: O que você deve a esta REDESCOBERTA por parte dele?
MARI: Ele falou que mudei e venho melhorando cada vez mais. Que mudei para melhor e confesso que é muito bom ouvir isso.
CULT: Você sentiu essa mudança em você, você está realmente vivendo esta mudança?
MARI: Sim, totalmente, estou me aceitando mais e feliz vendo meus resultados. Hoje visto 40. Cheguei a vestir 48. Não conseguia mostrar minha barriga, tinha vergonha. Hoje estou fazendo tratamento estético e estou amando o resultado.
CULT: E o que ou a quem você deve essa mudança, ou essas mudanças, essas vitórias?
MARI: A Deus por estar sempre junto de mim, a mim mesma pois antes achava impossível conseguir chegar no corpo que estou hoje. Por causa da idade, duas gravidez..., isso na questão estética, física, na questão emocional estou muito mais confiante, antes era só insegurança, mas entendi que era só eu ter força de vontade. Como falei, antes pensava que por já estar com 38 anos, duas gravidez, achava que não seria capaz de consegui ter um corpo definido e isso me fazia muito mal. Não conseguia ficar de biquíni. Tinha vergonha. Antes era toda escondida, hoje estou muito mais confiante. Eu hoje sou outra pessoa.
CULT: Recebeu apoio de amigos, amigas, familiares?
MARI: Sim, principalmente das pessoas da academia que sempre falam que eu estou servindo de exemplo. Tanto os professores, quanto os alunos que treinam comigo. Hoje eu faço musculação, jump, ginástica localizada e muay thai e meu esposo me apoia muito. E você também foi de grande importância. Antes de te conhecer e conversar com você eu estava mentalmente perdida. Como tudo isso pode mexer tanto com o psicológico de uma pessoa, e você veio dar uma luz, fazer eu acreditar em mim e me valorizar e salvar pelo lado emocional meu casamento.
CULT: Para terminarmos então, deixe um recado para as mulheres que estão passando ou podem passar pelos problemas que você passou, dando palavras de estimulo.
MARI: A vida é muito curta. Faça o que tem vontade e esqueça o que vão pensar sobre você. Se AME acima de tudo. Viva a vida como se não houvesse um amanhã, um dia de cada vez!!
Aproveito para agradecer a Deus, aos meus amigos e a vocês do CULTURARTE (em especial à voê) que tanto me apoiaram nos meus momentos difíceis. Um beijo grande para todos vocês.
E para nossa querida Mari Souza que em 31 de maio completou, façamos um brinde e que DEUS a ilumine sempre!