quarta-feira, 25 de outubro de 2023

"Câncer de mama não tem idade e a prevenção tem que ser de janeiro a janeiro"


 O câncer de mama acomete predominantemente mulheres acima de 45 anos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Porém, o Instituto tem registrado um aumento no número de mulheres abaixo de 40 anos com câncer de mama com taxa de mortalidade superior às pacientes maiores de 45 anos.

O câncer de mama está sempre relacionado a mulheres com 40 anos ou mais, porém, é importante alertar que o tumor também pode ocorrer entre pessoas jovens e, ainda, não é impossível ser identificado entre crianças, apesar de ser extremamente raro. Para se ter uma ideia, recentemente, foi divulgado o caso de uma menina de apenas 7 anos, no Chile. A situação está chamando a atenção, provocando debates e servindo como alerta para o fato que a doença pode, sim, envolver pessoas em qualquer idade, inclusive homens.

A mãe da menina chilena contou que observou a presença de um nódulo na mama da filha, durante o banho, cujo tamanho era semelhante a um grão de feijão. Ela decidiu consultar um médico, que afirmou não ser algo normal e que a “bolinha” continuaria crescendo, apesar de não ter expressado seriedade, já que a mama pode ser acometida por diversos problemas geradores desse tipo de nódulo. Contudo, um mês depois, a família recebeu o diagnóstico de câncer de mama. A menina passou pela cirurgia de retirada da mama para biópsia.

Os tipos de câncer infantil mais comuns são leucemia, linfomas e os tumores no sistema nervoso central. O diagnóstico de um câncer de mama representa 0,0001% dos casos, envolvendo crianças e adolescentes, apontando a raridade da ocorrência, enquanto 80% das vítimas são mulheres, acima dos 50 anos.

Vale esclarecer que, pela raridade da doença em crianças e adolescentes, não há indicação para exames de rastreamento do câncer de mama para essa faixa etária. 


Entretanto, as pacientes jovens e com história prévia de radioterapia na região torácica para tratamento de outras doenças, ou presença de mutação genética como, por exemplo, mutação do gene BRCA, merecem acompanhamento individualizado. Os casos como o dessa menina chilena apenas reforçam a importância de desmitificar que o câncer de mama é uma doença que acomete somente idosas. 

Estima-se que 20% dos casos de câncer de mama, em países latino-americanos, ocorrem entre mulheres jovens, abaixo dos 45 anos. A Sociedade Brasileira de Mastologia já havia alertado que, aproximadamente um terço dos diagnósticos de câncer no Brasil acontecem em mulheres abaixo de 50 anos. A ocorrência ainda serve como alerta para a necessidade de conhecer a anatomia do corpo, os sintomas associados à doença e como fazer o autoexame corretamente.

A recomendação para quem já passou pela puberdade é fazer o toque mensalmente, após o fim da menstruação. Entretanto, é importante lembrar que o autoexame não substitui o rastreamento com a mamografia para as mulheres, acima de 40 anos. A recomendação do autoexame serve apenas como ação para a mulher conhecer o seu corpo e, caso identifique qualquer alteração ou tenha dúvida, deve consultar um mastologista. 

As mulheres de risco habitual, com menos de 40 anos, precisam ficar atentas, pois, apesar de não terem indicação para iniciar o rastreamento, devem procurar o mastologista, caso observem qualquer alteração mamária. Um diagnóstico precoce permite iniciar o tratamento de forma ágil e com altas chances de cura.

Sociedades brasileiras recomendam mamografia a partir dos 40 anos

Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama (CM) é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 23% dos casos novos a cada ano. Dados do Inca apontam que sobrevida em cinco anos, estimada nos países desenvolvidos, é de 85%, enquanto nos subdesenvolvidos permanece entre 50-60%. 

Diferenças de sobrevida podem ser explicadas pelos estágios mais avançados ao diagnóstico nos países em desenvolvimento e também por outros fatores, como a falta de acesso aos serviços de saúde, o atraso na investigação de lesões mamárias suspeitas e na realização do tratamento.

Mamografia auxilia na detecção precoce

Neste contexto, a mamografia entra como uma arma que pode auxiliar na detecção precoce da doença, quando realizada em mulheres assintomáticas, numa faixa etária em que haja um balanço favorável entre benefícios e riscos dessa prática. 

Dentre suas vantagens estão: a redução da mortalidade pela doença, diminuição dos traumas físicos (tratamento em fases mais precoces), maior sobrevida, arrefecimento dos traumas familiares e o menor custo para sociedade relacionado à perda de um indivíduo produtivo.

Estudos

Os primeiros estudos que demonstraram haver diminuição da mortalidade por CM entre as mulheres convidadas para rastreamento com mamografia foram relatados há cerca de 50 anos. O Health Insurance Plan (HIP) Study forneceu a primeira evidência sobre o assunto. Nesse estudo, realizado na década de 1960, cerca de 60.000 mulheres foram distribuídas em dois grupos, um de controle e outro submetido a exames físicos e mamografias. Após sete anos de seguimento, foi observada uma redução de 30% na taxa de mortalidade no grupo submetido ao rastreamento.

Uma das mais extensas pesquisas sobre mamografia já realizadas avaliou um grupo de 130.000 voluntárias. De acordo com o trabalho, publicado no periódico especializado Radiology, o exame em mulheres acima dos 40 anos é capaz de reduzir em até 30% o número de mortes provocadas pelo câncer de mama – revelando que fazer o exame regularmente é ainda mais benéfico à saúde da mulher do que se pensava. Já uma revisão dos estudos mundiais mais relevantes sobre o tema, que incluiu 600.000 mulheres, demonstrou uma redução do risco relativo da mortalidade por câncer de mama estimada em 15%.

Questionamentos

Por outro lado, muitos estudos observacionais demonstraram resultados inconsistentes, questionando os reais benefícios do rastreamento e implicando também em certos riscos que precisam ser conhecidos: realização de biópsias excessivas, diagnóstico de patologias que não mudariam o curso de vida da mulher (overdiagnose), a realização de tratamentos dispensáveis e a exposição aos Raios X (raramente causa câncer, mas há um discreto aumento do risco quanto mais frequente é a exposição).

Resultados do famoso estudo Canadian National Breast Screening Study (CNBSS), publicado em 2015, influenciaram instituições governamentais (como a United States Preventive Services Task Force – USPTF), e publicações em duas revistas científicas, o New England Journal of Medicine (NEJM) e o British Medical Journal (BMJ).

Como funciona no Brasil?

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomendam a mamografia anual para as mulheres a partir dos 40 anos de idade, visando ao diagnóstico precoce e a redução da mortalidade. Tal medida difere das recomendações atuais do Ministério da Saúde, que preconiza o rastreamento bianual, a partir dos 50 anos, excluindo dos programas de rastreamento uma faixa importante da população (mulheres entre 40-49 anos), responsável por cerca de 15-20% dos casos de câncer de mama.

O câncer de mama permanece como uma doença desafiadora, exigindo maiores avanços terapêuticos para melhoria das taxas de cura e mantendo-se como uma patologia que exige diagnóstico precoce. O exame clínico das mamas, associado à mamografia representa ainda a melhor estratégia a ser adotada. A detecção em um estagio inicial, permite um tratamento menos agressivo, determinando melhor qualidade de vida, com menos mutilação e menos efeitos colaterais, e aumentando as taxas de cura pela doença.


Modelo participante: Bia Fernandes (Musa do Vasco e Miss Bum Bum Goiás 2023). Quer conhecer mais sobre ela? Acesse https://culturarteenpr.blogspot.com/2023/10/musa-do-vasco-2023-viciada-em-sexo.html