Avó de duas meninas, pedagoga faz fotos sensuais no DF
A pedagoga Sandra Salomão, aos 51 anos (2014) - hoje com 58 anos, decidiu unir o fascínio por lingeries e salto alto com o desejo de surpreender o marido e preparou um ensaio sexy para o Natal de 2014. Vestida de Mamãe Noel, a avó e aposentada posou para uma fotógrafa em um motel de Sobradinho, a 20 quilômetros do centro de Brasília. É a terceira vez que Sandra tira fotos do tipo.
Eu sempre fui aquela pessoa meio bem-resolvida. Se isso não está bem, ou eu mudo ou eu encaro deste jeito mesmo. Na hora lembrei do meu pai, que diria ‘o que é isso, uma vovó tirando fotos?’
Minha mãe amou, meu irmão também. É claro que a gente tem aquelas coisas de pensar que dessa foto a gente não gosta, ‘olha minha cara, olha minha perna’. A gente até pensa: ‘isso aqui eu disfarço, aquilo eu resolvo, sempre em cima do saltão’"
Sandra Salomão, aposentada que fez ensaio sexy de Natal
“A gente tem que usar a criatividade, porque se em 35 anos de convivência com uma pessoa você não inovar todo dia...”, brinca. “É igual a amizade, que você tem que ficar regando e plantando.”
A mulher investiu em fantasias temáticas para compor o catálogo, com 50 fotos. Em 2014, Sandra tinha 61 kg, e passados 7 (sete anos), ao final de 2021, ela continua dona de um corpo que dá inveja a muita gente: são 104 centímetros de quadril, 75 centímetros de cintura e 97 centímetros de busto, além de “mais de 30” tatuagens. O manequim é 40, e a altura é 1,60 metro.
“Estou precisando perder um pouco de medidas”, ri. “Mas as fotos fazem bem para a gente. A gente se sente bem, se sente querida, começa a gostar da gente mesmo, do jeito que a gente é. O segredo é justamente ir sem cobrança, porque, se você ficar neurótica, aí vai achar defeito em tudo mesmo.”
Sandra conta que pesquisou na internet até encontrar a agência e então marcou um encontro com uma das sócias, para conhecer o trabalho. A mulher optou por fazer duas revistas: uma mais sensual, que pudesse ser mostrada para amigos e familiares, e outra “apimentada”.
As imagens foram tiradas no mesmo dia, sob supervisão de uma amiga. A pedagoga levou taças e cartas da época de namoro, além de conjuntos de lingeries e sapatos que combinassem com calcinhas. Segundo ela, o cuidado na escolha das peças é sempre notado pelo marido.
“Foi muito profissional. A menina da maquiagem fez bem do jeito que eu pedi. A fotógrafa, nossa, nem tenho explicação. Às vezes você vai tirar foto em estúdio e ficam com aquela cara de ‘anda logo’, mas não foi o caso. Ela entrou no clima, disse que eu parecia acostumada a fazer isso. Até doei algumas imagens para divulgação. Eu acho que é legal, um trabalho bem feito. Por que, então, não mostrar?”, indaga.
O primeiro catálogo foi entregue ao marido em um restaurante, com a ajuda de um garçom. Sandra colocou o item dentro de um envelope e pediu que o profissional o entregasse enquanto ela estivesse no banheiro, passando batom.
Para a surpresa dela, o marido não havia aberto a “encomenda” quando ela voltou à mesa. “Perguntei o que era, ele respondeu que era uma cortesia da casa e que me esperou. Aí ele abriu. Quando viu a capa, já ficou super emocionado. Gente, ele ficou mesmo emocionado, até deu uma travada”, lembra.
A satisfação com o presente foi tão grande que, no dia seguinte, o homem levou a revista para os pais verem e mostrou a todos os amigos que o visitava em casa. “Minha sogra até perguntou se era só uma, disse que eu deveria ter feito mais e vender.”
Já a do dia dos namorados, mais picante, foi entregue junto a uma cesta com vinhos e queijos. A pedagoga afirma que a ideia agradou ao marido e deu mais ânimo ao relacionamento. Na ocasião, uma fantasia de zebra, colares e sapatos ajudaram a compor o figurino.
“Sempre falo para as minhas filhas que a gente tem que se amar primeiro para depois amar o outro. Se você não é bem resolvida com o seu corpo e não se aceita, não está certo. O esposo da nossa comadre falou para o meu marido que ele é um cara que tem cabeça boa, de me deixar fazer. Falei: ‘como é? Ele não me deixou fazer. Eu fiz. Eu quis. Foi uma surpresa. Infelizmente a maioria dos homens ainda tem uma coisa muito machista de achar que a mulher é dele e pronto. A dos outros pode, a dele, não. Isso é uma grande hipocrisia”, afirmou.
Ter ou não neuras
Bem mais magra na época dos primeiros ensaios por causa de um problema de estômago, Sandra conta que espera ver diferenças no corpo nas novas fotos. A pedagoga passou a frequentar academia três vezes por semana desde então.
“Eu notei uma pelinha debaixo do bumbum, aí sabe como é?”, disse, entre gargalhadas. “Mas é sem encanação, nada muito rigoroso mesmo. Não gosto de academia, acho que academia é um remédio amargo que a gente tem que ir fazer.”
O quadril é, aliás, a parte do corpo favorita da mulher. “Minha neta de 11 anos ama, fala que é o que ela mais acha bonito em mim, porque é redondinho.”
Sandra disse acreditar que o importante é fazer as imagens de forma "leve", para se agradar. Ela defende que a idade é um fator irrelevante.
“Eu sempre fui aquela pessoa meio bem-resolvida. Se isso não está bem, ou eu mudo ou eu encaro desse jeito mesmo. Na hora lembrei do meu pai, que diria ‘o que é isso? Uma vovó tirando fotos’. Minha mãe amou, meu irmão também. É claro que a gente tem aquelas coisas de pensar que dessa foto a gente não gosta, ‘olha minha cara, olha minha perna’. A gente até pensa: ‘isso aqui eu disfarço, aquilo eu resolvo, sempre em cima do saltão’. É uma boa experiência”, conclui.
Ensaios
Sócia de uma empresa composta só por mulheres e especializada no ramo, a Desabiê, Suely Matias conta que revistas sensuais têm surgido como boa opção de presente tanto para o Natal, como para todas as datas festivas. A empresa até fez uma promoção: o catálogo sai com 50% de desconto em relação aos tradicionais. O pacote traz ainda fotos avulsas.
As imagens geralmente são feitas em um motel, durante duas horas. As clientes têm direito a maquiagem, acessórios e CDs com as fotos originais em alta resolução.
“Todas as fotos da finalização são tratadas e todas as imperfeições que não pertencem à cliente e que estão ali temporariamente serão retiradas, sem adulterá-la. Geralmente, fazemos uma revista, mas algumas pedem exemplar extra, para ficar com uma só para ela ou porque o marido resolveu colocar no cofre ou levar em viagens de negócios”, conta.
Segundo Suely, muitas mulheres procuram o serviço por indicação de terapeutas e sexólogos ou porque tiveram AVC, câncer ou fizeram bariátrica e estão deprimidas. A empresa dá, como contrapartida, orientações de textos para a revista, além de sites em que elas possam se inspirar para fazer as poses.
A sócia da Desabiê afirma que o importante é que as clientes entrem no clima, o que quase sempre acontece. “Todas chegam dizendo que são tímidas, que não querem fazer nu, mas acabam, a maioria, sem roupa”, revela.