terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Miss Brasil é presa no Rio por dopar e roubar clientes durante programas sexuais

O concurso Miss Brasil Trans anunciou, na segunda (29/11), que a atual miss Mikaelly Zanotto perdeu seu título após “conduta irregular perante a lei”. Ela venceu a premiação em 2019 e, como não houve eventos durante a pandemia, seguia como atual dona da coroa.


Mikaelly da Costa Martinez, que tem mais de 20 anotações criminais em pelo menos três estados, atraía vítimas através de perfil em rede social 

Policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) prenderam preventivamente uma transexual que seria chefe de uma associação criminosa que rouba clientes durante programas sexuais. Mikaelly da Costa Martinez, de 25 anos, que nasceu em Mato Grosso do Sul e recebeu o título de transexual mais bonita do Brasil ao vencer o Miss Transex Brasil 2019, é investigada por atrair homens por meio do seu perfil no Instagram e, ao chegar a motéis, dopá-los para furtar alguns dos seus pertences, como celular, relógio e cartões de débito e crédito. Ela foi surpreendida quando estava na Praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio.

De acordo com o delegado Leandro Gontijo, titular da 16ª DP, em um dos casos um homem diz ter conhecido Mikaelly por volta de meia-noite de 16 de julho em um bar na Avenida Érico Veríssimo, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na delegacia, ele contou que a chamara para ir embora com ele quando estava na fila de saída. Os dois entraram no carro dele e seguiram em direção a um motel na Barrinha. No estabelecimento, a transexual teria lhe dado uma lata de cerveja com algum tipo de substância.

Ela é investigada por atrair homens por meio do seu perfil no Instagram e, ao chegar a motéis, dopá-los para furtar alguns dos seus pertences, como celular, relógio e cartões de débito e crédito. As investigações mostraram que Mikaelly utiliza diversos nomes, o que dificulta sua identificação nos crimes. Apenas em Mato Grosso do Sul, ela possui 17 anotações criminais por furto, além de dano e receptação. Ela também é suspeita de crimes em São Paulo e em Santa Catarina.

Ainda segundo o depoimento, o rapaz disse se recordar somente do momento em que percebeu que estava sem a carteira e o celular. Ao questionar Mikaelly, ela disse que chamaria no quarto uma amiga e, momentos depois, apareceu com seu comparsa, Alexandre Porto Furtado Júnior, que está foragido. A vítima acusou a transexual de roubar seus pertences. Segundo ele, a Miss saiu correndo, entrando em um carro de aplicativo. Ao pagar a conta do motel, ele percebeu que teve três cartões de débito e crédito roubados. Dias depois, foram feitas três transações financeiras de R$ 6 mil e uma tentativa de empréstimo de R$ 5 mil.

Em outro procedimento, Mikaelly é suspeita de um crime semelhante. Nesse caso, foram feitas transferências bancárias por meio de PIX para a conta dos criminosos.


Utiliza diversos nomes

As investigações mostraram que Mikaelly utiliza diversos nomes, o que dificulta sua identificação nos crimes. Apenas em Mato Grosso do Sul, ela possui 17 anotações criminais por furto, além de dano e receptação. Em 1 de janeiro de 2015, ela foi presa em flagrante por matar a travesti Douglas dos Santos Pinheiro, conhecido como Verônica Bismark, com um golpe de canivete em Coxim, a 260 quilômetros de Campo Grande. Ela também é suspeita de crimes em São Paulo e em Santa Catarina.

Há dois anos, Mikaelly foi coroada Miss Transex Brasil, tido como o mais importante concurso de beleza para “mulheres travestis e transexuais brasileiras, com décadas de tradição e inclusão”, de acordo com a organização. Na ocasião, ela vestia um figurino inspirado em rainhas medievais avaliado em R$ 30 mil.

“Eu me dediquei o ano todo para a tão sonhada coroa e tive uma equipe que me apoiou desde o começo, com estilista, maquiador, coreógrafos e professores para uma melhor oratória. Sou grata a toda essa equipe”, disse ao portal Campo Grande News à época.

TÍTULO CASSADO

Os organizadores do concurso além de cassarem o título de Mikaelly, emitiram nota de repúdio: "Em nota de repúdio, a organização disse: “A atitude isolada dela (caso único em 27 anos) não reflete a nossa filosofia de empoderamento e visibilidade positiva”.