Vejo tantas meninas enforcando-se em suas gravatas. Tantas assassinas tímidas desconexas e desconectas de sua realidade.
Vejo tantas mulheres perdidas em seus sorrisos emoldurados por batons de 1,99. São tantas vozes sumidas na floresta da solidão, nos corredores da angústia remendada por meias e calcinhas descartáveis.
Vejo um mundo que não acredita nelas, não as compreende, não as incentiva.
Vejo mentes atormentadas em busca de existência, em busca de luz, de sol. Peles escondidas em trajes sociais que pinicam, irritam e sufocam seu suor, escondem seu cheiro e corroem sua alma.
Nestas visões de mundos surreais algumas criaturas brilham mais, respondem melhor a radiação nociva do ambiente em que vivem. Algumas, mais sábias, trilham um caminho mais leve, mais tranquilo e sereno.
Porém são tantas as almas atrás das pedras, escondidas no silencio martirizante de seus quereres inalcançáveis, que me pergunto o sentido de tudo isso.
Só não vislumbro resposta. Na sociedade preto e branco talvez não sobre espaço para outras cores e a maioria continuará admirando seu quadro multicolor sozinhas, em seus armários lotados de sonhos.
Texto adaptado por Pery Salgado (jornalista e produtor cultural)