Quando eu estiver velhinha(o), vou morar um pouco com cada filho, e dar a eles tantas alegrias... do jeito que eles me deram.
Quero retribuir tudo o que desfrutei deles fazendo as mesmas coisas. Oh, eles vão adorar!
Escreverei nas paredes com lápis de cores diversas, pularei nos sofás de sapatos e tudo.
Beberei das garrafas e as deixarei vazias e fora da geladeira, vou escovar os dentes e deixar a pasta aberta em cima da pia.
Quando eu estiver velhinha(o) e for morar com meus filhos, vou tomar banho, sair pelada(o) pela casa e deixar a tolha molhada em cima da cama
Vou carregar tudo que é copo e prato que eu puder pro quarto, e vou deixar a cozinha 'um pouco bagunçada', com louças para lavar depois
Vou fazer birra pra tomar os remédios e quando se zangarem, corro ― se for capaz!
Minhas roupas vou deixar espalhadas pelo quarto, meias em baixo da cama
Quando me chamarem para o jantar que eles prepararam, não vou comer as verduras, as saladas ou a carne, vou derramar leite na mesa, na toalha limpinha que acabaram de colocar
E vou querer comer tudo aquilo que é 'porcaria' e que eu não posso por determinação do médico ou dos 'filhos'
Sentarei bem perto da TV e vou mudar de canal o tempo todo.
Tirarei os chinelos pela sala e perderei sempre um pé;
Vou sair com as amigas(os) e esquecerei de carregar o celular
Vou fugir e irei pegar um sol, sem avisar
Vou ficar pendurada(o) no computador, tablet ou celular, sem conversar com ninguém
E mais tarde, à noite, já deitada(o), vou agradecer a Deus por tudo, fechar meus olhinhos para dormir, e meus filhos vão olhar para mim com um meio sorriso e vão dizer:
― É tão doce quando está dormindo!