Foi com essa fala que Suzani da Costa Santana (39), nascida no Rio de Janeiro e moradora de Itaboraí (segundo grau completo), entrou em contato com a redação do CULTURARTE após ver algumas matérias sobre o tema tanto no CULTURARTE como no BARÃO DE INOHAN e resolveu contar a sua história.
SUZANI: "Já tinha passado por vários problemas sérios, na minha vida, em relacionamentos anteriores, já tinha tentado tirar a minha vida por duas vezes, mas o ápice foi agora no mês de junho, quando ao perder uma pessoa muito querida, tomei um remédio que fez efeito contrário e comecei a me envenenar e perdi todos os sentidos, mas meus familiares e meu atual esposo, conseguiram me levar à tempo para o hospital.
Fiquei em tratamento por 19 dias no hospital Adventista e inclusive os médicos não estavam tendo mais esperança, pois meu quadro não mudava, eu não melhorava, mas Deus me deu mais uma chance e de uma hora para outra comecei a melhorar e no dia 13 de julho tive alta, porém, continuo em um tratamento severo.
Na verdade eu luto contra depressão desde pequena e venho passando por muitas coisas em minha vida. Meu filho, devido a pandemia também surtou e entrou em depressão e isso também me afetou muito, tive que internar ele. Isso foi somando, aumentado e agravando meu quadro de depressão, onde fui diagnosticada com ansiedade e transtornos no quadro de humor.
Na verdade, neste último caso onde me envenenei, eu queria acabar com minha dor, meu sofrimento e eu não via saída para a dor que eu sentia. Só quem tem depressão sabe o que realmente nós sentimos, e para nós, não tem saída. A angustia que nós sentimos, a dor que nós sentimos chega um momento que só encontramos saída na morte. Pelo menos para mim, foi assim!
E muitos acham que é brincadeira, no meu caso não tinha apoio, achavam que eu só estava querendo chamar atenção. Por isso, procurei vocês principalmente depois de várias maravilhosas matérias que vi que vocês vivem fazendo, para dar meu depoimento, enviar minhas fotos e mostrar por tudo que passei, para que todos vejam e comecem a se cuidar.
Mas tudo pelo que passei recentemente consegui sobreviver, fiquei com várias sequelas. Fiquei bastante tempo sem conseguir andar, pois por ter ficado entubada perdi massa muscular e os venenos paralisaram meus músculos. Fui fazendo fisioterapia, tive força, andava, caia, mas não deixei isso me desanimar.
Não conseguia falar direito por causa da intubação e ainda hoje não consigo gritar, cantar... fiquei com problemas na coordenação motora, não conseguia nem comer direito, mas hoje estou bem melhor.
Tenho acompanhamento de dois psicólogos e terapeutas e não era nem para eu estar em casa, pois os médicos preferiam que eu ficasse internada, mas como tenho um filho pequeno conversei com eles e estou tendo todo este acompanhamento em minha residência.
Hoje em dia estou tendo tempo e cuidar, não está sendo fácil, mas antes, não me cuidava e não cuidavam de mim. Deus me deu uma segunda oportunidade.
SUZANI: Que procure ajuda e que não desista. E que tenha fé em Deus, sempre!
SUZANI: Sim gostaria de falar uma coisa. A primeira vez que tentei o suicídio eu procurei o CRAS daqui de Itaboraí e deve ser assim em todo o Brasil. É muita gente passando por este problema e às vezes é só um médico para todas essas pessoas e eu não consegui fazer o tratamento que eu precisava naquela época.
Um mês me tratava, outro não e não consegui fazer o tratamento que eu precisava, por que precisa pegar a receita para poder comprar os remédios que são todos controlados.
Então, se vocês puderem colocar que os governantes deveriam olhar com mais atenção e investir mais nesta área da saúde, ajudaria bastante, porque a população está doente mentalmente e está precisando de ajuda. Hoje graças a Deus eu tenho um plano, mas quando estava sem, tive crises e mais crises e eu não tinha condição de pagar um médico.
Desta vez eu tinha um plano e fui direto para um hospital particular, mas se não tivesse, como seria? Será que estaria aqui dando este depoimento para vocês? Como seria meu tratamento agora com psicólogos e psiquiatras? E o atendimento hospitalar?
O quadro de depressão vem num crescente de problemas, chega de modo silencioso na maioria das vezes. Suzani que teve problemas em relacionamentos anteriores (relacionamentos abusivos), na verdade traz de sua adolescência, as sombras dos primeiros problemas quando sofreu abusos sexuais (aos 13 anos), além de nunca ter sido bem tratada pela própria mãe, principalmente durante o relacionamento dela com seu padrasto: "tinha medo de cotar para minha mãe e ela não acreditar em mim!"
Hoje, Suzani está se tratando, está amparada, SOBREVIVEU. Mas quantas e quantos passam por isso e não sobrevivem?
Conversem, deem atenção. Ansiedade, depressão não é frescura, é UMA DURA E TERRÍVEL REALIDADE.
Não vamos deixar que um conhecido seu vire mais um número nesta triste estatística.
SUZANI: Obrigado por terem me deixado falar, dar meu recado, servir de alerta e de exemplo.