Essa frase de (Ser ou não ser: Eis a questão?) retrata bem o universo plus size ou pelo menos uma grande parcela dele. A partir de 2014 vivemos um excelente momento, onde a nossa sociedade começou a olhar para nós “gordinhas” de uma forma inovadora, diferente. Pioneiros do segmento plus size (Eduardo Araúju, Pery Salgado, Renata Poskus dentre outros) deram chances de sermos vistas, reconhecidas no mercado de modelos e principalmente, que o mundo da moda nos olhasse e com isso, passamos a nos vestir como pessoas normais, mesmo tendo um manequim avantajado.
Passamos a ser referência através de nossas curvas volumosas, saímos da nossa zona de conforto e sedentarismo, para os tabloides, revistas, rádios e televisões nacionais e internacionais. Mídias locais como o CULTURARTE deram um impulso inovador e gigante que levaram as grandes mídias a nos enxergar.
Mas pensa que é fácil?
Porque ser gordinha tem lá suas cobranças ou você pensa que basta estar acima do peso e pronto, podemos fotografar e desfilar pelas passarelas de moda? Nada disso!
O mundo da moda plus nos exige padrões de manequins e por isso temos que viver lutando contra a temida balança, para entrar nos tamanhos 44/46 extrapolando 48. E ai vem minha pergunta: ter ou não ter esses quilinhos extras?
Temos que admitir que o verbo EMAGRECER sempre será, muito bem conjugado em nossas mentes ‘gordas’ e vestir esse manequim 44 é um sonho de muitas que assim como eu, usam tamanhos maiores e até mesmo aquelas que vestem 46 para cima tem sempre uma numeração e/ou quilo extra à diminuir.
Será que ser plus size e ter quilos a mais para o mercado da moda plus é sim um bom negócio?
Subentende-se que a moda plus surgiu para dar as mulheres volumosas e curvilíneas, a oportunidade de vestir-se bem e dentro das tendências de cada estação. E se a moda é para as “GORDAS” por que ainda sim é exigido um padrão?
Conhecendo esse mundo, me deparei com mulheres de todos os tamanhos, silhuetas, formas e sem contar idades que variam entre 18 até 60 anos bem vividos, e vejo em cada uma, em cada olhar, o desejo de “FLUTUAR” (não que seja o caso), sob as passarelas de moda e ter como mérito o titulo de MODELO PLUS SIZE, sim porque esse foi o sentimento mais aguçado desde que surgiu esse tipo de moda.
Eu conquistei o meu primeiro, sou com muito orgulho Musa Plus Size Sênior de Maricá 2022, mas quantas modelos plus size estão na "passarela da vida" e até hoje não tiveram nenhum título, ainda não reconhecidas, valorizadas ou sequer vistas?
Que os holofotes sejam para todas, do 44 ao 54, pois cada uma irá atingir um grupo diferenciado de mulheres.
Ser plus é ser de verdade, é assumir que somos “GORDINHAS” mas que temos formas e que não somos escravas dessa indústria da moda que mesmo vendo nosso sucesso, se negam a admitir que rendemos lucros e esses sim, bem significativos...
E o mais importante, estar bem consigo mesma, amar seu corpo (o meu eu gosto, pode não ser lindo pois tenho problemas com meu abdome desde minhas duas gestações e isso me incomoda, tanto que estou lutando para realizar uma abnoplastia. Portanto, seja e VALORIZE-SE.
Aproveito para agradecer muito o apoio do meu produtor Pery Salgado, que sabe muito bem valorizar uma modelo e levantar a autoestima de uma mulher.
Modelo: Michele Coelho (técnica de enfermagem, modelo e Musa Plus Size Sênior de Maricá 2022)
Texto, fotos e produção: Pery Salgado
Locação: ECOS - Espaço Cultural Osias Silveira - Parque Nanci - Maricá (RJ)
Realização: PR PRODUÇÕES