Comer um bolo é bem melhor. Isso mesmo: este é o símbolo dos chamados ASSEXUAIS – pessoas que não têm interesse em fazer sexo.
“É uma forma de viver a sexualidade caracterizada pelo desinteresse sexual, que pode vir acompanhada ou não do desinteresse amoroso”, explica a pedagoga brasileira Elisabete Regina de Oliveira, autora do doutorado “Minha Vida de Ameba”, defendido em maio de 2015. Durante quatro anos, ela estudou a vida de 40 assexuais, de 15 a 59 anos, e hoje é figura central quando se trata do tema no Brasil.
Você imagina viver sem vontade alguma de fazer sexo? Pois existe muita gente que leva a vida muito bem dessa maneira. E eles não são celibatários nem puritanos. São assexuais, pessoas que nasceram sem o desejo de manter relações sexuais e, em alguns casos, nem amorosas.
Se existem muitas pessoas fazendo sexo sem amor, por que não é possível existir amor sem sexo?
Apesar da lógica da citação, viver sem sexo não é algo muito bem compreendido pela sociedade.
“Um assexual não é alguém que entrou em um relacionamento e o sexo não era bom”, afirma. Para eles, o coito é uma forma de agressão ao próprio corpo. Muitos, no entanto, fazem sexo, porque gostam de alguém e querem agradar essa pessoa.
Outros acabam buscando relacionamentos como uma forma de aliviar as cobranças sociais por uma vida como manda o figurino: namoro, casamento, filhos, férias na Disney. Um dos entrevistados de Elisabete até cogitou virar padre para, assim, se livrar das perguntas da família e das suspeitas de que era gay. No fim, acabou se casando com uma colega da faculdade. “Quando eu o entrevistei, ele já estava havia seis anos sem fazer sexo com a mulher”, conta a pedagoga.
NÃO É UMA DOENÇA
Em uma sociedade sexo-normativa e hiper sexualizada, é estranho, quase inaceitável, acreditar que a ausência de desejo sexual não seja causada por uma patologia ou trauma. Mas para a médica psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, fundadora e coordenadora geral do Prosex (Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo), a falta de libido pode, sim, ser constitucional da pessoa e nem sempre está relacionada a algum problema físico, como a baixa hormonal – normalmente apontada como uma das principais causas do desinteresse sexual.
“As pessoas que não fazem sexo e não se preocupam ou sofrem por causa disso podem viver a vida delas e não precisam de qualquer intervenção, pois não são passíveis de serem diagnosticadas nem de serem tratadas”, afirma Carmita.
1 A CADA 100 PESSOAS É ASSEXUAL
Duas pesquisas indicam que essa condição atinge 1% da população mundial. Uma feita na década 40 pelo biólogo Alfred Kinsey, ao criar a Escala de Kinsey, que visa medir o comportamento sexual das pessoas. Na época, 1% dos entrevistados apontaram que não tinham desejo sexual.
Qual seria a causa espiritual da ASSEXUALIDADE?
Realmente estamos longe de compreendermos a sexualidade, como nos diz Emmamuel em seu livro “Vida e Sexo”. Quando pensamos em comportamento sexual já ligamos o assunto à prática sexual, ao coito.
No entanto, os Espíritos, em O Livro dos Espíritos”, como também em diversas mensagens e livros psicografados, nos esclarecem que o conceito de normalidade e de anormalidade não se aplica à sexualidade, excetuados nos casos comprovadamente patológicos.
O sexo do ser humano é definido pelos órgãos sexuais. A sexualidade tem sua raiz no Espírito ou alma. Basicamente, do ponto de vista morfológico, existem dois sexos: masculino e feminino. Mas isso não acontece com a sexualidade.
“Como cada um é cada um” (individualidade), e como a sexualidade se radica nas entranhas da alma, podemos admitir a existência de 7 bilhões de sexualidades na Terra – número correspondente à sua população. Dessa forma, impossível querer comparar uma pessoa com a outra, muito embora existam similaridades no comportamento sexual.
A Ciência já está revendo os conceitos de heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade, justamente por esta razão: não há como restringir a sexualidade das pessoas em grupos com padrões definidos de comportamento.
Certa feita, uma jornalista procurou Chico Xavier para uma entrevista em Uberaba. Cética, começou a julgar o médium, em pensamento, antes da entrevista. Ao aproximar-se de Chico, o médium tomou a palavra de disse: – Não sou homossexual como você está pensando. Eu apenas não sinto desejo sexual.
Essa é uma grande confusão que as pessoas fazem: confundir a falta de desejo sexual com homossexualidade. Isso é ignorância e preconceito.
Os Espíritos não tem sexo porque não tem corpo físico como o nosso, considerando que o sexo é definido pelas genitálias. No entanto, possuem sexualidade. Fiquem atentos para a questão nº 200 de “O Livro dos Espíritos”:
Os Espíritos têm sexo?
– Não como o entendeis, porque o sexo depende do organismo físico. Existe entre eles amor e simpatia, mas fundados na identidade dos sentimentos.
“Existe entre eles amor e simpatia, mas fundados na identidade dos sentimentos.”
Pois é: amor e simpatia entre as pessoas é pura manifestação da sexualidade. No entanto, na época da Codificação Espírita, este termo e seu significado ainda não existiam, pois sua criação é recente.
Freud se referia à sexualidade como uma manifestação intrínseca, inerente ao ser humano.
Ele tem razão: Nem tudo é sexo, mas tudo pode ser sexualidade.
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Fontes:
-UOL
-O Livro dos Espíritos, Kardec
-Vida e Sexo, Emmanuel.