Em agosto, relatório de deputados da Alerj apontou despreparo das escolas para cumprir protocolos sanitários
Governo do RJ estima que 85% dos funcionários da rede de ensino já estejam imunizados com a segunda dose ou a dose única da vacina contra a covid-19, mas e os alunos? Foto: Divulgação/Governo do Rio |
GOVERNADOR E GOVERNO IRRESPONSÁVEL, obrigam que as aulas da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro voltem a ser 100% presenciais a partir da segunda-feira (25). A decisão do governador Cláudio Castro (PL) foi publicada na quarta-feira (20), no Diário Oficial do estado.
Segundo o secretário estadual de Educação, Alexandre Valle, o retorno dos alunos às salas de aula seguirá os protocolos sanitários, como uso de álcool em gel e de máscaras, embora só tenham recebido uma dose da vacina contra covid-19 e alguns, nem isso.
O governo do Rio estima que 85% dos funcionários da rede de ensino já estejam imunizados com a segunda dose ou a dose única da vacina contra o novo coronavírus, e justificou o retorno pela campanha de imunização de adolescentes de 12 a 17 anos, já que as escolas do estado são majoritariamente de ensino médio.
O cartão-alimentação e as cestas básicas que vinham sendo distribuídas para as famílias dos estudantes no período da pandemia serão canceladas com o início das aulas, informou o governo estadual. Os refeitórios das unidades voltam a funcionar.
As aulas presenciais já vinham acontecendo desde agosto em 78 municípios fluminenses, mas as escolas estavam funcionando em sistema de escala e rodízio, intercalando turmas com ensino presencial, remoto e híbrido. O protocolo funcionou de acordo com os casos de infecção pela covid-19 em cada um dos municípios do estado.
Aulas presenciais só serão seguras com vacinação de crianças e adolescentes, diz Fiocruz
Documento avalia que escolas podem fechar, na dependência de transmissão elevada ou aumento de casos
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou na segunda-feira (23/8), o documento "Recomendações para o retorno às atividades escolares presenciais no contexto da pandemia de Covid-19", baseado em evidências e informações científicas e sanitárias, nacionais e internacionais, sobre o retorno às atividades escolares.
A edição traz como novos elementos questões como a vacinação de crianças e adolescentes, a transmissão aérea da covid-19, os possíveis riscos em ambientes fechados e como enfrentá-los, entre outros temas.
O documento da Fiocruz aponta que a vacinação de jovens de 12 a 18 anos pode significar um retorno mais rápido à prática de esportes e outras atividades e a uma socialização mais completa, incluindo o fortalecimento das relações intergeracionais na família e na comunidade.
A implementação da vacinação para adolescentes pode reduzir significativamente o fechamento prolongado de turmas, escolas e interrupções de aprendizagem. O documento, tendo como base estudos internacionais, lembra que a vacinação de adolescentes em situação de vulnerabilidade clínica ou necessidade educacional especial pode ajudar a garantir a segurança e a oportunidade de acesso à escola e a educação.
“O risco de afastamento dos menores de 18 anos de suas atividades normais como escola e eventos sociais pode se revelar um risco maior do que o da própria Sars-CoV-2 para eles. Não há razão para acreditar que as vacinas não devam ser igualmente protetoras contra a Covid-19 em adolescentes como são em adultos e, em conjunto com as medidas de distanciamento e uso de máscaras, propiciem um retorno às aulas ainda mais seguro”, comenta Patrícia Canto, coordenadora do grupo de trabalho (GT) da Fiocruz sobre o assunto.
O GT Fiocruz ressalta que em um cenário de alta transmissão comunitária do Sars-CoV-2, ainda com uma cobertura vacinal completa inferior a 30% da população, no Brasil o funcionamento das escolas com atividades presenciais precisa estar associado à manutenção das medidas não farmacológicas de controle da transmissão.
O documento informa que os protocolos para o retorno seguro passaram a considerar, sobretudo nos ambientes escolares, a seguinte composição de prioridade para as medidas protetivas: adaptação para ventilação e melhoria da qualidade do ar dos ambientes; uso de máscaras com comprovada eficácia; definição de estratégia para rastreamento e monitoramento de casos e contatos na escola e medidas para suspensão de atividades presenciais; manutenção do distanciamento físico de, pelo menos, 1,5 metro; e orientações sobre higienização contínua das mãos.
Além disso, a publicação avalia que escolas podem fechar, na dependência de transmissão elevada ou aumento de casos, e devem atender a todas as medidas indicadas pelas autoridades sanitárias que garantam a maior segurança nas atividades presenciais. A decisão sobre o melhor momento para a reabertura deve seguir as orientações dos indicadores epidemiológicos, sem que se esqueça dos grandes malefícios do afastamento prolongado das atividades presenciais na saúde de crianças, jovens e adultos, bem como dos prejuízos para a educação e a formação de toda uma geração.
Para a maior segurança de toda comunidade escolar, as pessoas com sintomas respiratórios não devem sair de suas casas, exceto para procurar serviços de saúde, devem evitar utilizar transportes públicos e não devem frequentar aulas ou o local de trabalho.
O grupo da Fiocruz deixa claro, no entanto, que o plano de retorno às atividades presenciais de ensino deve ser aprovado após ampla discussão com a comunidade escolar e continuamente atualizado. E que é importante o envolvimento dos alunos, crianças, adolescentes ou adultos, na tomada de decisões. O documento traz ainda indicações para medidas de suspensão de atividades presenciais mediante o rastreamento de casos e contatos nas escolas. E aborda a ventilação e outros parâmetros que influenciam o risco de infecção aérea da Covid-19.
O GT também valoriza a ampliação do acesso da vacinação dos educadores, aliada a estratégias de monitoramento e vigilância permanente, para a melhor gestão do plano a ser estabelecido pela comunidade escolar. Segundo Patrícia Canto, o aprendizado sobre a pandemia é diário e tem sido apresentado em grande velocidade, por isso o documento precisa ser entendido no contexto na data de elaboração e estará sujeito a revisões e atualizações sempre que necessárias.
Relatório da Alerj aponta despreparo das escolas estaduais do RJ na volta às aulas presenciais
As escolas da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, que já voltaram às aulas em modelo híbrido (presencial e remoto), têm dificuldades para cumprir protocolos sanitários de combate ao coronavírus. É o que diz um relatório elaborado pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) entregue à Secretaria estadual de Educação (Seeduc) na última quinta-feira (12/8).
Apesar dos riscos com a disseminação de uma nova cepa do coronavírus, a variante Delta, que já corresponde à mais da metade dos casos analisados na capital fluminense, o governador Cláudio Castro (PSC) autorizou que as escolas de todos os municípios retomem na segunda-feira (16/8) as aulas presenciais nas escolas.
A comissão da Alerj visitou 98 unidades de ensino, em 33 municípios, e concluiu que o cenário coloca em risco a saúde de estudantes, professores e funcionários na volta às aulas. O estudo aponta que faltam funcionários para aferir as temperaturas e a limpeza das salas de aula entre os turnos.
Grande parte dos locais visitados conta com duas ou mais entradas, o que ajuda a manter o distanciamento, mas apenas 11,7% das unidades escolares estavam com os dois portões abertos, justamente pela falta de funcionários de apoio. Algumas das escolas não possuem ventilação adequada, pois as janelas são lacradas. O problema da circulação de ar também é verificado em 46,4% das salas dos professores.
"A imunização completa dos profissionais de educação é uma esperança para diminuição do risco de contágio nas escolas, mas precisa vir acompanhada de mudanças nas condições dos espaços físicos", disse o presidente da comissão, deputado Flávio Serafini (Psol).
Edição: Eduardo Miranda - Brasil de Fato