Rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel será primeira mulher trans a assumir posto no Grupo Especial do Rio
Se nada mudar, Thalita Zampirolli ficará à frente dos ritmistas no desfile da agremiação em 2025
Thalita Zampirolli, a rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel, tem muito o que comemorar. Ela não apenas festeja a vitória da sua escola de samba na Série Ouro do carnaval carioca (Unidos de Padre Miguel), mas também vislumbra ser a primeira mulher trans no posto de rainha de uma agremiação no Grupo Especial do Rio. Se nada mudar, a empresária, que já desfilou duas vezes pela Unidos de Padre Miguel, estreia na elite do carnaval.
— A Unidos de Padre Miguel sempre foi uma escola sem preconceitos. Eles sempre acreditaram no poder da força feminina. Lara Mara (de 19 anos), por exemplo, é a diretora de carnaval mulher mais jovem de toda história do carnaval carioca e do Brasil. Eu sou a primeira rainha trans deles. Então, é uma escola que não faz acepção de pessoas — analisa.
Thalita ainda completa:
— Eu nesta posição de rainha de bateria quero apenas dizer que o lugar da mulher trans é onde ela quiser. Ninguém pode dizer onde estaremos e como vamos fazer. Tenho orgulho de ser empresária, atriz e rainha de uma grande escola.
Se hoje ela é uma empresária de sucesso e reina à frente da Unidos de Padre Miguel, no passado ela sofreu preconceito por ser uma mulher trans.
— Cheguei a levar uma laranja podre na cabeça quando estava em uma feira, mas eu conseguir chegar aonde Deus me colocou e, hoje, eu sou uma mulher bem-sucedida — relembra.
Na quarta-feira (14/02), a Unidos de Padre Miguel conquistou o campeonato da Série Ouro e vai desfilar pela primeira vez no Grupo Especial em 2025. Thalita comemora a vitória da escola que a acolheu com tanto carinho.
— Esta vitória era muito esperada. A gente está com um nó na garganta há anos, sempre fazendo belíssimos campeonatos e amargando o segundo lugar. Agora estamos no lugar que merecemos e não vamos descer mais — conta ela, que chegou a desmaiar de emoção na quarta-feira durante a apuração na cidade do samba quando a escola foi anunciada vencedora.
Thalita Zampirolli desistiu de perfil no OnlyFans
Rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel, Thalita Zampirolli não é mais usuária do OnlyFans, site de conteúdo adulto. A empresária deixou de publicar os conteúdos picantes na plataforma e encerrou sua conta, após seu perfil ter sido acessado por vários assinantes, curiosos por suas imagens mais ousadas.
Segundo a influenciadora digital, que acumula mais de três milhões de seguidores no Instagram, ela não pretende reabrir sua conta no site adulto.
— Não tenho mais interesse. Abri no auge de quando virou modinha, e não foi pelo financeiro. Criei para meus fãs e pelas pessoas que perguntavam "Thalita, já que você posta uma foto de biquíni porque você não abre uma conta no Onlyfans?". Não me arrependendo de ter criado o perfil, sempre fiz tudo consciente — conta a capixaba, que está solteira no momento.
Apesar de sua desistência com o OnlyFans, Thalita compartilha momentos mais à vontade nas redes sociais. No Instagram, ela faz questão de publicar fotos em que aparece de biquíni.
Para o desfile, a rainha intensificou seus treinos para duas vezes ao dia, para ter maior resistência na Avenida, além de seguir uma dieta balanceada.
— Faço uma dieta focada até ter um resultado legal no corpo, mas também não deixo de comer os prazeres da vida, como cachorro-quente, pizza e outras "gordurices" que a gente ama — explica a empresária de 31 anos.
Mulher trans, rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel luta contra a LGBTfobia
A luta contra a LGBTfobia é uma bandeira que Thalita carrega desde quando ela se reconheceu como uma mulher trans. Apesar disso, ela já sofreu preconceito.
— Quem tem preconceito tá fora de moda. Todos os dias a gente vê pessoas morrendo por conta da homofobia. A faixa etária que uma transexual vive hoje no Brasil é até 35 anos. Tento mostrar para a sociedade que todas as mulheres trans conseguem sim ocupar o posto como meu, consegue sim ser uma empresária de sucesso, e também ser uma rainha de bateria — analisa.
- Além disso, precisamos ter cada vez mais força para vencer esse preconceito - finaliza.