Terça feira 13 de fevereiro. O emblemático número 13 que persegue (ou não) a vida no maricaense raiz. Mas dia 13 de fevereiro de 2024, foi dia de comemorar o retorno dos desfiles oficiais da escolas de samba no Maricarnaval, lembrando que nos desfiles oficiais, a última campeã foi a Inocentes de Maricá em 2008.
Em desfiles não oficiais, a última campeã foi a Saco das Flores em 2020, quando da disputa do troféu Imprensa (dias antes da decretação da pandemia da covid-19), troféu este ainda não entregue à vencedora.
Mas, enquanto comemoramos o retorno do desfile organizado pela LACAM (Liga das agremiações carnavalescas de Maricá) com apoio da secretaria de turismo, lamentamos que pela primeira vez, não foi escolhida a corte de Momo (evento também organizado pela Lacam) devido as imbróglios no concurso em 2023. Portanto, permanece em exercício a corte de 2023, mas será que os chamaram para a abertura oficial dos desfiles, como sempre acontece?
Mas, nem tudo é festa, e aproveitamos este momento de retorno, para perguntar, porque Maricá não tem memória e não reverencia quem tanto fez pela sua história e principalmente pela história do Maricarnaval, sendo eleito o Rei Momo por nove anos consecutivos, feito único em todo o Brasil, só igualado pelo Rei Momo da cidade do Rio Janeiro - Alex Reis.
Conversamos com o eterno Rei Momo que sempre em minhas matérias tanto para o Barão de Inohan quanto para o CULTURARTE (na época ainda CULTURARTEEN) o chamava de D. JOÃO I, D. JOÃO II... até ser o D. JOÃO IX, o único!
E nosso (para nós sempre será) eterno Rei Momo, fez um emocionante desabafo, onde já pedimos que as escolas de Maricá, voltem a lembrar "daquele gordinho que sambava (e ainda samba) muito!!!
D. JOÃO IX, O ETERNO REI MOMO DE MARICÁ
Por que Maricá esquece tão facilmente daqueles que fizeram história, que deixaram sua marca por um determinado tempo?Por que não valoriza àqueles que alegraram a cidade, principalmente com seu sorriso, sua simpatia e muito samba no pé?
Maricá talvez seja um bom retrato do Brasil, que pouco lembra e não valoriza devidamente suas personalidades.
Em meados de janeiro de 24, reencontrei através da rede social Facebook, o filho de um amigo, ao qual labutamos juntos no início dos anos 2000. Na época, o menino aparentemente tímido e muito estudioso, ajudava o pai em parte do seu trabalho.
De repente, aquele menino tímido, bem gordinho, aparece brilhando nos palcos de Maricá, concorrendo ao título de REI MOMO, título este que conquistou por 9 anos consecutivos, aliás, apenas ele (ao qual em minhas matérias no Barão de Inohan e no CULTURARTE - na época CULTURARTEEN apelidei de REI JOÃO, REI JOÃO I, REI JOÃO II... até ser REI JOÃO IX) e Alex Reis, Rei Momo no Rio de Janeiro, conquistaram 9 títulos consecutivos de Rei Momo, só que poucos lembram disso. E após este contato recente pelo Facebook, vi que virou Babalorixá, e enviou um emocionante relato para mim:
"Me conheceu adolescente, amigo do meu falecido pai. Obrigado por lembrar de mim, João Bonfim Júnior. Em tempos novos com tantos rostos diferentes ser lembrado é muito bom.
Estive presente por nove anos consecutivos nos carnavais de Maricá, sendo Rei Momo aliás, só eu e Alex Reis, Rei Momo do Rio conseguimos 9 vitórias seguidas... mais ninguém no Brasil conseguiu este feito até então!
Vim de uma época sofrida de carnaval e mudanças de governo que quase destruíram o carnaval da nossa querida cidade. Infelizmente toda luta, toda glória, todo brilho e todo samba ficou no passado! Ninguém se recorda do reinado de 9 anos consecutivos! Muita luta, muita devoção ao posto momesco. Sem erros! Com muito respeito e muita alegria.
Infelizmente ficou no passado, o que me resta é a lembrança, fotografias e jornais passados.
Sem reconhecimento, sem privilégios. Me tornei a velha guarda sem destaque, sem apoio e sem reconhecimento.
Vejo a escola de samba evoluindo, vejo os ensaios e a dor de não estar ali, não ter rostos que lembrem o que no passado foi tão elogiado. Não vai existir samba igual. Um gordo, negro de Maricá, sambando muito. Agora só os magros com samba de passista. Acabou a história, a tradição que norteava os carnavais não tão antigos. Mas o povo esquece. O que sobra é a lembrança e as faixas desbotadas no meu armário.
Como sambava aquele gordinho, quantos prefeitos ele já abraçou, quantas chaves da cidade ele já recebeu!
Passado. Que a juventude de hoje demostre mais respeito com quem veio antes para que hoje eles possam sambar lindamente!
Abraços desse eterno Rei!"
Que Maricá respeite quem fez história, em todos os setores. Ainda há tempo!!! (José Pery Salgado - jornalista e produtor cultural)