A terapeuta e influencer, ajuda mulheres a resgatarem suas essências e lidar melhor com as relações
Abaixo então, a entrevista para a coluna POUCA VERGONHA do Metrópoles:
“Oi, deusas”. A frase já é conhecida de quem acompanha a terapeuta holística Thamires Hauch no Instagram. Com um começo de carreira nas redes sociais dentro do segmento fitness, a influencer passou por um processo de autoconhecimento e mudou o foco: hoje, ajuda mulheres a resgatarem suas essências e descobrirem suas forças.
Em 2021, a carioca de 27 anos lançou seu primeiro livro, intitulado Faça o amor ser fácil. O projeto surgiu de um texto de mesmo título publicado por Thamires no Instagram, que teve 50 mil curtidas e 20 mil compartilhamentos. Na obra, são tratados temas e dilemas recorrentes na vida de todas as mulheres que estão vivendo ou buscando relacionamentos.
Em sua página no Instagram, a escritora não só fala sobre relacionamentos, como também sobre empoderamento e sexualidade de forma didática e bem-humorada. “A energia sexual bem trabalhada nas mulheres pode ser uma das maiores fontes de criatividade e libertação”, garante.
Para falar sobre o novo projeto, a missão de ajudar mulheres e a importância da sexualidade e do autoconhecimento para o feminino, a Pouca Vergonha bateu um papo com Thamires. Confira:
Como começou o seu interesse pelo feminino e em que momento você percebeu que esse seria o seu nicho de influência na internet?
O interesse surgiu baseado na necessidade de cuidar do meu feminino. Assim, claro, nasce também a identificação de outras mulheres com esse processo. Fui crescendo nesse nicho, tomada pela vontade latente de abraçar essas mulheres com doses diárias de amor-próprio, verdade e bom humor. Eu percebi que esse seria o meu caminho no exato momento em que comecei a trilhar. Nunca tive dúvidas.
Como foi o processo do livro, desde a concepção até o lançamento? E como tem sido o feedback do público?
O livro sempre foi um sonho, que nasceu a partir de um texto de nome “Faça o amor ser fácil” (mesmo título do livro), publicado na minha página no Instagram. Foi um furacão escrevê-lo, pois aconteceu em poucos meses o que eu esperava levar pelo menos um ano. Ele aborda questionamentos diários que eu recebo acerca de relacionamentos amorosos, tem linguagem simples é é uma leitura leve. Responde dúvidas e traz reflexões. A resposta do público está sendo melhor do que eu esperava! Só tenho a agradecer.
Ainda que seu público seja majoritariamente feminino, há também homens que se interessam e acompanham seu trabalho? Como e o que os homens podem aprender com seu conteúdo?
São poucos. Ou pelo menos poucos demonstram (risos). Eu fico sabendo mais pelas próprias companheiras ou amigas deles. Acredito que eles possam, principalmente, refletir sobre a problemática comportamental do machismo dentro das relações hétero, e como certas atitudes que parecem tão corriqueiras atingem as mulheres de maneira tão severa.
Além de questões afetivas sobre relacionamento, o seu livro trata também de questões sexuais? O que as leitoras podem esperar sobre o tema?
Não abordei o sexo nesse livro, quem sabe num próximo? Mas, com certeza, explorando o amor-próprio e a valorização, a forma como as mulheres lidam com a sexualidade será amplificada.
Como funciona e qual a importância da energia sexual para as mulheres? É diferente do que é para os homens?
A energia sexual bem trabalhada nas mulheres pode ser uma das maiores fontes de criatividade e libertação. Para nós, é uma enorme quebra de paradigma lidar com a energia sexual de maneira mais livre, sem vergonha, com coragem. A partir da masturbação, por exemplo, a mulher interrompe todo um processo milenar de não-autorização do prazer feminino. É revelador, é poderoso.
É diferente sim, pela forma como somos criadas para lidar com isso, que é, no caso, não lidando. Bem diferente do cenário masculino.
Ainda que a sociedade tenha avançado bastante, muitas mulheres ainda têm receio e vergonha de falar e gostar de sexo. Na sua opinião, por que isso acontece e qual a melhor forma de se libertar dessas barreiras?
Uma das primeiras frases que escutamos e registramos quando criança é: “Tira a mão daí, menina!”, quando uma menina coloca a mão na vulva. Isso gera vergonha e medo, enquanto meninos são encorajados a se orgulhar de seus pênis. Crescemos acreditando em um prazer para o outro, em uma vida em que vivemos para ser escolhida por alguém, em um mundo em que transar no primeiro encontro ainda é tabu e te classifica como “mulher pra casar” ou não. Quem não lembra de “bela, recatada e do lar?”.
A verdade é que a sociedade patriarcal nos tira todo o poder, nos rotula e nos coloca em uma posição de extrema vulnerabilidade, principalmente em relação aos nossos próprios corpos. Não é de se espantar que nos coloquemos, inconscientemente, à mercê desse sistema. É interessante que possamos ir abrindo a cabeça para novas ideias, reflexões, entendendo por que fazemos o que fazemos e qual é a verdadeira vontade de nossos corações. Uma das teclas em que mais bato: busque a sua verdade.
As mulheres costumam enviar perguntas e pedir conselhos relacionados a sexo? Quais são as que você mais recebe?
Sim! As mais recebidas: se é errado transar no primeiro encontro e dicas de melhores vibradores.
Nos últimos anos, o seu perfil no Instagram, que tinha um segmento mais fitness, mudou conforme você passava pelo seu processo de autoconhecimento. Você percebeu uma mudança de público também, ou quem te acompanhava se adaptou e passou a acompanhar seu novo conteúdo?
Mudou muito! Muita gente me acompanhou e veio mudando junto, o que é lindo de ver. Mas muita gente não se identificou mais, e tudo bem. Faz parte do processo. Hoje, diria que é um público 99% novo.
O seu processo e mudança interior interferiram na sua relação com você mesma e na forma que você lida com sua sexualidade? Como?
Nossa, 1000% (risos)! Quando eu entendi que era dona do próprio umbigo e da própria verdade, passei a ganhar mais confiança para ser quem eu realmente sou, e isso inclui não calcular julgamento, mas se a forma como me comporto me machuca ou me ajuda, é só.
Além disso, com a maturidade emocional, passei também a valorizar cada vez mais quem eram as pessoas com quem estabelecia essa troca (hoje, estou casada). Eu gosto muito de dar o seguinte conselho para algumas mulheres: tem certeza que você quer mesmo encontrar essa pessoa? Não é só tesão acumulado? Siririque-se e vai que passa (risos).
A pandemia e o período de quarentena, ao mesmo tempo que trouxeram medos e ansiedades à tona, também fizeram muitas pessoas pararem para olhar para si. Qual dica você dá para as mulheres que querem aproveitar o período para resgatar a intimidade consigo mesmas e lidar melhor com suas sexualidades?
Olha que período interessante para criar intimidade consigo.
Olhar o próprio corpo não pra julgar, mas pra conhecer. Andar mais pelada pela casa, observar todo dia, de uma forma diferente, de que jeito você sente prazer e descobrir que você é livre pra se tocar, sem ninguém pra te julgar.
Para as suas seguidoras, você costuma falar sobre o uso dos vibradores. Na sua opinião, qual a importância da masturbação e do uso dos sex toys para a sexualidade feminina? Os benefícios acabam servindo também para o sexo com o(a) parceiro(a)?
Isso também é autoconhecimento. Nada mais poderoso do que sentir-se detentora do próprio prazer. Os sex toys exploram outras áreas de prazer, trazem novas sensações corporais e mostram que sexo vai muito além de penetração.
Com certeza servem. Muitas vezes culpamos o outro por não saber nos dar prazer da forma correta, mas também cabe a nós saber a própria forma e sinalizar.
Com o lançamento do seu primeiro livro, quais são os planos para o restante do ano e para quando a pandemia acabar? Pretende retomar os encontros e cursos presenciais?
Meu desejo é rodar com o livro por aí durante algum tempo, em encontros presenciais, palestras, mentorias. Não vejo a hora de abraçar todas as mulheres pessoalmente. Enquanto isso não acontece, após o livro, lançarei um curso, mas ainda não posso falar muito sobre..
Qual a sensação de saber que você ajuda tantas mulheres a se libertarem e passarem pelo mesmo processo de autoconhecimento que você passou? Você recebe muitos feedbacks nesse sentido?
Eu costumo dizer que não tenho a menor noção disso até me deparar com as declarações lindas delas. Me sinto enorme! Importante! Grata. Agradeço todos os dias da minha vida pela oportunidade de trabalhar com o que eu trabalho e tocar mulheres como eu toco.
Para finalizar, qual o recado que você dá para as mulheres que ainda não buscaram reencontrar suas essências por insegurança e influência das crenças limitantes que são impostas a elas há tanto tempo?
Deusas, sempre é tempo de descobrir quem vocês são de verdade. Essa mulher selvagem aí dentro vem batendo à porta, só esperando que você utilize a chave. A dica é: ela sempre esteve com você. É sobre ter coragem de usá-la ou não.