Ela sempre foi o sorriso em pessoa. Sua alegria de viver sempre contagiou. Vaidosa (não ao extremo), sempre adorou fotos, curtir a vida, a família, e conquistar, sempre conquistar seja um pequeno espaço, assim como grandes vitórias.
Entrou para o mundo das modelos e em pouco mais de um ano foi conquistando tudo o que aparecia na frente, até chegar ao título máximo de MISS BRASIL SÊNIOR 2021/2022.
Superou a pandemia, e foi superando com muita luta todos os empecilhos da vida, até que em 2022 o mundo pareceu desabar sobre sua cabeça e duas grandes perdas afastaram ela da vida, do mundo, entrou em depressão, sofreu de ansiedade... enfim, deixou de ser a Fernanda que todos conheciam e amavam.
Mas ela é uma Fênix, e viu que precisava lutar contra tudo, todos, e até mesmo contra ela, naquilo que havia se transformado. E foi vencendo (a dor das perdas ainda são imensas), superando, crescendo, voltou a enfermagem que tanto ama (seu início de vida profissional), e depois de quase seis meses da sua última aparição aqui nas páginas do CULTURARTE, ela retorna, sempre linda, exuberante, mas ainda se recuperando e reaprendendo a viver. Literalmente seus primeiros passos nesta nova fase, após o retorno a enfermagem, foi cuidar de si, do corpo, da mente, da alma e começou a fazer trilhas e como sempre fez e volta a fazer, nos traz dicas valiosas que estão ajudando muito nesta reabilitação.
Que bom ter você de volta, Fernanda Brasil, MISS BRASIL SÊNIOR 2021/2022
Fernanda: A alegria é minha, a saudade era enorme, sofri (ainda sofro), mas precisava deste tempo para mim. Agora, renovada, com mais força e sempre com muita Fé em Deus (que nunca me abandonou), trago para vocês 10 motivos para fazer trilhas, que estão me ajudando muito, em tudo!
1. Se conectar com a natureza
Em grandes cidades, quase tudo chega pronto: empacotado, processado e separado pra consumo. Da mesma forma, tudo que descartamos parece desaparecer: a água desce pelo ralo, os dejetos pela descarga, o lixo vai embora num caminhão. Na vida urbana, nos distanciamos da origem das coisas.
Fazer trilhas é uma forma de lembrar de onde vem a vida. Ouvir os barulhos dos bichos, identificar os cheiros das plantas, sentir a consistência da terra.
Entender na prática os impactos da nossa presença no mundo. Se você deixar lixo, ele vai ficar ali. Se sair da trilha demarcada, vai provocar erosão. Se pisar nas plantas, elas podem morrer.
Estar junto à natureza também tem o poder de nos fazer perceber como somos pequenos, mesmo nos julgando tão importantes. Grãozinhos de areia nesse mundo imenso.
E nos ensina, ainda, a respeitar a natureza, impotentes que somos frente à sua vontade. Se ela quiser fazer chover, vai chover. Se decidir nevar, vai nevar. Se o rio encher e não pudermos passar, cabe a nós voltar.
2. Sair da rotina
Rotinas nem sempre são más, mas podem ter o poder maligno de nos sugar pra dentro delas. Entre listas infinitas de afazeres, horários marcados e expectativas sociais, nos distanciamos das pequenas coisas que mais importam.
Sem falar no estresse do trânsito, o caos das grandes cidades, as energias negativas daquele chefe ou colega de trabalho. A mesmice de ir sempre aos mesmos lugares, socializar com as mesmas pessoas, consumir os mesmos conteúdos.
Se meter na natureza é uma forma de desestressar, renovar energias e romper com a rodinha de hamster em que costumamos correr. É pausa, respiro daqueles mais necessários.
3. Se conectar consigo mesmo
Uma das muitas funções dessas pausas, aliás, é nos ajudar a fazer uma caminhada pra dentro. Mesmo fazendo trilhas em grupo, essa é uma atividade essencialmente individual. É você ali, lidando com seu corpo e sua mente. E o ambiente de tranquilidade, silêncio e desconexão tecnológica é o cenário perfeito pra se conectar com nós mesmos.
Especialmente em trilhas longas, é quase inevitável ocupar o tempo refletindo sobre a vida. Sem notificações no celular, sem notícias negativas a se anunciar e sem preocupações supérfluas pra nos ocupar, sobra mais tempo pra pensar no que realmente importa.
4. Se conectar com outras pessoas
O que não significa, é claro, que você não possa usar esse tempo pra se conectar também com outras pessoas. Já fiz trilhas com amigos, familiares, grupos formados pra isso e pessoas que conheci pelo caminho. Às vezes parto sozinha, mas por questão de segurança, nunca faço a trilha toda sem companhia.
E seja através de situações desastradas e engraçadas, da união que só um bom perrengue traz ou da solidariedade pra superar obstáculos, a experiência de trilhar com alguém tende a nos conectar. É uma ótima forma de criar ou amarrar laços.
5. Se conhecer melhor
Mas voltando ao rolê pra dentro de si: fazer trilhas foi, até hoje, uma das formas mais poderosas que encontrei pra me conhecer.
Se você ficar atento aos seus comportamentos, pode perceber limites, forças e fraquezas que nunca tinham ficado tão evidentes, ou identificar tendências que já tinha percebido em outras situações.
Pra isso, vale se questionar: você faz mais do que pode por competitividade? Desiste antes mesmo de tentar? Ajuda quem tem mais dificuldade? Fica atento aos sinais do seu corpo? Consegue se concentrar no momento? Sabe pedir ajuda quando necessário?
6. Se superar
Ah, e sabe esses tais limites e fraquezas? Não é só questão de constatar a presença deles, mas também de lidar com eles. Um dos melhores motivos para fazer trilhas, na minha opinião, é justamente esse: se superar.
Cada um de nós tem seus limites físicos e psicológicos. Alguns têm medo de altura, outros têm fobia de lugares apertados, enquanto muitos se incomodam com o condicionamento físico limitado, e por aí vai.
Eu, por exemplo, me sinto muito descoordenada, não confio na força das minhas pernas e braços e morro de medo de trechos mais técnicos. Me sinto apreensiva, achando que vou escorregar, e às vezes fico com as pernas bambas e deixo a ansiedade me tomar.
Mas conseguir ir em frente, superando medos, nos preenche de uma sensação de recompensa sem preço.
Se machucar e seguir em frente, caminhar apesar da dor, entender seu ritmo e parar pra descansar ou voltar atrás quando necessário são todos processos que nos ensinam muito. Aprender a lidar com nossas frustrações e limitações é um grande presente das trilhas pra gente.
7. Aprender a valorizar o caminho
De tantos aprendizados, acho que um dos mais difíceis pra muita gente – especialmente as gerações atuais, acostumadas a fazer mil coisas ao mesmo tempo – é simplesmente focar no momento. Ao fazer uma trilha longa ou difícil, é essencial encarar cada passo e cada obstáculo de uma vez.
Eu, ansiosíssima, sempre aproveito as trilhas pra praticar meditação ativa, me concentrando em cada instante, até pra evitar me machucar. E tento trabalhar o psicológico pra não ficar pensando em quanto ainda falta, ou em como será o ponto de chegada.
Outro dos meus motivos para fazer trilhas preferido é esse: entender que na vida, quase sempre a maior graça não tá no destino, mas no caminho.
8. Conhecer lugares lindos
Ainda assim, é claro que a lindeza toda não se resume ao (incrível) processo pra dentro da gente, né? Seja no final ou pelo percurso, a maioria das trilhas nos presenteia com lugares e detalhes deslumbrantes que não conheceríamos de outra forma.
Uma paisagem deslumbrante, um banho de cachoeira delicioso, uma praia deserta, uma geleira fantástica. Ou uma pedra de formato engraçado, uma flor supercheirosa, um inseto coloridíssimo, um pássaro que você nunca tinha visto… O mundo é maravilhoso demais pra gente conhece-lo só pelos caminhos mais fáceis.
9. Simplificar
Um bom “ganho colateral” de fazer trilhas é perceber que é possível ser feliz sem muitos supérfluos da vida urbana. Qualquer trilheiro aprende na marra: menos é mais.
Até em trilhas de um só dia, o desapego é necessário. O conforto assume prioridade acima da estética e os itens “obrigatórios” são aqueles realmente necessários pra nosso bem-estar, como água e comida.
Carregar mil coisas inúteis na mochila torna o caminho mais difícil e nos mostra na prática como é gostoso passar pela vida com leveza (literal e metafórica).
10. Se exercitar
Outro importante motivo para fazer trilhas é sentir na pele a importância de praticar exercícios, ou usar a prática regular como forma de condicionamento.
Eu sempre fui do time #sedentáriosdecarteirinha. Um desastre total com qualquer tipo de esporte, tive as aulas de educação física como um dos piores pesadelos da minha infância e adolescência.
Na vida adulta, descobri algumas poucas coisas que me obrigam a mexer o corpo e me dão tanto prazer quanto estar sentadinha lendo, escrevendo, comendo ou tendo uma boa conversa. E a principal delas é caminhar, além de dançar (minha eterna paixão), o que é, por si só, são ótimos exercícios, que me motivam a melhorar meu condicionamento.
Esses passeios tem sido um grande aliado para saída da minha depressão. Recomendo a todos vocês. E que bom estar de volta aqui, conversando com vocês. Um grande beijo!!!