A utopia da eterna juventude é um dos sonhos mais antigos do ser humano. Na ficção temos mitos como o de Ponce De Leon e Shangri-La, que descreviam locais onde águas milagrosas reverteriam os efeitos da velhice nas pessoas. Atualmente a ciência conta com recursos como pílulas para manter a memória ativa e cremes de colágeno que prometem uma pele livre de rugas para disfarçar os efeitos da idade.
Agora, o desejo de prolongar a juventude acaba de ganhar um promissor aliado. Cientistas da Universidade de Keio, no Japão, desenvolveram uma droga que pode ser uma espécie de fonte da juventude. O medicamento é feito de uma substância chamada mononucleotídeo de nicotinamida (NMN). Encontrada em vários alimentos comuns, como o leite, ela estimula a produção da sirtuína, enzima com uma função chave no envelhecimento: a preservação dos tecidos do corpo.
Dessa forma, a ideia dos cientistas é usar o NMN para reativar a capacidade de fabricar essa enzima, função que o organismo vai perdendo com a idade. Até agora a substância só foi testada em ratos de laboratório, e os resultados foram animadores: a droga retardou os declínios naturais do metabolismo, manteve a energia, melhorou a visão dos bichinhos e diminuiu a intolerância à glicose — problemas que vão crescendo quando a gente envelhece.
Com o sucesso dos testes em animais, o próximo passo é observar como o NMN age nas pessoas. De acordo com o cronograma da pesquisa, os testes em seres humanos começará ainda neste mês de julho. A substância será testada em 10 voluntários saudáveis que passarão algum tempo ingerindo a substância para ver se ela realmente é efetiva contra a velhice, e se há efeitos colaterais que não foram notados nos ratos.
Apesar de animadora, os cientistas da Universidade de Keio ponderam que ainda que o NMN tenha funcionado muito bem em ratos, não há garantias que esse efeito se manterá nos seres humanos, uma fez que o organismo dos roedores é muito menos complexo do que o nosso. A esperança dos pesquisadores é que o NMN ajude a retardar alguns aspectos da velhice em humanos — e não que ele pare totalmente o processo.
O teste será feito na Universidade de Keio, com a ajuda da Universidade de Washington. A pesquisa é tratada como uma prioridade científica no Japão, onde a população local possui longa expectativa de vida e deve “envelhecer” nos próximos anos (estima-se que em 2055, 40% dos japoneses terão mais de 65 anos). Se a substância passar no teste, será a primeira droga no mercado que retarda — e não apenas disfarça — o envelhecimento.