O CULTURARTE nos seus quase 20 anos, tem como um dos principais focos de sua linha editorial, a valorização das pessoas, pegando grandes histórias (principalmente de mulheres com suas dores e superações), para servirem de exemplo e motivação para outras pessoas e principalmente mulheres e se possível, mulheres jovens.
Já passaram por aqui nestes quase 20 anos grandes mulheres, com grandes histórias, mas a que vamos apresentar hoje, com certeza é bastante impactante e por esse motivo, deixaremos que a própria autora conte sua história. Seja bem vinda Mileide Ferreira!
MILEIDE: Olá! Muito obrigada pela grande oportunidade, então minha história começa assim! Meu nome é Mileide, tenho 37 anos, vim morar em Maricá com 25 para 26 anos por aí e veio comigo meu marido e meus dois filhos, na época eles tinham entre 7/8 anos. Hoje moro em Araçatiba.
Eu só tinha eles dois e logo depois que cheguei em Maricá engravidei do terceiro. Quando vim para Maricá, vim tentar uma nova vida pois eu morava no Rio na baixada fluminense e lá era muito perigoso para deixar eles na rua para brincar ou criar eles como era necessário.
Quando vim morar em Maricá achei que teria apoio da minha mãe que já morava aqui, mas que na verdade me abandonou e nunca quis saber de mim e muito menos dos seus netos, mas pensei errado e até hoje ela é assim, nos ignora por completo!
Cheguei a pensar que com a perda da minha avó, sua mãe, ela mudaria mas me enganei literalmente. Segui em frente com a família que construí, que Deus me deu, mesmo com tantas feridas, cansei de mendigar o amor de uma mãe que nunca me quis e com abandono dessa mãe, passei por abuso infantil, sem pai e morei na casa de vários parentes até que fui criada pelos meu avós que eram tudo na minha vida. Daí, quando vim morar em Maricá minha vida mudou completamente, obtive uma mudança total, fiquei mais madura mas sempre cuidando, zelando e amando meus filhos, e meu marido sempre comigo! Ele nunca soltou minha mão, meu grande companheiro.
Perdi meu avô para o câncer quando morava no Rio e com o tempo minha avó também faleceu de aneurisma cerebral.
Em dado momento surgiu uma inclusão na minha cidade, o conhecido PASSAPORTE UNIVERSITÁRIO e com essa oportunidade eu fiz a prova e passei, fiquei tão feliz e tinha falado para minha avó que ela ia se orgulhar muito de mim pois eu seria uma ASSISTENTE SOCIAL EXCELENTE. Na época, ela ainda estava viva porém muito debilitada, mas infelizmente ela não chegou a me ver formada. Sofri muito pois a minha avó era minha verdadeira mãe, minha maior amiga, era tudo pra mim, nunca me abandonou sempre zelando por mim e pelos bisnetos, me ligava 24 horas para saber como estávamos, fiquei muito mau quando ela faleceu.
Foi justamente no começo da faculdade no terceiro dia de curso, sofri muito e sofro até hoje, queria abandonar a faculdade mas pensei como ela ia se orgulhar de mim no céu e não poderia ser egoísta com meu marido e meus filhos que me apoiaram em todo progresso que alcancei.
Deus sabe de tudo, então descobri a minha quarta gravidez, e foi no período da pandemia, tive problemas sérios na gravidez uma gestação de risco, mesmo com pré-eclâmpsia, descolamento de placenta e outros problemas, Deus não deixou nada acontecer pois meu milagre tinha que vir ao mundo, e ele nasceu de 7 meses e com 1,7 kg. Ficou internado 15 dias mas logo voltamos para casa!
Com isso terminei a faculdade, me formei com ele nos meus braços e com a minha família ao meu lado e minha avó (no caso a foto dela que sempre me acompanha) minha inspiração de mulher guerreira que sou! Ela criou 9 filhos e um adotado fora a neta que sou eu!
Então me formei com muitas dores da vida, dificuldades e grávida! E hoje sou uma assistente social, quis ser assistente social por tudo, pela minha história, de abuso e abandono para então acolher pessoas que passam pela mesma situação que eu passei e não tinha quem me ajudar, me dar uma direção, um suporte.
Não sabia dessa profissão até que trabalhei em um posto de saúde e vi que o quão importante um assistente social competente e profissional faz a diferença, esse amor de acolher vem do meu caráter, minha essência. Como Deus sabe de tudo e tudo tem seu tempo ou seja no tempo de Deus, meu filho foi diagnosticado com TEA (aspecto do autismo) e TDAH, já desconfiava desde que ele tinha um ano mas ninguém acreditava em mim e com isso até eu mesma fiquei achando que poderia ser da minha cabeça, mas eu tenho 4 filhos, sou uma mãe zelosa, observo tudo quando se trata dos meus filhos, e percebi que Kevin era diferente, foi então que com 2 anos resolvi investigar e com essa investigação veio o diagnóstico, que mostrou que eu não estava errada. Chorei, perguntei a Deus porque eu, mas lembrei que tudo é no tempo de Deus e que me formei em uma profissão que vai dar um suporte à ele que eu praticamente fui instruída para esse papel e que minha família que Deus me deu, ama ele demais, tem um cuidado uma atenção linda de se ver!! Então me acalmei e falei para mim mesma “levante a cabeça e segue em frente, porque você já passou por coisas bem piores".
Deixo aqui uma reflexão: NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS, pois mesmo com 4 filhos e com muitas dores, nunca desisti dos meus objetivos e de me tornar a mulher que sou!"
Essa é Mileide Ferreira, nossa guerreira que passou por muitos problemas, soube superar, crescer com a ajuda de um grande companheiro que entendeu que estar AO LADO de uma grande mulher, é sempre o melhor caminho e hoje 'realizada', é uma nova ASSISTENTE SOCIAL para ajudar aqueles que precisam. Parabéns menina!!!
