quarta-feira, 13 de março de 2024

"E depois das homenagens?" por Marília Lima

Precisamos acolher e abraçar outras mulheres respeitando cada uma em sua própria e única identidade.
Ontem, hoje e sempre!!! 


Geralmente reluto em postar algo, especialmente homenagens nos dias disso, daquilo ou daquilo outro. Mas, me rendo ao coletivo, porque confesso: Ainda ajo cedendo a alguns " padrões"!

Como muita gente, também postei sobre o Dia da Mulher...  Mas fiquei como sempre, insatisfeita com o 'depois'. Fico me perguntando o que acontece depois das homenagens? E não estou falando somente do que acontece em relação ao tratamento que a mulher recebe dos homens...

Estou falando do comportamento geral onde muita coisa bonita é dita, mas muitas palavras são jogadas ao vento e usadas de forma repetitiva e descoladas das práticas diárias.

Isso me incomoda, mas o que mais me deixa sem paciência, é o fato de termos ainda, por menos que se goste,  continuar usando o verbo "lutar," para de definir, falar sobre ou homenagear mulheres. E chato mas até entendo que ainda precisamos falar e agir sob sua regência!

Entretanto, falando em lutar, o mais grave disso é quando percebo que muitas mulheres conjugam o verbo, nas relações com aquelas que deveriam apenas, abraçar e acolher - as outras mulheres! 

Mulheres deveriam "lutar" juntas, por autonomia financeira e igualdade salarial, por equidade de direitos, por políticas de cuidado, pelo reconhecimento da representação feminina em todo e qualquer espaço, por respeito

Mas, infelizmente ainda vemos ausência de conhecimentos e consciência sobre a importância destas pautas coletivas, que certamente poderiam nos colocar numa posição completamente diferente da que nos encontramos.

Vejam bem, não desqualifico homenagens não. Julgo importantes sim, mas as lutas, a trajetória, as conquistas, os limites e possibilidades individuais precisam ser respeitadas SEMPRE, em primeiro  lugar, entre nós, mulheres. Precisamos acolher e abraçar outras mulheres respeitando cada uma em sua própria e única identidade. 

Termino, citando Simone de Beauvoir que traduz um pouco do que penso:

"Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância!"... Ontem, hoje e sempre!



Texto: Marília Lima - Psicóloga, Neuropsicóloga, Gerontóloga, especializada em Saúde Mental, Estimulação e  Reabilitação Cognitiva e Motora 

Informações e orientações de Marília Lima 21 97285-3989