sábado, 9 de novembro de 2024

A TRAJETÓRIA DE SUPERAÇÃO DE ELIANE ALVES


O nome dela é Eliane Alves, mãe de 4 lindos filhos. 
Nasceu em Nova Iguaçu, mas sua infância até os 16 anos foi em Maricá. Ainda com 16 anos foi morar em Nova Iguaçu, voltando pra Maricá em 2008, quando veio cuidar da sua mãe, que era uma enfermeira do hospital Conde Modesto Leal desde 1991, uma guerreira que era adorada por todos no hospital, sempre amiga dos pacientes cuidando de todos com amor, mas que infelizmente passou por uma cirurgia coronariana e não voltou.

Foi assim que Eliane ficou em definitivo em Maricá residindo em Itapeba, na casa que sua mãe deixou.

Elaine veio para Maricá com três crianças, trabalhou de cabeleireira e segurança nas casas de shows para sustentar seus filhos. Encontrou um novo companheiro e se casou e tendo mais um filho, o Miguel, que hoje tem 12 anos de idade e é autista.

"Uma surpresa pra minha vida, um presente de Deus. No início foi difícil aceitar, mas com o apoio de uma família humilde que me abraçou como se fosse deles, me apoiaram em todos os momentos. 

Teve uma avó que não era de sangue mas que o amava como se fosse seu, uma madrinha - filha dela - que sempre fez tudo por ele, desde os primeiros passos, aniversário e tudo que eu precisava, eu aqui sozinha, sem mãe, reconstruindo minha vida aqui.

Estava destruída, mas Deus sempre esteve ao meu lado, e sempre colocou pessoas que me deram apoio e forças", explicou Eliane.

"Hoje ainda trabalho de segurança, mas como vigilante patrimonial, tenho um Studio de beleza na minha casa, e estou cursando uma faculdade de Biomedicina, onde já estou no 5º período.

Quando cheguei aqui, meu filho mais velho - Geovanny Alves Fernandes - tinha apenas 12 anos, e hoje aos 26 anos, é vigilante e está cursando Direito na Universidade em Vassouras. Meu outro filho João Vitor Alves Fernandes (23),  trabalha na construção civil na empresa Landy, está casado e minha filha Jamile Alves Soares (18), está cursando Gestão Ambiental, e concluiu o curso de Bartender no Qualifica Maricá", falou orgulhosa a mamãe coruja.

"Meu caçulinha o Miguel, estuda no Colégio Clério Boechat no Flamengo, cursando o 7º ano. Muito inteligente e participativo, gosta de apresentar os trabalhos da turma e gosta que respeitem os mais velhos. Faz Equoterapia no Espraiado e terapia em grupo no Capsi. A cada dia ele supera mais obstáculos. No dia 25 de maio conseguiu reaprender a andar de bicicleta, desde de pequeno não conseguia", falou Elaine.

Nossa guerreira que é modelo Plus Size, trabalha a noite, faz faculdade semipresencial, e mesmo separada, continuo sua jornada. Já conquistou um concurso de beleza na categoria Plus Size em Maricá.

Evangélica, exerce sua fé para não desistir e se manter de pé, isso faz com que consiga superar e se levantar de todas as percas e obstáculos que a vida tem lhe colocado.

ABUSOS E VIOLÊNCIA

Já passou por abuso doméstico e ameaça, sem poder gritar: "Tinha apenas 11 anos de idade e meu pai era um cara poderoso, ninguém acreditaria em mim. Ele tentou matar minha mãe, pagando um matador de aluguel que acabou não tendo coragem de matá-la. Acabei ficando com ele, pois ele que tinha minha guarda e por muitas vezes resisti a abusos e acabava apanhando muito, sendo chicoteada, pisada e por vezes ficando desacordada.

Uma vez, contrai uma infecção intestinal e ele não me levou ao pronto socorro, me trancando por dias no meu quarto. Quando finalmente me levou para o hospital, os médicos disseram que eu não iria sobreviver, mas Deus interviu e não permitiu que eu fosse embora.

Minha infância foi sempre vendo meu pai traindo minha mãe, embora ele fosse muito responsável comas coisas de casa, não deixando faltar nada para nós. Tínhamos muita mordomia. Meu pai era um homem bem sucedido, mas sempre muito violento e após a separação deles, ele ficou com a minha guarda e de meus dois irmãos.

Foi ai que começaram os abusos, pois eu vivia praticamente em cárcere privado. Ele não me deixava sair para lugar nenhum, nem para brincar. 

Vivia com medo, sendo abusada. Queria sempre me dar banho, eu já era mocinha, já tinha corpo e ele me ameaçava dizendo que se eu falasse para alguém, que me mataria.

Fazia coisas na minha frente para eu ver. Teve muitas relações com minha madrasta e me levava para o quarto para que eu visse tudo e aprendesse, pois queria depois fazer tudo isso comigo. Foi ai que comecei a gritar quando ele vinha me procurar. Mas as pessoas tinham medo dele, meus irmãos não acreditavam em mim e ai comecei a ser espancada.

Minha madrasta também incentivava meu pai a me bater, por qualquer motivo. Se eu deixasse de lavar a louça, de arrumar a casa, era motivo para levar surra e acabei sendo a escrava da casa do meu próprio pai.

Eu era abusada e escravizada para limpar uma casa enorme de dois andares. Chegava da escola, tinha que lavar, arrumar, limpar tudo enquanto a minha madrasta só fazia crochê.

Quando eu estava cansada e me negava a fazer alguma coisa, eu apanhava muito e a única solução que encontrei, foi fugir de casa após um dia onde ele pegou uma arma e tentou me matar.

Fui morar em um barraco (que era a casa da minha mãe), onde não tínhamos às vezes condição nem de comer, pois minha mãe não tinha pensão.

Passamos fome, passamos muitas necessidades, pois minha mãe ganhava no hospital antigamente apenas meio salário mínimo como auxiliar de enfermagem. Só depois que passou a ser técnica de enfermagem, que as coisas ficaram menos difíceis. Mas essa foi a única forma que Deus me deu de escapar de todo esse sofrimento pelo qual passei.

Minha mãe deixou essa casinha muito humildade onde hoje eu moro e venho aos poucos reformando com meu trabalho, com muita luta", concluiu realizada, sendo mais um grande exemplo e motivação para muitas mulheres.