TODO CARIOCA É FLUMINENSE, MAS NEM TODO FLUMINENSE É CARIOCA. TODO FLUMINENSE É TRICOLOR, MAS NEM TODO TRICOLOR É FLUMINENSE.
Vamos as explicações!
Isso mesmo que você está lendo: todo carioca é fluminense também. Obviamente que estou me referindo ao gentílicos dos nascidos no Rio de Janeiro, e não do time de futebol sediado nas Laranjeiras.
O Fluminense, inclusive, só tem esse nome porque é um time do Rio de Janeiro. Na verdade, o nome do Fluminense Football Club vem do latim flūmen, que significa "rio". Ou, seja, o termo também é usado para se referir aos nativos do Rio de Janeiro (ESTADO).
Até mesmo muitos residentes do município carioca e do estado do Rio de Janeiro de maneira geral costumam confundir a diferença entre os gentílicos carioca e fluminense.
Na verdade, os cariocas são os nascidos no município do Rio de Janeiro, sendo este a capital do estado fluminense. Na época do extinto estado da Guanabara (21 de abril de 1960 até 21 de abril de 1974), a cidade estado (sim, porque toda a cidade do Rio de Janeiro cabia no pequenino estado da Guanabara, que ocupou o lugar do Distrito Federal que se mudou para Brasília quando inaugurada em 21 de abril 1964) tinha dois gentílicos: GUANABARINO aqueles nascidos no estado da Guanabara que por sua vez eram todos CARIOCAS - nascidos na cidade do Rio de Janeiro.
A partir de 22 de abril de 1974, com a FUSÃO do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro (capital Niterói), a capital do novo estado do Rio de Janeiro (pós fusão) passou a ser a cidade do Rio de Janeiro onde todos os nascidos são CARIOCAS e também FLUMINENSES pois nasceram no estado do Rio de Janeiro, assim como todos os outros naturais das demais 91 cidades do estado (atualmente).
Uma curiosidade é que todos os FLUMINENSES também são conhecidos por PAPA GOIABA (veja história abaixo).
Os fluminenses, vale repetir, são os naturais do estado do Rio de Janeiro e isto inclui os cariocas da capital fluminense.
Por ter nascido na Cidade Maravilhosa, sendo esta a capital do estado do Rio de Janeiro (atualmente), eu (jornalista Pery Salgado, mesmo torcendo para o América - sou fluminense e carioca (e um dos poucos Guanabarinos ainda vivos) ao mesmo tempo.
TODO FLUMINENSE É TRICOLOR MAS NEM TODO TRICOLOR É FLUMINENSE
Na seara futebolística, o FLUMINENSE é conhecido como o time pó de arroz e tricolor (pelas suas cores - grená, branco e verde), ou seja, todo torcedor do FLUMINENSE é tricolor, mas nem todo tricolor é fluminense. Na cidade do Rio de Janeiro outro time é tricolor: o Madureira Esporte Clube, conhecido como tricolor do subúrbio, tem em suas cores o azul, o amarelo e o grená.
No estado do Rio, outros times são tricolores, mas não são o FLUMINENSE.
E aí, fica uma curiosidade: um tricolor (torcedor do FLUMINENSE), se nasceu no estado do Rio é também FLUMINENSE. Um torcedor de outro time como o FLAMENGO por exemplo, que tenha nascido no estado do Rio, também é FLUMINENSE. Aceite que dói menos!!!
A história dos papa-goiabas
Além da Ponte Rio-Niterói, existe um lugar. Uma cidade muito mencionada, mas pouco conhecida. Seu Jorge a leva para o Brasil e o mundo em seu repertório e, por isso, talvez você saiba o quanto o trânsito afeta a vida de seus moradores. Não se trata de um bairro de Niterói, ou ainda, de um município da Baixada Fluminense.
São Gonçalo é um município rico. Rico de território, rico de paisagens, rico de recursos. E rico de gente. Ou melhor, rico do melhor tipo de gente: daquele que ama, que dá as mãos e vive a vida com alegria, mesmo quando não há motivos para sorrir. A décima-sexta maior população do país detém um potencial gigantesco e um percurso histórico importantíssimo para o entendimento das culturas gonçalense, fluminense e brasileira.
A cidade foi fundada em 1579 por Gonçalo Gonçalves, colonizador português, e assim foi nomeada pela devoção do sesmeiro ao santo católico São Gonçalo do Amarante. Porém, a sua história está diretamente vinculada à resistência indígena: a cultura e o legado dos povos Tamoios, que habitavam toda a região antes da chegada dos portugueses, são perceptíveis nos estabelecimentos e leituras locais.
Seu desmembramento foi realizado por jesuítas, instalados no que hoje seria o bairro do Colubandê, localizado próximo à rodovia RJ-104. Como em tantos outros territórios, a sede da sesmaria localizava-se às margens do Rio Imboaçu, que corta a cidade por cerca de 8 km. Orbitando essas zonas, estão localizadas as principais construções coloniais da cidade, que teriam importância turística se assim fosse investido pela Prefeitura.
A partir do século XVIII, contando com uma população mais numerosa e com capelas religiosas instaladas, o território ampliou suas práticas econômicas: surgiram engenhos de açúcar e aguardente, sob utilização de mão de obra escravizada. Segundo o site da Prefeitura, cerca de 30 engenhos operavam em 1860. Outra atividade muito praticada era o comércio, devido à conexão com o litoral pela Baía de Guanabara.
No entanto, apesar da importância dos rios para o povoamento, foi ao redor da ferrovia, construída em 1890, que ocorreu a ocupação da cidade. Em razão do escoamento de café, as províncias do Rio de Janeiro foram cortadas por estradas de ferro, que, no caso de São Gonçalo, foi essencial para o crescimento urbano-populacional.
Itaipu já pertenceu a São Gonçalo
Somente a partir de 1922 que São Gonçalo foi elevado à condição de cidade. Hoje, ela abrange cinco distritos, em um território de mais de 249.000 km². Porém, é importante lembrar que, em 1943, foi perdido o Distrito de Itaipu, conhecido por suas belas praias como a de Itacoatiara, para Niterói.
Apesar do crescimento industrial registrado na década de 1940 e 1950, que empregou e trouxe muitos migrantes para a cidade, e a transformou no parque industrial mais importante do Estado, hoje São Gonçalo é considerado uma cidade-dormitório. Grande parte de sua população precisa se deslocar para trabalhar, principalmente em direção ao Rio de Janeiro.
Importante lembrar que a importância histórica de São Gonçalo não se restringe a economia. Uma das maiores contribuições de São Gonçalo à cultura brasileira está em ser o local de nascimento da Umbanda. O terreiro de Zélio de Moraes, localizado no bairro de Neves, promoveu as primeiras sessões no século XX. No entanto, durante o mandato da prefeita Aparecida Panisset, esse patrimônio foi demolido. É preciso lembrar que esta é a única manifestação religiosa integralmente brasileira e essa casa representaria a memória religiosa de um povo.
Assim, percebe-se que a cidade apresenta uma história longa, ainda pouco abordada, e sabe-se que menor ainda é sua divulgação para seu próprio povo. Reconhecer que o lugar onde se vive é compositor e participante de movimentos da história brasileira poderia elevar a consciência local e o interesse pelo lugar onde se vive. Por trás de toda a depreciação e humor que envolve falar de São Gonçalo, é notável o fato de que o gonçalense é resistência. Sob pouquíssimo investimento em cultura, em educação e em saúde, os seus moradores sempre se apresentaram em falta (e em busca).
Além da Ponte Rio-Niterói, existe um lugar. Um lugar que precisa se ver como parte da história e como produtor de cultura. Um lugar que precisa de atenção e investimento público. Um lugar que precisa se reconhecer. Um lugar que precisa notar que é bonito e tranquilo para, aí sim, sua gente lhe amar.
E sobre os papa-goiabas, a cidade já foi a maior produtora de goiabas do estado do Rio de Janeiro. Hoje o maior produtor é Cachoeiras de Macacu, cidade bem próxima à São Gonçalo.
Pery Salgado (jornalista, engenheiro, fotógrafo e produtor cultural)