segunda-feira, 18 de novembro de 2024

OS ALTOS E BAIXOS NA VIDA DE ITAELI RIBEIRO


Uma história de muito sofrimento, quase morte, quase prostituição, muita violência mais no final, a volta por cima e muita superação. Uma volta por cima na verdade para poucas, pois nem todas mulheres teriam forças para passar, viver e superar tudo que nossa guerreira desta matéria passou, viveu e superou.

Normalmente, fazemos uma entrevista, mas nessa matéria, pedimos que ITAELI RIBEIRO contasse detalhadamente sua história de vida. 


ITAELI: "Olá queridos amigos e leitores do CULTURARTE. Quero agradecer muito a oportunidade que o jornalista Pery (Barão de Inohan e CULTURARTE) está me proporcionando de finalmente contar tudo o que passei em toda minha vida.

Vamos lá! Aos 3 anos de idade morando no Mato Grosso do Sul, minha mãe biológica me deu para um casal, creio que só o meu pai de criação me queria, pois só ele me tratava bem.

Fui crescendo e sempre mal tratada pela mãe de criação, tratada e chamada de empregada, até que um dia eles se separaram e foi pior para mim, pois meu pai ( foto acima) veio morar no Rio de Janeiro, e fiquei com ela no MS até os 15 anos, quando então vim morar com meu pai aqui no Rio de Janeiro.

Por ele sempre fui bem tratada, estudando, só que aos 17 anos eu comecei namorar e engravidei de uma pessoa que você conheceu (melhor não citar o nome dele na matéria).

Era uma pessoa maravilhosa, me assumiu, éramos carne e unha, com ele tive 2 filhos lindos, com ele aprendi muitas coisas boas, me colocou pra trabalhar em lugares bons, escritório de advocacia, fui do Tribunal do júri, sempre com uma boa comunicação, educada, boa aparência, a família dele sempre me aceitou muito bem, era a minha família.

Era uma das mulheres sem falsa modéstia, mais lindas de Maricá. Tinha um corpão, me cuidava, saia como destaque nas escolas de samba da cidade, fui destaque na coluna A GATA DA HORA por toda minha beleza e atributos físicos.

Com ele fiquei casada por 17 anos, só não fiquei mais devido a fatalidade que ocorreu com ele. Na época, meu filho tinha 11 anos e minha filha 15, foi por Deus eu não estar com ele na hora do ocorrido. 

Ele tinha acabado de me deixar em casa, e o assassinato aconteceu. Parece que ele sentiu,  só andávamos juntos, estávamos andando de moto e ele disse, vou te deixar em casa, não fica se expondo comigo, me deixou em casa, e disse: 'vou ali e já volto'! Foi morto na esquina de casa com 18 tiros.

Depois disso, perdi o rumo, comecei a abandonar meus filhos, minha vida, trabalho, passei a deixar de cuidar de mim e me envolvi com drogas, cocaína, no início ainda era pouco, mas foi aumentando, me envolvendo com pessoas erradas, todo dinheiro que eu pegava na época era para drogas, sequei, emagreci muito, passei um bom tempo assim, até em prostituição pensei para conseguir dinheiro para as drogas mas Deus é misericordioso e me deu uma nova oportunidade.

Comecei a trabalhar mesmo usando drogas em um quiosque de pastel e caldo de cana e lá conheci um homem, um homem da igreja, abençoado também e que me quis, me aceitou como eu era.

Começamos a nos conhecer, namoramos e casamos, todos aceitaram ele, inclusive a família do falecido, pois esse homem, me ajudou a sair das drogas. Voltei a dar atenção aos meus filhos, à minha neta, entrei para a igreja e foi só benção. Voltei a trabalhar, fiz cursos, técnica de enfermagem, padaria e confeitaria, fiquei casada com ele 7 anos, mas infelizmente fui fraca e comecei novamente a me envolver com falsos amigos, drogas, comecei gastar tudo o que tinha com as malditas drogas, vender o que tinha e o que não tinha, até mesmo as coisas do meu marido, que não aguentou tanto sofrimento e me internou, mas não teve jeito.

Sai e continuei, a ponto de de vender um carro (um Fiat Uno táxi, 4 portas) por R$ 200,00 para usar de drogas. Pensei novamente em me prostituir. Só não cheguei a me prostituir porque sempre tive meu dinheiro e trabalhava, mas quando não tinha eu vendia minhas coisas a ponto de não ter nada em casa, até mesmo as ferramentas do meu ex-esposo eu vendi.

Ele como era um homem de bem e também tinha uma família que sempre me aceitou muito bem, não aguentou, nos separamos.

Eu tinha um apartamento no MCMV, morávamos lá, ele saiu, dividimos as coisas e eu fiquei lá, continuei usando drogas e vendendo o que tinha.

Passado um tempo, eu conheci outra pessoa. Ele era envolvido com drogas também, também envolvido nos trabalhos da boca, fizemos amizade, mas eu via muita tristeza nele, vontade de sair dessa vida, mas quem era eu pra aconselhar alguém para sair daquilo onde estava envolvida até o pescoço???? 

Era aniversário dele nesse dia, mas mesmo assim, nosso assunto foi Deus, quem disse que Deus não usa os loucos pra confundir os sábios ???? 

A amizade foi crescendo, começamos a ficar juntos, isso foi em 27/07/2020, mas sabe como é usuário, usa drogas, bate tristeza, depressão, tem vontade de sair, quer, mas é difícil, e continua, só que eu que era usuária de cocaína e aí conheci o crack, para piorar minha vida!

Passei a me envolver com "amigos" usuários do mesmo,  perdi meu apartamento para os meninos da boca, eu perdi e o meu agora marido, perdeu o dele também.

Tivemos que ir embora, ficamos sem lugar pra morar a ponto de morar na rua, dormir com cachorro, pedir comida na rua. Para quem tinha tudo, estava literalmente no fundo do poço.

Meus filhos, família, já não falavam mais comigo, já estavam cansados, não adiantava aconselhar, afinal, a pessoa tem que querer mudar, por mais dependente que seja.

Vim morar em São Gonçalo, por mais que eu usasse, eu sempre falei com Deus, mas é difícil, meu esposo saiu da boca e começou a trabalhar com obras, aliás, trabalha muito bem, mas o vício continuava, eu e ele, agora tínhamos uma casa alugada, conseguimos os móveis, pois apesar de tudo, ele é guerreiro, inteligente e trabalhador, era o vício que nos atrapalhava!! 

Chegava o fim de semana, com dinheiro na mão, buscava o crack. Voltei emagrecer, gastar tudo o que tinha e não tinha, vender coisas de dentro de casa, só que a gente morava na frente da igreja e era triste, porque a gente usando e nos dois conhecedores da palavra.

Deus falava, a gente continuava usando e o pastor na igreja em frente nossa casa pregando, 'vocês vão sair dessa vida, das drogas'. Deus falava claramente com a gente, a gente usava, sem aguentar, fora as brigas, de sair na porrada mesmo, de ficar toda marcada, de no dia seguinte querer comer um miojo e não ter dinheiro, mas depois, ao conseguir o dinheiro e não saia para comprar o miojo, e sim para comprar drogas.

Quando a gente não tinha dinheiro, pegava dinheiro com agiotas todo dia a ponto de receber e ficar sem nada. Teve vez de estar com fome em casa e só ter arroz, nem sal pra temperar o arroz.

A MUDANÇA

Hoje tenho crises, convulsões, lapsos de memória e epilepsia, tenho que tomar todos os dias remédios controlados.

Um certo dia uma moradora de rua aí em Maricá, olhou para mim me disse: 'você é uma mulher muito bonita". Eu ainda era usuária de crack, e eu estava perdendo meu marido, minha família. Me olhei no espelho e desde esse dia resolvi parar, pois eu preferi me amar, amar minha família e meu esposo.

Nunca esqueci essas palavras dela, não me lembro dela devido o lapso de memória, mas lembro das palavras. Meu esposo também já não aguentava mais, teve um dia que ele não queria mais e eu insistindo em usar, ele chorando começou a falar de Deus, de maneira extraordinária. Não era ele,!!!

Cansamos, resolvemos sair dessa casa que para nós já estava pesada demais, decidimos JUNTOS, não queremos mais, porque não adianta um querer parar e o outro trazer e vice versa.

Estamos limpos há 6 meses, sei que é cedo para falar que estamos libertos, mas não queremos mais, estamos reconquistando tudo que perdemos, sem brigas. Estamos engordando, andando limpos, porque até isso na época das drogas, a gente deixou de fazer, a gente não se cuidava mais, era uma sujeira só!

Minha família está voltando a falar comigo, meus filhos, hoje vou ao culto, ainda não estou firme na igreja, mas de vez em quando vou, nos afastamos de muita gente, de bar, quando da vontade de tomar uma cervejinha vamos só nós dois a praia e não bebemos mais do que duas. Não falta comida em casa está tudo sendo uma benção.

E a cada dia peço mais forças a Deus e agradeço por toda misericórdia que Ele está tendo por nós dois, e pela minha vida em especial.

Agradeço a oportunidade que vocês do CULTURARTE me deram e por favor, deixo aqui um grito de alerta: AFASTEM DAS DROGAS!!! SALVEM SUAS VIDAS!!!"