sábado, 24 de dezembro de 2022

"Queria que tudo coubesse em uma mala de mão" por Ândora Motta

 Mala de mão 


Queria que tudo coubesse em uma mala de mão.

Meus sonhos, meus objetivos, meus filhos e netos, meus amores verdadeiros, a tranquilidade, meu amor próprio, minha singeleza e meu ardor sexual.


Uma toalha de banho, duas calças jeans, duas ou três camisetas, minha saia rodada, meu vestido hippie e o de astronauta, dois sutiãs, três calcinhas e duas meias.

Minhas esperanças que ainda não morreram, meu amor ideal, minhas bênçãos conquistadas, o amor de meus pais e antepassados.

Minha escova de dentes e uma pasta, maquiagem, creme para rosto e pés, shampoo e condicionador, pente.

A alegria de estar viva, o bálsamo de gozar, o carinho das verdadeiras amizades, a perseverança do meu caminhar.

Meus anéis e colares, o japamala meu chapéu de bruxa, o Ganesha feito de amigurumi, São Miguel, a bíblia, alguns cristais e livros.

A compaixão pelos animais e pessoas, o sorriso dos que eu amo, o bem-fazer à tudo, o barulho de chuva e cheiro de mato, os olhos marejados a ver a beleza de um céu estrelado.

O baralho cigano e o tarô, meu massageador, o Ênio e a Pantera cor de rosa, todas as fotografias que eu tiver, meu all star laranja preferido, uma sandália preta e um chinelo.

Mala de mão, dar uma mão a si mesmo e à quem precise, sustentar as promessas e sua verdadeira essência, seria tão leve que viajaria o mundo interior e exterior sem me cansar.

Não caberia eletrônicos, os deixaria para a história e futuras gerações.

Fui e vou.

Texto e Fotos: Ândora Motta: Jornalista/ Terapeuta Holística/ Escritora/ Bewitched and Charmed

Realização: PR PRODUÇÕES