Mala de mão
Queria que tudo coubesse em uma mala de mão.
Meus sonhos, meus objetivos, meus filhos e netos, meus amores verdadeiros, a tranquilidade, meu amor próprio, minha singeleza e meu ardor sexual.
Uma toalha de banho, duas calças jeans, duas ou três camisetas, minha saia rodada, meu vestido hippie e o de astronauta, dois sutiãs, três calcinhas e duas meias.
Minhas esperanças que ainda não morreram, meu amor ideal, minhas bênçãos conquistadas, o amor de meus pais e antepassados.
Minha escova de dentes e uma pasta, maquiagem, creme para rosto e pés, shampoo e condicionador, pente.
A alegria de estar viva, o bálsamo de gozar, o carinho das verdadeiras amizades, a perseverança do meu caminhar.
Meus anéis e colares, o japamala meu chapéu de bruxa, o Ganesha feito de amigurumi, São Miguel, a bíblia, alguns cristais e livros.
A compaixão pelos animais e pessoas, o sorriso dos que eu amo, o bem-fazer à tudo, o barulho de chuva e cheiro de mato, os olhos marejados a ver a beleza de um céu estrelado.
O baralho cigano e o tarô, meu massageador, o Ênio e a Pantera cor de rosa, todas as fotografias que eu tiver, meu all star laranja preferido, uma sandália preta e um chinelo.
Mala de mão, dar uma mão a si mesmo e à quem precise, sustentar as promessas e sua verdadeira essência, seria tão leve que viajaria o mundo interior e exterior sem me cansar.
Não caberia eletrônicos, os deixaria para a história e futuras gerações.
Fui e vou.
Texto e Fotos: Ândora Motta: Jornalista/ Terapeuta Holística/ Escritora/ Bewitched and Charmed
Realização: PR PRODUÇÕES