Apresentadora do MasterChef explica por que aceitou fazer fotos de maiô e faz uma reflexão sobre a exposição pública da carreira. "Há bastante crueldade", afirma.
Ana Paula Padrão completou 57 anos na última semana de novembro. Em maio, a apresentadora do MasterChef+ realizou um ensaio sensual que deu o que falar. O propósito foi combater o etarismo, e Ana já imaginava a repercussão. Ao Band.com.br, ela comenta a razão que a fez topar o convite.
“A minha carreira não se baseou na exposição pública do corpo. Imagino que seja apenas por esse motivo [a repercussão]. Eu sabia que chamaria a atenção. E eu fiz justamente por isso, para chamar atenção do etarismo (veja o que significa no final desta matéria)”, declara.
"E para a gente dizer, olha só o que pode fazer uma mulher de 56 anos. O que ela quiser!"
Antes do MasterChef, Ana Paula trabalhou nas principais emissoras de TV do país como jornalista. A transição para o entretenimento também causou barulho à época. A apresentadora acredita que as pessoas, por vezes, possuem uma visão sobre ela relacionada à carreira que ela construiu.
“Para contrariar a expectativa sobre mim, fiz uma foto [sensual] que eu normalmente não faria. Para chamar atenção, tenho que me mostrar de outra maneira”, avalia.
Exposição e julgamento “cruel” do público
Com mais de 35 anos de exposição pública, Ana Paula aprendeu a lidar com o julgamento pelas escolhas que fez – o que nem sempre foi fácil.
“Não reclamo porque seria absurdo reclamar de quão bem sucedida fui na minha profissão. Outra coisa é ter de lidar o tempo todo com todas as suas escolhas públicas”, afirma. “Tenho uma certeza que é a de que não vivo para corresponder à expectativa do outro. Mas muitas vezes, quando você está em um espaço público, você acaba fazendo um pouco o que os outros esperam. É da lógica da cultura tentar agradar quem está à nossa volta”, analisa.
Com 57 anos recém-completados, Ana afirma que a maturidade contribuiu para que ela se tornasse mais resiliente em relação ao julgamento dos outros.
“As pessoas podem a todo tempo dizer se concordam com a mudança que você está promovendo na sua vida. Isso pode ser bastante cruel. Nem sempre as pessoas são cuidadosas ao dizerem o que pensam de você. Quase sempre elas dão opinião porque se sentem no direito por você ser uma pessoa pública. Não foi sempre simples. Há bastante crueldade nesse processo", afirma.
"Essa é outra vantagem desse processo. Quanto mais madura, menos atingida você se sente."
O que é etarismo e qual seu impacto na vida de uma pessoa, principalmente de um idoso?
Quem nunca ouviu a frase “Você não tem mais idade para isso!”?
Esse tipo de opinião pode ser classificada como etarismo ou ageísmo, que consiste no preconceito, na intolerância, na discriminação contra pessoas com idade avançada. Nos Estados Unidos, o termo é discutido desde a década de 60 e, na Europa, recentemente novas leis foram criadas contra a discriminação etária na esfera profissional. Infelizmente, no Brasil, o termo ainda é pouco conhecido.
O etarismo no dia a dia
Vagas de emprego são negadas “devido à idade” e até mesmo atividades que proporcionem bem-estar à pessoa – como, por exemplo, matricular-se em uma academia – são vistas como não adequadas. Até mesmo o simples fato de a pessoa não querer expor a idade demonstra isso.
A cantora Madonna, de 62 anos, foi vítima de etarismo após publicar um vídeo sobre a hidroxicloroquina para o tratamento da COVID-19 em uma rede social, sendo chamada de “velha” e “gagá” por disseminar notícias falsas. O vídeo foi excluído. O preconceito ficou.
O estereótipo de que a idade é um empecilho afeta consideravelmente a vida das pessoas, fazendo com que ela sofra e se afaste do convívio social, ficando mais deprimida e deixando até mesmo de cuidar de sua saúde.
Mas essa não é a maneira correta de pensar e precisamos colocar esse tema em discussão. Negar o envelhecimento de outras pessoas, discriminando-as por isso, é negar a própria vida, pois todos seguirão pelo mesmo caminho – o do envelhecimento que, aliás, é um privilégio.
Ana Paula Padrão mostrou, venceu e superou. E nós da PR PRODUÇÕES, lutamos há anos para ajudar a romper esse preconceito. Junte-se à nós!