Na vida encontramos todos os tipos de pessoas e temos conhecimento de muitas que vencem, outras que vivem, várias que sobrevivem e muitas que sofrem e passam por todos os tipos de problemas que só por quem passa, sabe o tamanho dele.
Vimos uma postagem em dos grupos da PR PRODUÇÕES no Facebook (Chico Xavier) e o relato e forte desabafo, nos chamou atenção. Entramos em contato para ouvir e saber mais sobre aquele grito de socorro e conhecemos Marcia Francieli Pereira da Cruz (35), uma mulher linda, mãe de seis lindos filhos, que esconde por trás de toda sua beleza e sorriso (que ainda insiste em emoldurar seu lindo rosto), uma história comovente e em muitos pontos assustadora.
Pedimos à ela que relatasse com detalhes seus problemas e tudo o que já passou em sua vida (ainda na flor de sua existência). Os relatos são fortes:
MÁRCIA: Me chamo Márcia tenho 35 anos, moro na cidade de Canelinha em Santa Catarina, mas nasci e me criei na cidade de Santo Augusto no Rio Grande do Sul.
Sou a mais velha de 3 irmãos. Na verdade minha história acho que começa mesmo antes de nascer. Minha mãe foi vítima de abandono, sua avó (minha bisavó) a deixou junto com seus irmãos. Meu avô colocou os 2 irmãos em um orfanato e entregou minha mãe pra que a avó paterna criasse.
Minha bisa morreu e meu avô passou a ‘entregar’ minha mãe pra adoção. Minha mãe passou por uns 7 casais até chegar no último que a criou.
Mas sua vida desde novinha (já com tanto sofrimento), foi um inferno literalmente. Ela foi muito espancada, abusada inúmeras vezes e devolvida todas as vezes pelos casais.
Meu avô não tinha condições pra criá-la, assim dizia ele. Enfim no sétimo casal, ela conseguiu viver com eles dos 8 aos 16 anos. Mas não era uma vida fácil. Era meio que empregada e babá dos netos do casal e trocava por abrigo e comida.
Aos 16 anos ela conhece meu pai, aos 18 se casou e logo engravida de mim. Meu pai era possessivo e tinha muito ciúmes da minha mãe, uma mulher sofrida mas muito bonita. Ele também bebia muito, era alcoólatra.
Minha mãe disse que quando eu nasci foi o dia mais feliz da vida dela, ela dizia que sempre me via em seus sonhos exatamente como eu nasci, loirinha e olhos azuis. Ela dizia ser amor de outra vida.
Quando eu tinha um ano e pouco, minha mãe engravidou da minha irmã, meu pai era um animal se é que eu posso ofender os pobres animais. Ele batia, espancava minha mãe até os dente dela já tinha quebrado. Certa vez encheu a barriga da minha mãe de chute quando ela estava grávida de uns 8 meses da minha irmã. Lembro que minha mãe conta que eu chorava de fome e que ela pensava como ia sustentar mais uma, mas que se foi enviada era pra ser...
Meu pai dizia que minha irmã devia nascer morta, acho que ele tentou matar ela ainda na barriga da minha mãe porque não tem outra explicação do porque ele chutou e socou a barriga dela.
Passaram uns dias e minha mãe entrou em trabalho de parto, por azar não tinha médico somente enfermeiras, e foram elas que fizeram o parto. Minha irmã não tinha força pra nascer, chegou a desmaiar dentro da barriga de minha mãe, tiveram que puxar ela com as mãos, fez fezes dentro do útero, porque passou da hora dela nascer. Ela nasceu muito desnutrida, minha mãe contava que ela era muito magrinha, talvez porque a minha mãe passou fome na gravidez toda, ou talvez perdeu as forças porque o meu pai batia na barriga da minha mãe.
Minha irmã nasceu com a deficiência intelectual, nunca tratada adequadamente durante sua vida. Tinham dias que ela estava bem, outros que dava para ver que tinha problema na cabeça. Meu pai só chamava ela de retardada.
Quando eu tinha 7 anos minha mãe engravidou do meu irmão, o médico até pediu que ela abortasse, disse que faria isso por ela porque sabia tudo o que minha mãe passava, mas ela temente a Deus não quis, disse que criaria mais um!
Eu e meus irmãos só comíamos o que nos davam na creche, porque em casa não tinha comida. Se minha mãe reclamasse, meu pai a espancava, ele arrebentava ela toda, ele arrastava ela pelos cabelos e dava socos como se ela fosse um saco de lixo.
Lembro da gente só gritando para ele parar e eu morria de medo porque ele dizia que se nós interferíssemos nas brigas, faria o mesmo conosco.
Nós não tínhamos banheiro, nem água, nem luz, vivemos assim por muitos anos!
Às vezes, a tia da creche mandava uma marmitinha do que sobrava do almoço para que eu e meus irmãos pudéssemos comer em casa, porque senão, era só limão que tinha para a gente comer.
Às vezes minha mãe ia de casa em casa pedir um prato de comida, e muitas vezes a vizinha dava. Santa vizinha, porque se não fosse ela, não sei o que seria de nós. Dormimos muitas vezes com a barriga doendo, e lembro do frio que era no sul e não tinha cobertores para todos e dormíamos todos na mesma cama. Meu pai lembro também dele chegando de madrugada bêbado, quebrando tudo e acordando minha mãe pelos cabelos, ele odiava a gente e odiava a própria vida.
Minha mãe passou por um período difícil de depressão. Vi muitas vezes ela tentando suicídio, enchendo a boca de remédios, ela tinha raiva de viver, ela só chorava, passou uma época da vida que nos batia muito até nós torturou. Não gosto de usar esse termo, não quero que ela pareça má, mas é a verdade. Ela me queimou com cigarro, apagou ele na minha pele, tenho a marca até hoje.
Também tenho cicatriz nos lábios, de um soco que ela me deu e cortou profundamente minha boca. Eu e meus irmãos tomamos muito laço (mata leão), muito mesmo, apanhava por qualquer coisa ou motivo, mas eu não tenho mágoa da mãe porque ela era sofredora demais, a vida dela não era fácil e ela não sabia lidar com aquilo!
CASA NOVA E MAIS SOFRIMENTO
Os anos passaram, minha mãe ganhou da prefeitura uma casa, pela primeira vez tínhamos banheiro. Nossa... que maravilha! Tinha luz, tinha chuveiro, foi um sonho e ali podia ter transformado nossa vida para melhor, mas não foi assim que aconteceu. Meu pai continuava a beber, a quebrar e violentar a mãe e a nos amaldiçoar. Ele dizia que devíamos nascer mortos, que nos odiava, que tinha vontade de nos matar. Ele dizia que teria o prazer de ver nossas cabeças espalhada no asfalto. Uma vez, ele chegou louco em casa. Eu, meus irmãos e mãe estávamos jantando, a única comida que tínhamos e tomando um chá, porque eu nem sabia o que era leite. Leite era pra gente rica, enfim, ele chegou, pegou a mesa e virou tudo no chão e nós começamos a chorar, ele esfregou a cara da mãe no chão, naquela comida, nos cacos quebrados, como cachorro, disse que se nos quiséssemos comer, que comêssemos do chão.
Falou qie ia nos matar e que na próxima refeição iria colocar veneno e comeríamos e morreríamos todos juntos. Naquela noite eu dormi com uma tesoura de baixo do travesseiro, eu só tinha 10 anos, mas eu pensava que se ele viesse me matar, eu mataria ele. Com uma tesoura de cortar unha, quanta inocência a minha.
Uma família totalmente desestruturada, aí você se pergunta: "porque sua mãe não fazia nada, não mudava, não ia embora?" Ela tentava, mas ruim com ele, pior sem ele!
Com meus12 anos, minha mãe me mandou ir morar com a mulher que a tinha criado. Ela me prometeu faculdade, educação e tudo de melhor que minha mãe não podia me dar.
Minha mãe deixou eu ir, meu pai deu graças a Deus, para ele era menos um para comer e encher o saco; Fui morar com ela, alegre porque achei que tudo seria maravilhoso, mas virei a empregada que nem comia na mesa com eles. Todos comiam e eu era a última, sem falar que eu tinha que lavar a sujeira que os netos dela deixavam para depois eu ir comer.
O neto mais velho da mulher fez comigo o que o pai dele fez com minha mãe. Ele me molestou várias vezes e me beijava a força, um dia contei para a mãe dele que colocou a culpa toda em mim. Eu tinha 12 anos e era tão inocente e dali em diante nunca mais toquei no assunto porque eu achava que a culpa era minha. Minha mãe voltou para me buscar porque viu que eles não tinham mudado e as promessas eram mentiras e eles só queriam mais uma empregada. Eu nunca falei exatamente o que acontecia (dos abusos) porque eu tinha vergonha, já que eu me sentia culpada por tudo.
OS ANOS PASSAM
Eu com 16 anos engravidei para fugir de casa porque achava que a única saída era essa. Aí eles iriam ser obrigados a me deixar ir pois eu não aguentava mais a miséria e as agressões. Me juntei e em entreguei para o meu primeiro namorado, mas consegui sair daquela vida miserável.
Ao mesmo tempo que sai de casa minha irmã, ela entrou em depressão e teve diabetes tipo 1, quase morreu. Chegou a perder a visão por uma catarata que tomou conta dos olhos dela, perdeu todos os cabelos, foi um ano todo de luta para conseguir se recuperar em uma cirurgia.
Quando meu irmão tinha uns 13 anos, na última vez que meu pai bateu na mãe, ele pegou um espeto e enfiou nas costas do meu pai e falou: "na minha mãe você não bate nunca mais" e realmente meu pai NUNCA mais bateu, mas arrumou um grande inimigo dentro de casa, seu próprio filho.
Meu irmão infelizmente seguiu o mesmo caminho e começou beber, chegava em casa bêbado e ele e meu pai se atracavam no soco , porque meu irmão carregava no peito o ódio daquela vida que tivemos e ele nunca perdoou meu pai. Meu pai e meu irmão se odiavam, meu pai parou de bater na mãe mas batia muito na minha irmã, ela coitada, era um saco de pancadas, me dói no peito lembrar das cenas terríveis!
Com 18 anos ela arrumou um namorado e logo engravida como fuga, mas não deu certo e acabaram cada um para um lado e minha mãe que acabou tendo que criar a netinha.
Certa vez, apareceu uma mulher que quis vender a casa dela e minha mãe vendeu nossa casa pra comprar a casa da mulher porque era perto do meu avô, que como era velhinho precisava de muitos cuidados, minha mãe queria cuidar dele, estar mais perto, ela era assim cuidava de todo mundo , mas recebeu um golpe e acabou ficando sem a casa e sem o dinheiro, sem nada!
Minha tia deixou que eles morassem de graça na casa dela. Logo meu avô faleceu e a casa dele ficou para minha mãe, já que ela que cuidava sozinha do vovô.
Eu casada com aquele meu primeiro namorado, tive 3 filhos com ele, minha vida apesar das dificuldades era calma e tranquila, pelo menos na minha casa não existia agressão nem física nem verbal.
Minha irmã arrumou um outro namorado com quem foi morar e acabou engravidando dele, tendo a segunda filha. Mas tortura recomeçou para minha irmã e este novo marido batia muito na minha irmã. Ela voltava para casa e meu pai batia nela aí ela voltava para o marido e voltava a apanhar. Ela não era normal da cabeça, tinha problemas mas não se tratava não aceitava nenhum tratamento.
Minha irmã teve mais numa filha, e era pela filha que ela mantinha aquele casamento, porque ela sabia que meu pai não aceitava ela de volta, ainda mais com mais duas crianças. Meu pai, mesmo sabendo que o cara batia nela, ele não estava nem aí para minha irmã e para minhas sobrinhas, netas dele.
Muitas vezes meu pai e meu irmão quebravam tudo na casa brigando a socos. Meu pai batia muito na minha irmã e minha sobrinha mais velha tem essas lembranças até hoje na cabecinha.
Eu me separei e logo casei de novo e tive meu último filho, o quarto filho com meu atual marido. Um monte de coisa me fez separar do meu primeiro marido. Uma porque ele queria voltar para o Rio Grande do Sul e eu não, outra porque ele mentia demais, mas o que nos fez realmente nos separarmos, foi o fato da dona da casa onde morávamos chamar a polícia porque o aluguel não estava sendo pago, e eu achava que ele pagava todo mês, mas ele mentia, ele gastava o dinheiro que ele dizia que pagava. Ele mentia muito. Para mim foi a gota d'água. Ele voltou para o sul e eu fiquei em Santa Catarina.
Mas não gosto muito de me queixar dele, tenho 3 filhos com ele e é pai, meus filhos o amam e não tem culpa das minhas escolhas e dos meus erros!!!
ASSASSINATOS NA FAMÍLIA
Meu irmão com 22 anos de idade foi assassinado em uma briga generalizada no natal de 2016. Meu pai foi chamado e foi ele que socorreu meu irmão. Apesar de tudo que viviam, foi ele que viu e sentiu o último suspiro do filho. Foi devastador demais. Foi a pior dor que eu já tinha sentido na vida.
Eu passei a ver meu irmão aonde quer que eu estivesse. Minha mãe entrou em uma profunda depressão e eu lembro dos gritos da minha irmã ao lado do caixão dele.
Meu pai não entrou no velório mas carregou seu caixão, eu não podia acreditar, eu também entrei em depressão e eu chorava dia e noite, foi devastador a perda dele, era nosso caçula. Ele foi morto com 2 facadas, não quero colocar meu pai como monstro, como já disse, mas ele dizia "foi um embora (meu irmão) e ficou essa ai incomodando", se referindo a minha irmã, que apanhava muito do marido e ia para casa dos pais e apanhava mais ainda.
Apenas um ano e meio depois da tragédia com meu irmão, minha única irmã - na época com apenas 28 anos de vida foi assassinada pelo marido. Ela havia voltado para casa faziam 3 meses, porque na última surra ela foi parar no hospital de tão machucada que ficou, foi então que se separou dele, mas ele não aceitou a separação e a matou também com duas facadas no meio da rua e a 50 metros de onde meu irmão também havia morrido.
Eu não sei descrever a dor que foi perder ela, perder minha única irmã, minha irmã mais nova que eu, que eu vi nascer, crescer e ajudei a cuidar. Ela deixou duas crianças pequenas uma ainda usando fralda e mamadeira, meu chão caiu. Ali achei que tudo tinha acabado. Eu só pensava: "pobre da minha mãe, pobre daquelas crianças, perderam a mãe delas".
A mais nova que tinha um ano e oito meses na época, chamava a mãezinha dia e noite. Meu Deus, o que eu ia fazer, pobre da minha mãe, uma avó tão amorosa que tinha se tornado. Ela se sentia castigada e chorava dia e noite pelas mortes dos filhos mais novos.
Mais uma vez meu pai carregou o caixão mas não entrou no velório. Eu viajei por 16 horas de moto e não consegui chegar a tempo de me despedir da minha irmã, isso me dói na alma até hoje!!!
MAIS TRAGÉDIAS NA FAMÍLIA
Apenas 9 meses depois da morte de minha irmã, minha mãe que estava de carona com a vizinha, foi descer do carro enroscou o cinto de segurança no pé e caiu na rua. Naquele momento, passava uma camionete S19 e atropelou minha mãe. Ali, ela fechou os olhos e nunca mais acordou. Minha mãe entrou em coma. Ficou dois meses em coma vegetativo e também veio a falecer com apenas 50 anos, embora estivesse muito acabada com tanto sofrimento.
Eu não acreditava que estava vivendo tudo de novo, meu Deus! Minha mãe também se foi. O que seria de mim, eu fiquei desesperada: "o que tá acontecendo com minha família porque Deus está fazendo isso comigo, porque, o que eu fiz para merecer tudo isso, todo esse sofrimento?" Era só o que eu pensava!
Eu nunca vi meu pai tão triste, acabado e abatido em toda minha vida.
Meu pai carregou o caixão de minha mãe e pela primeira vez na vida eu vi ele chorar em prantos. Ele desandou, ele chorou muito e ali eu vi o quanto ele estava arrependido e sofrendo. Tenho certeza que enquanto ele carregava aquele caixão e chorava, vinha um filme na cabeça dele (eu vi nos olhos dele a dor, o sofrimento). Ele estava sentindo o que eu estava sentindo, dor, dor, dor, mas ele também sentia a culpa, o remorso e isso ele vai carregar para vida toda.
VIDA NOVA?
Eu já com meus quatro filhos, trouxe minhas duas únicas sobrinhas para morar comigo. Fiquei desempregada e desamparada por todos, me revoltei com Deus, com as pessoas, com a vida. fiquei um tempo sem falar com meu pai, ele não dava a mínima para mim, nem para as crianças, isso doía, todos se afastaram de mim, e de nós.
Estava casada e pelo menos tive o apoio do meu marido, ele sendo pai só do meu filho mais novo aguentou firme, eram 6 crianças. A mais velha na época com 13 anos, a mais nova com dois anos e meio.
Perdi o emprego e meu marido logo depois perdeu o dele e a crise se instalou ainda mais. Quando minha mãe morreu, eu nem chorava mais, eu demorei três meses para contar para as minhas sobrinhas que a segunda mãe delas também tinha morrido, eu não tinha coragem de dar essa notícia a elas, como eu poderia?
Elas estavam ainda sofrendo a morte da mãe delas, como assim a avó que cuidava dela também teria morrido? Era demais para a cabecinha delas. Eu não chorava mais porque sabia que a dor delas era comparável com a minha, elas tão pequenas e órfãs duas vezes.
Meus filhos todos devastados, eu entrei mais uma vez em depressão e não queria mais saber de nada, me sentia a pior pessoa do mundo a mais castigada, pensei pela primeira vez em suicídio, mas quem cuidaria deles se eu fizesse isso? Foi isso que ainda me mantinha em pé e viva.
Começaram a aumentar as dificuldades na nossa casa, cortaram a luz, faltava comida, vendendo tudo o que tínhamos para poder comer, as crianças só tomavam chá e bolinho de farinha, porque não tínhamos mais nada para comer, mas eu tinha medo de falar para alguém e me tomarem o único bem que me mantinha viva, eles!!!
Me calei. Meu marido me ajudava muito, apesar das brigas pelas necessidades que estávamos passando. Eu aguentei e ele também, ele por pena de mim e eu porque não tinha para onde ir.
Mas superamos isso e seguimos nosso casamento, ele é um bom padrasto e me ajuda me manter em pé, ele é um ótimo marido!
Não estudei e hoje sinto a falta que isso faz. Graças a Deus, hoje consegui um emprego e sou diarista em casa de família, ele frentista em um posto de combustíveis.
Descobri que meu filho é autista e tem deficiência intelectual, tem 10 anos e não sabe nem ler e escrever. Isso mais uma vez mexeu muito comigo por um tempinho, mas ergui a cabeça e pensei? "já passei por tanta coisa que isso não vai me derrubar".
Minha sobrinha mais velha faz acompanhamento psicológico, porque ela precisa, desenvolveu sonambulismo por causa dos traumas. Eu vivo por eles, são 6 filhos, 4 meus e 2 da barriga da minha irmã, meus presentes, minhas forças são eles!!!
Eu puxei a minha mãe, amo os animais, tenho 6 cachorros e 5 gatos, não me julguem, eu sei que não tenho condições mas não posso deixa-los na rua, meu coração não me permite.
Ainda tenho contato com meu pai, que mora no sul, na mesma casa onde todos moravam. Ele também tem vários cachorros, ele mudou muito, hoje me trata muito bem, vive sozinho e falando sempre por telefone. Ele é daquele jeito dele, grosso, mas talvez ele passou muita coisa na vida e sofreu muito, e não sabe como agir.
Meu pai é um homem que deixou o álcool tomar conta da vida dele, mas o tempo e as dores parecem que o recuperaram. Eu o amo, quero ver ele feliz, apesar da distancia que vivemos eu sei que ele não me deseja o mal, nem eu a ele.
Hoje só tenho minha família aqui, e vivo por eles, mas desejo que meu pai tenha paz saúde e seja muito feliz , eu nunca pedi nada a ele porque sei que ele mal tem para ele mesmo, eu o perdoei de coração.
Hoje trabalho e sonho construir um quarto para as crianças, os quatro menores dormem no mesmo quarto ainda, na verdade um puxadinho que a gente fez de madeira. Às vezes chove forte e molha as camas, mas tem quem não tem nem aonde morar e somos gratos pelo que temos.
Bom, essa é minha história, apesar de tudo, não estou aqui para me vitimizar, mas quero sim dar uma vida melhor para meus filhos. Não estou implorando, mas quem puder nos ajudar, serei muito grata.
Poupança
24086-0
Agência 3298
CPF e pix 027.283.521-86
Marcia Francieli Pereira da Cruz
Aproveito para agradecer de coração a oportunidade que o jornalista Pery nos deu para eu contar um pouco da minha história, e que Deus abençoe à todos abundantemente.