A automutilação é um comportamento
intencional de agressão direta ao próprio corpo, por qualquer meio, sem
ligação direta ou imediata com a ideia de suicídio, mas até pode evoluir
para ela. Essa intenção muitas vezes é de motivação inconsciente. Por
mais que esse comportamento seja conhecido e esteja muito comum entre
jovens, ele ainda não é compreendido por muitas pessoas, que afirmam ser
uma atitude para chamar atenção ou de revolta ou transgressão. Na
verdade, é preciso entender que a autoagressão e a automutilação são
comportamentos adoecidos e que mostram que aquele sujeito encontra-se em
conflito psíquico e precisa rever questões pessoais, tendo muitas vezes
que buscar ajuda profissional.
Esse comportamento tem se
tornado muito comum entre os adolescentes que vivendo algum problema ou
batalha interna acabam se punindo e se auto agredindo como forma de
externalizar esse conflito e seu próprio sofrimento. É preciso dar
atenção a esta situação que pode começar de forma não tão grave, mas
pode evoluir para um adoecimento profundo e perigoso.
Os motivos
e causas desse tipo de alteração são variados e cada pessoa tem na sua
história pessoal e no seu momento de vida as explicações que justificam
esses comportamentos. Normalmente esse problema está ligado a questões e
problemas familiares, repressão e falta de diálogo dos pais, questões
ligadas à baixa autoestima e a autoconfiança, questões ligadas à
identidade e a sexualidade e também podem se relacionar à depressão ou
algum sofrimento íntimo.
O mais importante é que você jovem, que
passa por esta situação, busque ajuda. Saiba que pode não ser uma boa
você se expor ou se abrir pela internet, ou nas redes sociais, pois ali
têm pessoas que podem até te levar a uma piora ou contribuir para
ampliar o seu sofrimento. O melhor é buscar em pessoas próximas, como
seu pais, algum amigo ou parente que você confie, a orientação e a ajuda
correta.
E a você pai, mãe ou responsável por este adolescente
que vive essa situação, não julgue; AJUDE! Saiba que ninguém se machuca
porque gosta, mas porque não está bem e precisa de compreensão e
cuidado. Busque observar, escutar e agir, pois isso pode piorar e
colocar a integridade desse jovem em risco. Vivemos em um mundo em
transição, que está confuso e perigoso em muitos aspectos e vemos isso
se refletir em nossos jovens. Vamos contribuir para uma geração saudável
e equilibrada.
Alan Christi - Psicólogo, coordenador do programa a atendimento a pessoas com deficiência física de Maricá