Em ano de crise, noivos cortam listas de convidados e adiam casamentos
G1 ouviu casais na feira Expo Noivas & Festas, em São Paulo.
Noivos contam que muitos preços são bem mais altos do que imaginavam.
Em uma feira do setor de casamentos em São Paulo, um casal olha um catálogo de convites e escolhe um modelo. “Esse custa R$ 1.280”, diz o vendedor, se referindo ao preço de 100 unidades. Os olhos do casal se arregalam. Eles então dizem que vão dar uma volta pela feira. “A gente parcela em três vezes”, insiste o vendedor. “Mas é que a gente não queria gastar tanto assim em convites”, finaliza o noivo.
Anderson Faria Caetano, de 28 anos, e Amanda Reis, de 29, vão se casar em dezembro. Eles contam que o preço dos convites era muito maior do eles que esperavam - e não só desses itens, mas de quase tudo. O G1 esteve na Expo Noivas & Festas, que vai até o dia 29 em São Paulo, e ouviu relatos de noivos que estão se apertando para fazer a festa dos sonhos mesmo em ano de crise.
Rodney Neves, de 29 anos, e Dominique Pereira, de 26, também reclamam que os preços dos produtos e serviços do mercado de casamentos estão muito maiores do que esperavam. Com casamento marcado para setembro de 2017, eles venderam um carro para custear “uma parte” da festa, como conta Dominique.
Só para os mais chegados
A redução na lista de convidados foi praticamente unânime entre os noivos ouvidos pelo G1 como estratégia para reduzir o valor total gasto na festa.
Anderson e Amanda, por exemplo, começaram os planos com uma lista de 280 convidados. O número caiu para 130. “A gente foi enxugando ao máximo. Estamos chamando só os mais próximos. Ficou mais a família mesmo”, diz o noivo. “Ia chamar os colegas do trabalho, mas agora só vou chamar um deles. Melhor até convidá-lo para comer uma pizza em casa para não entregar o convite na frente dos outros”, brinca.
Já Dominique e Rodney cortaram a lista de convidados de 330 nomes para 200. “Eu ainda queria menos que isso, mas a família dele é muito grande”, conta a noiva.
Os noivos Fahad Ali Ismail, de 31 anos, e Michaele Silva Barroso, de 30, também reduziram o número de convidados da festa de seu casamento, marcado para outubro, de 350 para 250. Eles ainda comemoram o desconto de 50% que conseguiram no buffet.
“A gente chorou desconto, jogou o preço lá em baixo, eles não aceitaram. Esperamos até o último dia de 2015. Eu sou comerciante, sei como são essas coisas. Eles precisam bater a meta. Então, esperamos até dezembro. Foi quando eles ligaram de volta e fechamos por aquele valor”, conta Fahad. O preço caiu de R$ 112 mil para R$ 72 mil. Os gastos com a festa estão dentro do orçamento planejado, mas o noivo reclama. “Casamento é tudo muito caro. Parece que eles cobram o sentimento”, diz.
Raquel Nóbrega, de 33 anos, e Rodrigo Figueiredo, de 25, pretendem se casar daqui a dois anos e ainda não fecharam a lista de convidados, mas já consideram a ideia de reduzir o número de pessoas que planejam chamar se a festa começar a ficar cara demais. “Estamos montando a casa ao mesmo tempo, e isso é prioridade”, diz Rodrigo.
Enquanto o noivo conta que a previsão de gastos totais só com a festa é entre R$ 60 mil e R$ 70 mil, Raquel brinca e imita o movimento de uma “facada” no peito.
Já a lista do casamento de Alexandre Padovani, de 35 anos, e Juliana Ochiai, de 33, se manteve com as 300 pessoas que eles fazem questão de convidar para a festa, em outubro. Para não cortar convidados, eles optaram por deixar alguns itens de lado.
“O que não é ‘obrigatório’ a gente está pesquisando bastante. Ou é máquina de fotos ou é chinelo para os convidados, por exemplo”, diz a noiva. “Também tivemos que cortar a banda e vamos ficar com um DJ, que é mais barato. Tudo para manter a lista de convidados”, diz Alexandre.
Adiar para planejar
O G1 ouviu de alguns casais que, após o susto inicial com os valores de uma festa de casamento, a forma encontrada para não abrir mão da “festa dos sonhos” foi adiá-la e priorizar a montagem da casa nova.
Esse foi o caso de Thiago Vieira, de 32 anos, e Ana Carolina Nunes, de 30. Há cerca de 1 ano e meio, o casal começou a planejar uma festa de casamento e decidiu esperar um pouco mais. “A gente viu que era muito caro e resolveu esperar”, diz Thiago. “Guardamos dinheiro até este ano para conseguir fazer do jeito que a gente queria”, conta Ana Carolina. Os dois já montaram casa e moram juntos.
Após adiar o casamento por 1 ano e meio, Thiago e Ana Carolina contam que conseguiram se organizar melhor
O noivo ainda comenta que, além da vantagem do dinheiro guardado, percebeu que os preços de alguns serviços acabaram caindo. “A gente sempre quis casar em um sítio. Tínhamos ido ver antes um lugar do jeito que a gente queria. Agora, o preço no mesmo lugar diminuiu perto de 20%.”
Dominique e Rodney também adiaram o casamento para juntar mais dinheiro para a festa, e ainda aproveitaram para quitar dívidas para montar a nova casa antes de pensar em novas despesas. “A gente se preparou antes. Já pagamos financiamento, reforma, fomos morar juntos. Para fazer isso e festa ao mesmo tempo, ou é preciso ter uma renda muito grande ou tem que jogar para frente mesmo”, diz Rodney.