"Após 5 meses de internação, tento traduzir em palavras o que foi viver esse tempo dentro de um quarto de hospital.
Foram noites frias, escuras e longas; houve momentos em que pensei que não iria conseguir sair. Tive que retirar o dispositivo que me trazia um pouco de qualidade de vida: a infecção atingiu a bomba de morfina e o que era sonho virou pesadelo. Hoje sigo sem ela, dependente de cuidados paliativos que nem chegam perto do alívio que eu tinha antes.
Alex, meu companheiro, se dividia entre hospital e casa. Ele saiu do papel de acompanhante para se tornar meu guerreiro diário — briga, luta e não aceita que algo me prejudique. Se existe alguém que me dá forças quando tudo desaba, esse alguém é ele.
As dores me consumiam pelos dias e pelas noites; a incerteza de uma nova cirurgia cardíaca sempre paira no ar. É cruel ouvir “você precisa”, quando ao mesmo tempo dizem que, se fizer, as chances de ir a óbito aumentam. E aí? O que fazer quando temos que escolher entre viver com dor e arriscar tudo numa mesa de cirurgia?
Carrego um vazio no peito que tem nome: saudade. Saudade das pequenas coisas que a doença foi tirando — dos abraços mais demorados, das conversas sem pressa, de uma vida que agora observo de longe. Esses cinco meses me ensinaram a valorizar o presente e a entender que o tempo é frágil demais para ser desperdiçado.
Dizem que se conselho fosse bom se vendia, mas eu deixo o meu: vivam. Vivam o que eu não consigo viver agora. Fiquem perto das pessoas que amam, chamem mais os seus filhos para perto, abracem sem medo — porque no fim, a gente nunca sabe quando o show acaba e a cortina se fecha pela última vez.
Tenho muito para compartilhar com vocês sobre tudo o que vivi nesses cinco meses — histórias, medos, aprendizados, detalhes que marcam a alma —, mas preciso digerir cada instante antes de falar tudo. Cada momento foi intenso demais; preciso de um tempo para organizar o que ficou aqui dentro e transformar em palavras que façam justiça ao que vivi.
Enquanto isso, peço que continuem comigo em pensamento e oração. A presença de vocês ilumina as noites mais escuras e me lembra que, mesmo no cansaço, não estou sozinha.
Obrigada por cada mensagem, cada corrente de fé — vocês são a luz na minha vida."
O texto acima, foi escrito e publicado por Flávia (uma grande mulher, uma grande guerreira) em sua rede social Facebook na tarde da segunda feira 22 de setembro.
Seus amigos, conhecidos, admiradores e com certeza, TODA A POPULAÇÃO DE MARICÁ, torcem para sua pronta recuperação. Queremos te ver em breve, brindando sua cura conosco!
Que Deus continue te iluminando e te dando forças!