Chegou um momento na minha vida em que deixei de querer vencer discussões, provar pontos de vista ou insistir bater em portas fechadas. Não foi por cansaço, mas por clareza.
Há batalhas que simplesmente não valem a energia que custam. Prefiro o silêncio à provocação, o afastamento à presença forçada, a paz interna ao orgulho ferido.
Parei de me dobrar para caber em lugares estreitos ou fazer sala para quem só aparece quando precisa. Cansei-me de traduzir a minha essência para agradar a expectativas alheias.
Não me interessa mais parecer interessante. Só quero ser verdadeira e fico apenas onde há troca, afeto espontâneo e conversas que expandem.
Saio sem culpa de mesas onde reina uma competição disfarçada de amizade. Já não me comove o brilho superficial, nem me seduz a autoridade vestida de arrogância.
Aprendi a distinguir a profundidade daquilo que é apenas ruído. Não quero perfeição. Quero presença. Quero vínculos que se sustentem no tempo, mesmo com falhas, desde que haja sempre e acima de tudo respeito.
Quero pessoas que me olhem nos olhos, que não fogem dos afetos, que não usam palavras como armas. Se isso é ser seletivo, que seja.
Não é seguramente superioridade. É antes cuidado, porque aprendi, com algum sofrimento à mistura, que há um tipo de leveza que só logrei conquistar quando parei de carregar o peso dos outros nas minhas costas.
E é nela que escolhi ficar. Simples assim.
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