Delegada disse que 'não há dúvida de que menina foi obrigada durante todo o ato'
Juliana Amorim, delegada da DCAV |
Cerca de um ano após o estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Morro da Barão, na Praça Seca, imagens de um novo caso chocaram muita gente nesta sexta-feira na Internet.
A vítima, de apenas 12 anos, aparece em um vídeo sendo violentada por quatro jovens. Ainda não se sabe se os estupradores são menores. O crime teria ocorrido no último fim de semana, em uma comunidade da Baixada Fluminense. A Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCav) investiga o caso após a denúncia da tia da menina, que teria descoberto o crime apenas nesta secta, pela divulgação no Facebook.
No vídeo, que a delegada descreveu como ‘grotesco’, ‘hediondo’ e ‘nefasto’, é possível ouvir a fala: ‘Cala a boca, se alguém ouvir sua voz vai saber que é ‘tu’’’. “Não há dúvida alguma que a vítima foi obrigada, desde o início, a todo o ato. Você vê na gravação o temor dela, os gritos de pavor. Isso comove qualquer um”, disse a delegada Juliana Amorim, titular da especializada.
A adolescente e sua mãe devem prestar depoimento segunda-feira. “A menina está em pânico e não quer ficar mais onde mora. Quem sofre o estupro se sente culpada, reprimida, e não quer denunciar”, disse ela, que pediu a inclusão da vítima no PPCAM — Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte.
"Quem compartilha esse vídeo compartilha o sofrimento dela e pode ser preso por até quatro anos"
Juliana Amorim, delegada
A delegada ressaltou que qualquer pessoa que armazenar e compartilhar as imagens pode ser penalizado com até quatro anos de prisão. “A Polícia Civil está vendo quem compartilha isso. Além de você compartilhar o sofrimento, algo totalmente desumano, consiste em crime”, reforçou.
A DCAV deve pedir ainda a colaboração da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) para a retirada do vídeo das redes sociais. O Código Penal define qualquer ato libidinoso com menores de 13 anos como estupro de vulnerável, mas a titular da DCav ressaltou a violência com que a menina foi forçada ao ato.
Os quatro homens vistos no vídeo devem responder por estupro de vulnerável, crime passível de pena de oito a 15 anos de prisão. O autor da filmagem também deve ser penalizado com até oito anos. Os administradores da página que divulgaram inicialmente o vídeo também cometeram um crime.
No ano passado, uma adolescente de 16 anos foi vítima de um estupro coletivo no Morro do Barão, na Praça Seca. As suspeitas inciais davam conta de 30 homens participando do crime, mas três foram acusados. Dois criminosos foram presos em fevereiro; em março, o estuprador foragido foi capturado.