No dia 26 de setembro de 1931 nascia em São Gonçalo (RJ), Maria Guedes Garcia filha de Alzira de Andrade Guedes e Luiz Pinto Guedes, numa família de 10 filhos.
Maria na infância teve tuberculose óssea ficando internada durante toda sua infância no Hospital Menino Jesus no bairro de Vila Isabel na cidade do Rio de Janeiro. Após perder a rótula do joelho e ter passado por diversas cirurgias em sua perna, o médico informou que ela poderia ter no máximo de 2 a 3 filhos.
Maria aos 17 anos de idade conhece Josué e no mesmo ano se casam. Desse matrimônio nasceram sete filhos, contrariando seu laudo médico, por forçar sua perna.
Criou os filhos com muito amor e dedicação. Família carente financeiramente mas transbordante em amor. Quando nasceu a última filha Adriana, Maria e Josué se separaram pois a relação estava desgastada e já tinham passado por alguns problemas na união deles.
Infelizmente um dos seus filhos aos 60 anos se foi com câncer no estômago, o único e amado filho homem chamado Josué que tinha o mesmo nome do pai. Maria Guedes suportou uma das maiores dores que uma mulher pode suportar: perder seu filho.
O tempo passou, ela sempre presente e no cuidado de unir a família, fez isso com muita dignidade, força, garra e com louvor. Chegou a idade e aos 89 anos o Alzheimer. Como foi dolorido, vê-la querendo a casa de sua mãe, os seus irmãos, arrumando as malas todas as noites. Um misto de sentimentos...
Após morar com duas filhas, por fim ela foi morar em Alcântara com sua neta Mariana (filha de Adriana) com que era muito agarrada desde que nasceu. Certo dia, ela com sua cuidadora na casa da neta e que já tratava de uma osteoporose da idade (já com 93 anos), quebrou seu fêmur quando se virou. Ela que sempre tomou cálcio, casca de ovo, queijo, sempre se cuidou e foi muito bem cuidada, mas a idade, a fragilidade levou a esse incidente.
Passou por duas UPAS (Colubandê em São Gonçalo e Inoã em Maricá) que não viram que se tratava de uma fratura de fêmur. Na segunda (a de Inoã) chegou desorientada tamanha a dor.
Como não foi devidamente atendida e diagnosticada, sua filha Adriana a levou para a sua casa também em Inoã e percebeu os espasmos musculares à noite, o que a fez ir cedo, na manhã seguinte para o Hospital Municipal Conde Modesto Leal.
Nesse dia (09/11/24) milagrosamente, Maria Guedes com fêmur já quebrado, conseguiu ficar de pé. Foram para o hospital, ela com sua boneca no colo que chamava de Mariana (em homenagem a sua netinha amada).
Chegando no Conde, foi atendida e após raio X viram o fêmur quebrado e a internaram de imediato.
No primeiro dia de internação, sua neta Mariana quis ficar com ela, ela estava feliz, passou batom, usou blusa, cantou...
Já na segunda noite foi sua filha Adriana que ficou com Maria. Mas a saturação dela começou a cair e precisou usar o oxigênio. Toda família se abrigou no hospital, revezando do lado de fora e do lado de dentro
Maria Guedes estava internada em uma das enfermarias do Conde, sendo acompanhada pelo clínico geral e pelo ortopedista.
Foi então que aconteceu a primeira convulsão e o quadro de saúde foi se agravando. Em seus momentos de consciência Maria Guedes conseguia abençoar todos os filhos, em especial sua neta Mariana, abençoando os filhos que viriam. Mariana não tinha filhos há 15 anos, e o pequeno Emanuel (abençoado por sua bisavô) nasceu no dia 09 de janeiro.
Após a benção na sua descendência, Maria Guedes entrou em um quadro grave de saúde e no dia 15/11 foi transferida para o SETOR DE CUIDADOS PALEATIVOS dirigido pelo Dr. Gabriel, com toda família ainda se abrigando no hospital, se revezando do lado de fora e do lado de dentro, mas agora com cuidados mais intensificados para a paciente em fase terminal e a família, pois neste setor, por determinação do diretor técnico do Hospital e do Dr. Gabriel (paleativista), o paciente e sua família determinam o que acontecerá em seus últimos momentos para que a passagem seja a menos dolorida possível.
"Sua última palavra foi HONRA. Sim ela honrou todos que conheceu e ensinou a honrar também. Por isso queremos honrar o Doutor Gabriel que foi incrível nos acolhendo num momento tão difícil, trazendo dignidade para nossa mãe e avó. Fez de um momento tão difícil, um momento leve. Nossa mãe, avó se foi... sem dor, com amor, tomou sorvete de creme que tanto amava, recebeu o carinho de todos e o amor através do afeto e declarações de amor, além de todo cuidado especial da equipe médica que realizou os últimos desejos da nossa mãe e avó.
Tudo que ensinou, voltou para ela. Foi toda uma família acertando e acordando com Doutor Gabriel uma passagem humanizada e tranquila. Dignidade na partida e na despedida. Nossa mãe e avó faleceu na manhã do dia 18 de novembro Fica aqui nossa Gratidão da Família Guedes Garcia!" descreveu e declarou Adriana.
"Gostaria de ressaltar todo cuidado e carinho de todos os funcionários do Conde desde do segurança, a equipe de enfermagem e os médicos. Todos muito atenciosos. O Serviço Social, quanta humanidade, sensibilidade e profissionalismo. Todos dirigidos pelo diretor técnico do hospital, Dr. Thiago.
Filhos, netos e bisnetos estavam sempre presentes, inclusive no momento final. Ela amou conhecer seus tataranetos", finalizou emocionada Adriana Garcia Muniz, a caçula de D. Maria Guedes.
Conhecemos Adriana durante a gravação de uma reportagem sobre as mudanças no Hospital Conde Modesto Leal, que o diretor técnico da unidade. Dr. Thiago Keiy Sugimoto, vem realizando na principal unidade de saúde de Maricá.
Uma destas realizações, é justamente o SETOR DE CUIDADOS PALEATIVOS, dirigido pelo Dr. Gabriel (confira vídeo abaixo) e foi exatamente no momento que conversávamos com Gabriel que explicava orgulhoso sobre seu trabalho e os métodos aplicados no setor, que a bela Adriana aparece, agradecendo mais uma vez a atenção dispensada à sua mãe e à toda sua família e concluiu dizendo uma frase muito pouco comum de ser ouvida em uma passagem e muito menos dentro de um hospital: MINHA MÃE TEVE UMA MORTE LINDA!
Fotos: arquivo da família Garcia
Realização: PR PRODUÇÕES